O desafio do bolsonarismo
Após sucessivos reveses, força política do ex-presidente enfrenta fragmentação
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Após 40 dias do fim do governo de Jair Bolsonaro (PL) na presidência da República, os desafios para o bolsonarismo se manter relevante na política nacional se tornaram cada vez maiores. Primeiro, pela decisão de Bolsonaro de não transmitir o cargo, apesar de seus então aliados reconhecerem a vitória de Lula na disputa, seguido pelos atos de grupos extremistas que não aceitaram o resultado eleitoral e decidiram invadir e depredar os prédios dos Três Poderes; a sucessão de informações desencontradas do senador Marcos do Val (Podemos-ES), tentando envolver o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes; e, por fim, o fato mais recente, que foi o envio de pedidos de investigação contra Bolsonaro encaminhados à primeira instância, em função de ter perdido a prerrogativa do foro.
Somados, os fatos sinalizam para uma possível fragmentação da força do ex-presidente como o provável líder da oposição ao governo Lula. E mais, compromete a sua atuação no campo político, ampliando os desafios do bolsonarismo no Brasil. A própria incerteza do retorno do ex-presidente, que está nos Estados Unidos, é um prova. É verdade que é impossível ignorar a votação expressiva que Bolsonaro conquistou na disputa do segundo turno, somando mais de 58 milhões de votos. Ao mesmo tempo, alguns políticos do seu campo ideológico já têm atuado desde a derrota dele, com cada vez mais força, para se destacar como lideranças e ficar com o espólio bolsonarista, mirando 2026.