Conversa de Carro: caminhos para o futuro

Conversa de Carro: caminhos para o futuro

Ocidente e oriente mostram filosofias distintas para futuro do automóvel

Renato Rossi

Oval azul aposta em veículos de maior porte

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A Ford apresenta para o mercado brasileiro a nova Ranger produzida na Argentina, equipada com motor V6 a gasolina com 250 hps. Os preços nas diversas versões chegam a R$ 350 mil. As montadoras BYD e Great Wall, já instaladas no Brasil, seguem pelo caminho elétrico. Os chineses aceleram a roda da praticidade. A partir de Setembro passam a vender no Brasil o hatchback Dolphin da BYD e o Ora da Great Wall. Um detalhe que interessa aos brasileiros, já que os dois carros serão produzidos no Brasil a partir do segundo semestre de 2024. Tanto o Dolphin como o Ora custam em torno dos R$ 150 mil reais.

A estratégia dos chineses com a venda de modelos com custo acessível é popularizar as marcas e o novo modal energético no Brasil. Afinal, a BYD já tem quatro fábricas e terá capacidade de produção de mais 250 mil unidades em Camaçari até 2025. A Great Wall tem a grande unidade que era da Mercedes Benz em Iracemápolis, interior de São Paulo e sua capacidade de produção não fica abaixo das 200 mil unidades. A produção local gera o que a Ford gerava em Camaçari: mão de obra especializada, milhares de empregos, desenvolvimento nas regiões onde fábricas são instaladas.

O que está em jogo nestes lançamento de chineses e norte americanos são filosofias distintas sobre o futuro do automóvel. Os chineses passaram por um processo de industrialização acelerado e tentaram um futuro à combustão. Fracassaram. Restaram megalópoles poluídas que agora necessitam do carro elétrico para despoluir. A Ford iniciou tardiamente seu processo de eletrificação, que também é essencial para sua permanência no futuro. Promete lançar 30 modelos elétricos até 2026. Por enquanto, tem o Mustang e a picape F150 Raptor em versão elétrica. É muito pouco.

Nos Estados Unidos, que tem uma poderosa classe média conservadora, já nascem os movimentos antielétricos. Os motoristas que andam com seus rifles AR15 no banco do carona preferem o passado cômodo que os leva até o posto de gasolina mais próximo que conhecem, do que a hora de espera de recarga em eletropostos.

O setor de inteligência da Agência Reuters estima em mais de 10 anos a vantagem tecnológica dos chineses em relação às marcas ocidentais, que insistem na combustão. Quem vai vender três anos à frente os pequenos elétricos acessíveis que os brasileiros comprarão? Os pequenos elétricos a menos de R$100 mil estarão na reduzida Rede Ford do Brasil? Não.


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