Feliz és tu que não precisas fechar os olhos para ver tua mãe

Feliz és tu que não precisas fechar os olhos para ver tua mãe

Luiz Coronel

publicidade

Da janela avistas

o seu passo brando.

 

Ela deita a toalha

sobre a mesa

com o mesmo gesto

com que estendia

o cobertor sobre teu corpo

na noite fria.

 

Há um menino travesso

no porta-retratos. És tu.

 

Aquele tapete silenciava

teu passo

quando chegavas tarde,

e a luz do quarto amanhecia.

 

Deixas a casa materna

e percebes que ela caminha

até as persianas,

acompanhando teu passo.

 

Como sempre,

a vida te espera

aqui fora

com sua gangorra

de envolvimentos.

 

Foi apenas uma visita.

 

Levas contigo a certeza

de que o amor

reina no mundo,

pois tens a mãe

que Deus te deu.

 

E não precisas fechar

os olhos para encontrá-la.    


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895