Derrota acachapante do governo na Câmara evidencia recado de aliados

Derrota acachapante do governo na Câmara evidencia recado de aliados

Câmara derrubou alterações realizadas pelo Planalto no Marco Regulatório do Saneamento

Taline Oppitz

Governo Lula encara dificuldade na conquista de aliados no Congresso

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Se ainda havia algum integrante do governo Lula, incluindo o próprio presidente, com dúvida sobre as dificuldades concretas nas relações e na articulação com o Congresso, a votação de quarta-feira à noite, em que o Planalto amargou uma derrota acachapante, não deixa dúvidas em relação ao tamanho do desafio do petista em seu terceiro mandato na presidência da República. Na sessão, a Câmara aprovou o projeto de decreto legislativo (PDL) anulando as alterações realizadas pelo Planalto no Marco Regulatório do Saneamento.

O recado ficou ainda mais claro, não pela atuação da oposição, mas pelo expressivo número de dissidentes da base aliada de Lula. O resultado foi de 295 votos contra o governo e 136 a favor. Entre os contrários, estavam incluídos todos os 48 parlamentares do União Brasil presentes na sessão, 31 dos 32 emedebistas e 20 dos 27 deputados do PSD. Os três partidos detêm nove ministérios no governo. Siglas como o PP e o Republicanos, que ensaiaram eventual aproximação com o governo federal, votaram em massa contra o Executivo.

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) tentou minimizar o episódio, afirmando que já previa a derrota e que se trata de uma “vitória de Pirro, sem importância nenhuma”. Lula, no entanto, pensa diferente e cobrou publicamente o desfecho do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Espero que ele tenha a capacidade de organizar, de articular, que ele teve no conselho, dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar muito a vida”, afirmou o petista durante fala em Brasília. Na mira está ainda, pelo menos de parlamentares, o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

A atuação decisiva de aliados na derrota do governo escancara a insatisfação e deixa claro que está cada vez mais difícil garantir fidelidade, mesmo com a distribuição de cargos, que não são mais suficientes. Um dos interesses agora é a agilidade na liberação de emendas.

 


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