Em um país polarizado, cenário exige cautela
Lula, presidente eleito, ao falar sobre prioridade social, fez com o mercado reagisse mal
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A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, teve de se pronunciar, nesta sexta-feira, sobre a PEC da Transição e para pedir tranquilidade ao mercado. O movimento foi necessário após fala de Lula, na véspera, sobre a prioridade social, o que fez o mercado reagir automaticamente. Assim como a presença, na transição, de Guido Mantega, responsável pela economia explosiva implementada na gestão Dilma Rousseff. Lula minimizou o episódio e afirmou que o mercado é muito sensível e nervoso. Verdade. Mas ele já deveria saber que qualquer fala, ação ou mero movimento têm impactos brutais no atual cenário, de um Brasil que enfrenta diversas críticas simultâneas e que está amplamente dividido.
Após 580 dias preso, Lula foi libertado da sede da Polícia Federal em Curitiba em 8 de novembro de 2019. Ainda no cárcere, manifestações e entrevistas do petista reverberaram nacional e internacionalmente. Depois que saiu da prisão, ele enfrentou altos e baixos considerando o interesse jornalístico. Sua popularidade junto às lideranças e militantes petistas e da esquerda, no entanto, nunca foi abalada.
Por um período, o petista viveu uma espécie de ostracismo, concedendo entrevistas apenas para veículos independentes e blogs com pouca repercussão geral. A guinada veio com a confirmação de que Lula poderia concorrer e seria o candidato do PT na corrida presidencial. O petista, então, entrou definitivamente de volta ao jogo. No início, ainda meio enferrujado, Lula cometeu algumas gafes, mas nada com peso para abalar a campanha. Agora, eleito, não há espaço para errar.
Prestígio
Apesar dos altos e baixos vividos por Lula, as reações após sua terceira vitória ao Planalto demonstram que ele continua sendo um gigante nos cenários políticos interno e externo.
O país e o PT
Um dos desafios de Lula, além da pacificação do país, será acalmar seu próprio partido. O PT está acostumado, quando é governo, a não ceder. Desta vez, terá que puxar o freio de mão e respeitar aliados estratégicos para a vitória.