Bolsonaro, do seu jeito, reconhece derrota nas eleições

Bolsonaro, do seu jeito, reconhece derrota nas eleições

Apesar de não mencionar resultado das urnas, presidente fez breve manifestação à imprensa

Taline Oppitz

Bolsonaro fez manifestação ao lado do chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira e do seu filho, Eduardo Bolsonaro

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Mais de 48 horas após ser oficialmente derrotado nas urnas, no último domingo, o presidente Jair Bolsonaro (PL), enfim, fez seu primeiro pronunciamento. Bolsonaro não falou sobre sua derrota, tampouco sobre Lula (PT), seu adversário que saiu vitorioso e que retornará ao comando do país após 12 anos. Ele comentou os atos em estradas como "movimentos populares fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".

O presidente aproveitou ainda para investir mais uma vez contra a esquerda, afirmando que os movimentos podem ocorrer, mas que devem ser pacíficos e sem bloqueios para evitar que se igualem às práticas utilizadas pela esquerda. “Somos pela ordem", afirmou. A manifestação do presidente foi iniciada com um agradecimento aos mais de 58 milhões de eleitores que votaram nele. Bolsonaro destacou ainda os valores “Deus, Pátria, Família e Liberdade”, afirmou que os sonhos não acabaram e que a direita formou representação robusta no Congresso.

A seu modo, Bolsonaro deu fim a um capítulo que precisava ser encerrado após o segundo turno. O silêncio do presidente até aqui, além de ter inflamado indiretamente apoiadores mais acirrados, abriu caminho para a ampliação do protagonismo de Lula. O petista já conversa com líderes internacionais, está com lugar marcado em eventos institucionais no exterior e negocia com setores, partidos e integrantes do atual e do próximo Congresso Nacional. 

Após chegar ao maior cargo do país, Bolsonaro somente agora parece ter aprendido, na prática, que a política é fugaz e cruel e que, como diz o ditado, “rei morto, rei posto”. Logo após a fala de Bolsonaro, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), em uma sequência da coletiva, afirmou que, segundo a presidente nacional do PT, Gleise Hoffmann, o vice eleito, Geraldo Alckmin (PSB), será oficializado como coordenador da transição na quinta-feira, data em que os trabalhos devem ser iniciados, “como determina a lei do nosso país”.

Em tempo: antes de iniciar sua fala, Bolsonaro cochichou no ouvido de Nogueira: “Eles vão sentir a nossa falta”. 


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