Base não é apenas matemática

Base não é apenas matemática

Diferente do primeiro mandato, Leite não deverá contar com uma ampla maioria de deputados aliados. Costuras políticas devem ocorrer

Taline Oppitz

Plenário da Assembleia Legislativa gaúcha, onde os deputados discutem e votam os projetos

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Com as principais reformas estruturantes colocadas em prática no primeiro mandato, o governador eleito Eduardo Leite (PSDB), e seu vice Gabriel Souza (MDB), assumirão o Piratini em 1º de janeiro de 2023 ainda com desafios consideráveis pela frente. Há necessidade de avanços urgentes em áreas essenciais como educação e saúde e a próxima legislatura na Assembleia não será tão cômoda para o tucano.

Em sua primeira administração, Leite contava com uma ampla base aliada, integrada por 40 deputados. O número foi ainda diversas vezes reforçado pelos votos dos dois parlamentares da bancada do Novo, partido independente, mas que compartilhava de muitas das bandeiras e planos do governador. O cenário inicial, agora, é outro. Segundo reportagem do Correio do Povo, os seis partidos que integram a coligação de Leite desde o primeiro turno elegeram o total de 17 dos 55 deputados estaduais.

A representação da oposição também precisa ser observada. A federação liderada pelo PT conquistou 12 cadeiras na Assembleia e o PSol elegeu mais dois deputados, somando 14 parlamentares. Partidos como o PP, que terá sete parlamentares e o Republicanos, com cinco, serão procurados e podem garantir votos para o governo. O PDT e o PSB, que abriram apoio a Leite no segundo turno, também podem auxiliar, especialmente em planos envolvendo a educação, que, segundo o governador eleito, será a prioridade de sua nova gestão no Palácio Piratini. Trabalhistas vincularam seu apoio ao compromissos de Leite com a área.

Na Assembleia, assim como no Congresso, partidos se movimentam de acordo com os ventos e apoios não podem ser reduzidos apenas à matemática. Alguns movimentos já começam a ocorrer nos bastidores, mas avanços efetivos terão início apenas com a volta de Leite ao Rio Grande do Sul, em dezembro. O tucano cumpriu uma série de compromissos e reservou alguns dias de descanso. A transição segue em andamento sob a coordenação de Gabriel Souza. 

Rodízio fechado

Partidos e parlamentares não perdem tempo para estabelecer o tradicional acordo político de rodízio na presidência da Assembleia gaúcha: irão compartilhar o comando do Legislativo gaúcho o PT, MDB, PP e o Republicanos. No MDB, Juvir Costella e Vilmar Zanchin são os principais cotados. Sérgio Peres no Republicanos. Os demais ainda negociam detalhes das indicações. 

Resquícios da eleição 

Após as eleições, o clima e o tensionamento costumam ser consideravelmente reduzidos. Em alguns casos, no entanto, a atuação de políticos durante a campanha pode deixar marcas. No rachado MDB, partido do vice-governador eleito, pode ocorrer movimento envolvendo apenas dois deputados, o que impediria a posse do terceiro suplente, Tiago Simon, um dos principais críticos da aliança com o PSDB. 


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