Cinema negro

 Na semana em que se celebra a Consciência Negra, vale dar uma olhada em uma das novidades que chegou, recentemente ao streaming. Repleto de conteúdo e relatos potentes, o documentário “A História do Cinema Negro nos EUA”, na Netflix, é daqueles necessários para conhecer parte importante do universo audiovisual e, neste caso, da relação com a produção do cinema negro. Com o provocativo título original de “Is That Black Enough For You?!?”, a produção foca na “evolução e revolução do cinema afro-americano”, das origens à Blaxploitation dos anos 70. São relatos de grandes estrelas deste cinema negro, em seus diferentes momentos.

Trabalho realizado sob a batuta do crítico de cinema e historiador norte-americano Elvis Mitchel, que assina a roteirização, direção e narração do documentário. Mas a produção conta com nomes de ainda mais peso, como David Fincher, Steven Soderbergh, Angus Wall e Ciara Lacy. Para compor este fundamental mosaico histórico, passam pela tela, em depoimentos fortes e reveladores, nomes como Harry Belafonte, Samuel L. Jackson, Zendaya, Laurence Fishburne, Whoopi Goldberg, Charles Burnett, Suzanne De Passe e Margaret Avery, entre outros. Há, sem dúvida, um tom muito pessoal nas escolhas e na direção que o documentário vai tomando. As análises históricas passam pela vida e obra de personalidades que vão de Sidney Poitier a Martin Luther King. Aponta momentos em que a produção deste cinema foi marcante, crescente e pulsante. E também expõe momentos mais difíceis que precederam um certo declínio das produções.

Fica explícita a importante contribuição afro-americana para os filmes lançados da era marcante dos anos 1970. Os impactos culturais, econômicos e até políticos envolvendo alguns dos nomes fortes do cinema negro, também ganham força no decorrer do documentário. Entre os momentos intensos, Whoopi Goldberg faz profundas reflexões sobre a realidade das atuações e contratos, tanto os seus, quanto de colegas. Este e outros momentos ricos integram o documentário “A História do Cinema Negro nos EUA”, que estava em produção há mais de 20 anos e estreou mundialmente no New York Film Festival 2022.