Globo de Ouro sem Brasil

Globo de Ouro sem Brasil

Marcos Santuario

Produção 'Argentina 1985', com Ricardo Darín e Juan Pedro Lanzani

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No dia 10 de janeiro de 2023, a Associação dos Correspondentes Estrangeiros em Hollywood entrega os prêmios aos vencedores do Globo de Ouro, um dos mais importantes e antigos do mundo cinematográficos. Novamente, a premiação parece esquecer de olhar para um universo audiovisual mais amplo. Que pena! Perdem a oportunidade de conhecer e reconhecer obras criativas, instigantes e representativas de outras realidades mundiais. A realidade é que são poucos os selecionados para esta edição do prêmio que sejam provenientes da Europa, Ásia e América Latina. 

Há nomes que, de alguma forma, estão ligados ao continente latino-americano. Entre eles a cubana Ana de Armas, potente como a Marilyn Monroe de “Blonde”; os argentinos Santiago Mitre e Ricardo Darín, dupla de diretor e ator do aplaudido “Argentina 1985” (foto); e os mexicanos Guillermo del Toro, elogiado por sua impactante versão de “Pinocchio”, e Diego Luna, homenageado recentemente pelos Prêmios Platino, competindo agora no Globo de Ouro por seu trabalho em “Andor”, série da Disney+. A lista de selecionados também ignorou as produções brasileiras, apesar de ter brasileiros votantes. Não tomaram em conta ou não viram o excelente trabalho do diretor mineiro Gabriel Martins em “Marte Um”, vendedor de prêmios no Brasil e no exterior, incluindo o do Festival de Cinema de Gramado, e representante brasileiro à vaga para o Oscar de Filme Internacional. 
Sobreviveram na corrida ao Globo de Ouro de melhor filme internacional “Argentina 1985”, de Mitre; o indiano “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”; o alemão “Nada de Novo no Front”; o sulcoreano “Decisão de Partir”; e o belga “Close”. Neste universo de escolhas dos correspondentes estrangeiros em Hollywood a produção campeã de indicações foi “The Banshees de Inisherin”, escrita e realizada pelo britânico Martin McDonagh, diretor que já ganhou Bafta e foi indicado ao Oscar, aplaudido também por “Três Anúncios Para um Crime”. Com estas escolhas, o Globo de Ouro será novamente observado de perto, depois de vivenciar tremenda crise de credibilidade e sair de muitas grades de programação televisivas. É a busca de resgatar um prestígio que já teve. Mas não será fácil, caso sigam ignorando o que ignoram.


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