Em xeque, modelo de Distanciamento está com os dias contados

Em xeque, modelo de Distanciamento está com os dias contados

Alterações para acomodações de demandas causam instabilidade no sistema

Taline Oppitz

Eduardo Leite sancionou lei que revogou benefício a ex-governadores em 2021.

publicidade

O governador Eduardo Leite (PSDB) decidiu por alternativa drástica para viabilizar a retomada das aulas presenciais no Ensino Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Leite editará um novo decreto colocando todo o Rio Grande do Sul em bandeira vermelha, suspendendo a cogestão, para frear liberações municipais demasiadas, e irá desativar a chamada trava, resultado da divisão de leitos ocupados de UTI/Covid e os desocupados na bandeira preta. A ferramenta poderá ser reativada no caso de agravamento do quadro no Estado.

As decisões valerão até 10 de maio, quando novo decreto, substituindo o modelo de Distanciamento Controlado, será editado. A intenção é torná-lo mais aperfeiçoado e simplificado. O movimento do governo representa claramente um drible na decisão unânime do Tribunal de Justiça que, na segunda-feira à noite, negou recurso do Executivo para a volta às aulas.

Em vídeo divulgado após a decisão, Leite disse ser solidário aos pais e pediu desculpas à população pela insegurança gerada nos últimos dias. “Independentemente de quem sejam as responsabilidades pela dificuldade do retorno às aulas, do Executivo ou do Judiciário, ambos são poderes do Estado. E o Estado deve um pedido de desculpas à população, que faço agora. Queremos a volta com cuidados e protocolos, atuamos nisto desde o ano passado, e, agora, diante da interferência do Judiciário fomos prejudicados. Interferência, embora legítima e soberana, absolutamente equivocada e incoerente, pois usa nosso modelo e fórmulas, mas despreza a análise e as decisões. Respeitamos, mas não nos resignamos”, disse Leite.

O episódio gerou tensionamento evidente entre o TJ e o Executivo, com duras manifestações também de desembargadores. As mudanças e recuos em relação ao modelo e Distanciamento Controlado, que não vêm de hoje, e visaram, dependendo do momento, atender a prefeitos, dar fôlego à economia e, agora, retomar as aulas, colocaram em xeque a credibilidade do sistema que foi exemplo para o Brasil. Ainda não se sabe muito sobre o novo modelo, se ele representará avanços, ou ainda mais desconfianças mas, definitivamente, chegou a hora de mudar o que aí está, marcado pelo descrédito.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895