Reviravolta e troca de posições em Porto Alegre

Reviravolta e troca de posições em Porto Alegre

Sebastião Melo (MDB) chega em primeiro lugar

Taline Oppitz

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Em uma disputa em que o destaque foi a lentidão nas apurações, em todo o país, fragilizando a Justiça Eleitoral e o sistema, apesar de todas as explicações, o cenário em Porto Alegre foi marcado por reviravolta. Sebastião Melo (MDB), que brigava por vaga no segundo turno, de acordo com as pesquisas de intenções de voto, acabou na frente, com 31,01% dos votos. Manuela D’Ávila (PCdoB), que durante toda a campanha despontava em primeiro, ficou em segundo lugar, com 29,00%. A vantagem do emedebista foi de 13.018 votos. A guinada no cenário na capital gaúcha indica que Melo foi o principal beneficiado com a migração de votos de José Fortunati (PTB), que retirou a candidatura na semana da eleição. Ele e seu partido manifestaram apoio ao emedebista, que foi vice de Fortunati e representou o governo de ambos na eleição pelo Paço Municipal em 2016. O segundo turno é uma nova disputa, com tempos iguais e mais espaço para a discussão de propostas. O mapa, no entanto, pode ser mais favorável a Melo, considerando os votos de Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Gustavo Paim (PP) e Valter Nagelstein (PSD). Manuela vai contar com votos, principalmente, do PSol, de Fernanda Melchionna, e do PDT, de Juliana Brizola.

Dois fatores, no entanto, precisam ser considerados no cenário desta próxima etapa. A rejeição de Manuela, a mais alta até aqui, enquanto Melo aparecia com um das mais baixas, e o alto índice de abstenções, que ficou em 33,08% de, votos brancos, que representaram 5,06%, e nulos, que chegaram a 5,81%. Somados, 436,9 mil pessoas não escolheram nenhum dos 12 candidatos disponíveis. O dado foi destacado por Manuela em sua primeira manifestação, após a divulgação dos resultados. Melo, sem voz, falou praticamente ao mesmo tempo, em tom conciliatório e sinalizando para partidos distintos, à esquerda, e à direita. O curto tempo de campanha até o segundo turno, marcado para o dia 29 de novembro, não permitirá descanso aos candidatos que avançaram e dirigentes dos partidos de suas coligações. Hoje, o dia já será marcado por uma série de articulações e negociações visando adesões, mesmo que pessoais.

Cedo demais

Nas eleições gerais de 2018, a Justiça Eleitoral sucumbiu às fake news. À época, relutou, mas acabou realizando o mea-culpa. Nas disputas deste ano, o sistema de apuração, que levou à demora inaceitável dos resultados, foi mais um episódio, grave, precedido de outros. Entre eles, os ataques de hackers, dois deles neste domingo. O cenário mina o sistema eleitoral e já deflagrou investidas de críticos da confiabilidade das urnas e de defensores dos votos impressos. No início da tarde, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, havia dito que as eleições transcorriam de forma "assustadoramente normais". Falou cedo demais.


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