Por trás do mito

Por trás do mito

Produção "Blonde" estreou na Netflix e trata da vida do ícone Marilyn Monroe

Marcos Santuario

Ana de Armas vive a icônica loira Marilyn Monroe em "Blonde"

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Cinco anos antes do surgimento do Caderno de Sábado, do Correio do Povo, falecia, aos 36 anos, uma das mulheres que se tornaria um mito no mundo do entretenimento. Nascida em 1º de junho de 1926, Norma Jeane Mortenson se transformaria em Marilyn Monroe, para ser eternamente lembrada pelos fãs e por aqueles que vão descobrindo a intensidade do real e do imaginário que compõem a história do mito. Não é a toa que hoje, 60 anos depois de sua morte, uma das produções cinematográficas mais destacadas do mundo, que estreou na última quarta-feira na plataforma Netflix, se centra na vida da moça. Assisti.

Um dos detalhes mais interessantes é que o ponto de vista predominante na obra não é do público e nem da indústria que criou Marilyn Monroe. O diretor Andrew Dominik se propôs a dirigir “Blonde”, adaptação para o cinema do livro homônimo da norte-americana Joyce Carol Oates, focando na figura humana que deu vida e foi consumida por Monroe. A Norma criança surge atormentada pelo comportamento violento e desequilibrado da mãe. O preto e branco escolhido para envolver-nos, sobretudo no passado da estrela, intensifica a experiência estética, mas mantém a força dramática à medida em que a jovem cresce.
Joyce Carol já disse que a biografia que escreveu, em 2000, não se trata de uma história absolutamente documental, mas sim de uma ficção. A atriz de origem cubana Ana de Armas, de 34 anos, transborda vigor na atuação. Vive com potência e vigor a loira fatal e, em outros momentos, a Norma desamparada e meio perdida. Mesmo baseada em uma ficção, “Blondie” traz uma história real, pesando aqui a própria redundância. As cenas que poderiam pesar no conjunto de sexo, drogas e rock and roll se tornaram mais sutis, incluindo a com o “Mr. President”. Tudo parece gerar mais desgosto do que prazer, o que fica expresso no olhar e na aura encarnados por Ana. Fica patente a inteligência subestimada da mulher, e os abusos, a hipersexualização e a superexposição da estrela. Assim como Norma incorpora Marilyn, Ana incorporou as duas. Na première do filme no Festival de Veneza 2022, já apontou ser obra para não esquecer.

 


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