Conversa de Carro: "Boas ações" das petroleiras

Conversa de Carro: "Boas ações" das petroleiras

COP 28 tem contradição ao ser realizada em países regados a petróleo e combustão

Renato Rossi

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A renomada jornalista inglesa Marina Hide, que integra a equipe do londrino The Guardian” define a COP 28 como “o simpósio que pretende salvar o mundo, realizado na terra dos barões do petróleo”. É a conferência no centro de poder dos que colocam o mundo em risco. Que terrível contradição, escreve Marina Hide. Ela também denuncia “o jogo duplo e sujo” de países produtores de petróleo que, associados às petroleiras manipulam a opinião publica global. Mostram em campanhas publicitárias a face amena do petróleo, que na verdade é destrutivo ao meio ambiente. E Dubai, cidade do simpósio promovido pelas Nações Unidas, é a face suave e deslumbrante do “petrodólar”. O mundo visualiza nas telas os shoppings de luxo, a futurista arquitetura na torre com 830 metros de altura “Burj Khalifa”.

E nas ilhas artificiais de “Palm Islands” criam a ilusão de que o aterro é o Caribe. Quem está em Dubai nesta COP 28 pensa que o petróleo será para sempre. A realidade é outra e há uma angustia nos países produtores em relação a crescente eletrificação da frota global e queda gradativa no consumo de petróleo.

E uma certeza cientifica: o mundo não pode aquecer mais 2ºC, pois estes farão o mares devorarem ilhas e cidades costeiras. Portanto há urgência na mudança da matriz energética. Nas ruas de Dubai, o número impressionante de SUVs e supercarros sintetiza este poder.

Nesta semana, as petroleiras realizam grandes campanhas publicitárias, principalmente em países emergentes, que convencem o público que o “fim do mundo” está distante. O poder econômico afirma que as matas queimam sem parar por “ciclos climáticos naturais”. A visão primária sobre o clima deixa livre as petroleiras, que espalham plataformas de extração nos oceanos. Posam de benfeitoras e até doam a merenda escolar de escolas na África. É esmola.


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