Governo Lula: sai o discurso e entra a prática
Gestão petista enfrenta pautas sensíveis e precisa acomodar reivindicações às condições financeiras do governo
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Prestes a completar 20 dias no cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem tentado ajustar as promessas de campanha à realidade. Isso ficou em evidência nesta quarta-feira durante suas manifestações sobre áreas consideradas sensíveis pelo seu governo: o salário mínimo e a tabela do Imposto de Renda. Sensíveis porque não são decisões que dependem dele, mas das condições financeiras do governo.
No caso do Imposto de Renda, a promessa é aumentar a faixa de isenção para aqueles que recebem até R$ 5 mil. Lula garantiu a atualização. Em Davos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o assunto ficará para o segundo semestre, e relacionou com a Reforma Tributária, que tem sido fatiada no Congresso. E como as mudanças precisam dos parlamentares e onde a base ainda é limitada, Lula pediu “pressão” por parte dos trabalhadores.
]Sobre a atualização do mínimo, na ausência de uma ação imediata, a solução foi a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial visando formular uma política de valorização em até 90 dias. Logo, ganha um fôlego. Em R$ 1.302, inicialmente o governo queria elevar para R$ 1.320, enquanto que as centrais sindicais defendem R$ 1.343. Com o déficit, o esperado pelas entidades sofre resistências no Ministério da Fazenda. Esse é aquele momento de ajustar o discurso à vida real.
Em tempo: Lula também precisa dar atenção especial às distorções que tem circulado nas redes sociais sobre esses dois temas e que podem impactar diretamente na sua popularidade.