Governador confirma renúncia, mas seu futuro político segue indefinido

Governador confirma renúncia, mas seu futuro político segue indefinido

Eduardo Leite está fardado para a corrida presidencial, mas sem garantias concretas de que o cenário irá se viabilizar 


Taline Oppitz

Saída de Leite do governo é estratégica, já que ala dos caciques do PSDB trabalha para que ele seja o candidato ao Planalto

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Aguardado há meses, o anúncio de Eduardo Leite, que confirmou a renúncia ao governo gaúcho e sua permanência no PSDB, não encerrou a incógnita de qual será seu futuro político. “A renúncia me abre muitas possibilidades e não me retira nenhuma”, disse o tucano na tarde desta segunda-feira. Em vídeo divulgado antes de sua manifestação e da coletiva, Leite havia afirmado que renunciaria ao poder para não renunciar à política.

A decisão ocorreu após revés envolvendo seu ingresso no PSD, que fez água por fatores como a falta de garantias financeiras para encarar uma campanha presidencial. O ato contou com as presenças dos pais de Leite, do vice e secretário de Segurança, Ranolfo Vieira Júnior, que assumirá o comando do Piratini, e com lideranças locais. Integrantes da cúpula nacional tucana não apareceram. O motivo é estratégico, já que ala dos caciques do PSDB trabalha para que Leite seja o candidato ao Planalto. As presenças no ato de renúncia escancarariam o que já é público: a cama de Doria está sendo feita. O objetivo é retirar o governador de São Paulo, João Doria, que venceu as prévias, do caminho. Mais do que o desempenho pífio nas pesquisas de intenções de voto, a alta rejeição de Doria é o principal motivo de preocupação.

A costura que vem sendo realizada envolve partidos considerados potenciais aliados. Ou seja, eles serão peças decisivas para forçar um recuo de Doria, sustentando que as parcerias com o PSDB serão concretizadas com base em um candidato mais competitivo para se viabilizar como terceira via e romper a polarização entre Jair Bolsonaro e Lula. Uma empreitada e tanto, mas é aí que entra o nome de Leite, que, na prática, renunciou ao governo porque está fardado para a corrida presidencial, mas, por ora, sem garantias concretas de que o cenário irá, de fato, se viabilizar. 

Elogios a Ranolfo e destaque para alianças

Em sua manifestação, Leite destacou a confiança, a parceria e o apoio à candidatura de Ranolfo, mas não deixou de mencionar as negociações visando alianças. Segundo ele, as articulações terão peso nacionalmente e no Estado. O MDB, que definiu no domingo a pré-candidatura de Gabriel Souza, foi citado nominalmente. Recentemente, diante das incertezas no MDB, Leite havia manifestado sua preferência pelo ex-presidente da Assembleia. Em tempo: as conversas nacionais terão impacto direto no cenário gaúcho. 

 


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