Central para o mundo

Se você ainda não assistiu ao longa brasileiro “Central do Brasil”, assista. Se você já assistiu, assista de novo. Os filmes não mudam. Quem muda somos nós. E, ao completar seus 25 anos esta semana, mais precisamente no último dia 3, o trabalho dirigido e produzido pelo cineasta brasileiro Walter Salles e escrito por João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, segue atual e visceral. Transpôs fronteiras, como poucos filmes brasileiros daqueles tempos idos de 1998, e venceu diversos prêmios em festivais espalhados pelo mundo. Fica na memória também por ter recebido nomeação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e melhor Atriz, em 1999. No ano anterior o filme conquistou no Festival de Cinema de Berlim um Urso de Ouro e um Urso de Prata pela atuação de Fernanda, no papel de Dora, ex-professora que complementa a renda escrevendo cartas para analfabetos na Estação Central do Brasil.

A produção venceu ainda o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e teve indicação de Melhor Atriz em Filme Dramático. Não levou nenhum deles. O prêmio de Melhor Filme Estrangeiro foi conquistado na competição da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (Bafta), considerado o Oscar Britânico. Na corrida do Oscar, Fernanda perdeu para a Gwyneth Paltrow, de “Shakespeare Apaixonado”, que levou também o de Melhor Filme. Sobre a melhor atriz houve controvérsias, e não somente no Brasil. Mas não foi só o trabalho de Fernanda que encantou e deixou marcas. Seu elenco de apoio com Marília Pêra, Matheus Nachtergaele e Caio Junqueira, entre outros, deu show.

Quem já viu lembra que a história é protagonizada pelo ator mirim Vinícius de Oliveira. Ele vive Josué, o jovem cuja mãe, uma das clientes de Dora, acaba morrendo em um acidente de ônibus. A criança fica desabrigada e abandonada na estação. Com sua potência dramática, Fernanda constrói a Dora que reluta em ajudar, mas acaba se juntando ao menino em busca de seu pai em uma viagem pelo interior do nordeste. Daí o road movie se constitui, colocando na tela situações inesquecíveis.