Estratégia para o Oscar

Estratégia para o Oscar

Marcos Santuario

Diretor Kleber Mendonça Filho e a equipe do documentário "Retratos Fantasmas" durante o Festival de Gramado, em agosto

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Até o senso comum já entendeu: não basta ter boa repercussão em seu país para que um filme feito fora dos EUA conquiste um lugar na cobiçada lista final do Oscar. As estratégias para alcançar este lugar devem ser traçadas com tempo e recursos. Uma das seis produções que integra a short list da Academia Brasileira de Cinema como um dos filmes para representar o Brasil no Oscar 2024, “Retratos Fantasmas”, dirigido e escrito por Kleber Mendonça Filho e produzido por Emilie Lesclaux, saiu na frente. Eles contrataram a distribuidora americana Grasshopper para promover o lançamento nos EUA. 


Baseada na repercussão internacional do longa, que estreou na Seleção Oficial do Festival de Cannes e fez sua première no Brasil abrindo a edição deste ano do Festival de Cinema de Gramado, a distribuidora contratou a Cinetic Marketing, empresa líder na temporada de premiações e campanhas para o Oscar dos últimos anos. Para se ter uma ideia, na cerimônia de 2023 da Academia, a Cinetic teve 18 vitórias para filmes que divulgou incluindo as principais categorias, além de Filme Estrangeiro, Animação e Documentário. Não é pouca coisa, e revela acertos feitos nesta trajetória. E para quem "acha" que documentário não tem chance aí vai o dado: nos últimos três anos, três documentários foram indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: “Flee – Nenhum lugar para chamar de lar”, de Jonas Poher Rasmussen; “Honeyland”, de Tamara Kotvska e Ljubomir Stefanov; e “Collective”, de Alexander Nanau.

Outra parte da estratégia é chegar nas telas norte-americanas. Por isso, lá, "Retratos Fantasmas” vai estrear nos cinemas após o Festival de Cinema de Nova Iorque (NYFF), onde faz parte da seleção principal. Antes, será exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), tradicional evento que traz as apostas de filmes para a temporada de prêmios. Claro que, além do talento criativo do diretor, a obra conta com o certeiro trabalho da produtora Emilie Lesclaux, que já fez mais de 1,5 milhão de espectadores no Brasil com os longas “Bacurau”, “Aquarius” e “O Som ao Redor”, e que produziu mais de 10 filmes no país. Hoje “Retratos Fantasmas” é o documentário brasileiro mais visto dos últimos cinco anos, devendo superar, em breve a marca dos 40 mil espectadores. Uma estatueta dourada também lhe cairia bem.<VS10.5>

 


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