Conversa de carro: estudo projeta futuro exponencial do mercado para o carro elétrico

Conversa de carro: estudo projeta futuro exponencial do mercado para o carro elétrico

Consultoria IEA reconhece maiores dificuldades para adoção nos países emergentes

Renato Rossi

Estrutura de recarga ainda é limitação no Brasil

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A Agência Internacional de Energia da ONU (IEA) divulga para a imprensa global um importante estudo sobre a realidade e perspectivas do carro elétrico. A análise surge num momento em que o futuro do carro elétrico é posto em dúvida por iniciativas de setores da economia e governos. Há fortes contradições numa fase complexa e difícil, para um planeta que tenta sobreviver a mudanças climáticas catastróficas. Como a proposta do governo do Brasil de prospectar petróleo na Amazônia. Área que devia ser totalmente intocável pelas forças deletérias do capitalismo.

Na analise ampla da IEA surge um mundo possível e descarbonizado atraves da difusão do carro elétrico. Conforme o publicado, "poucas áreas no mundo da energia limpa são tão dinâmicas como o mercado global do carro elétrico. Nos últimos anos houve um crescimento exponencial nas vendas, junto a inovações tecnológicas como o aumento na autonomia, a oferta de centenas de modelos em todos os segmentos do mercado, que hoje são veículos em sua maioria com performance superior a dos veículos a combustão. Até o final de 2024, a estimativa é de cada cinco carros ou SUVs vendidos no mundo, um seja elétrico".

O Estudo salienta que se o crescimento do mercado elétrico continuar num ritmo acelerado, a meta da Organização das Nações Unidas, de um mundo com "emissões zero" em 2050, pode ser alcançada. Mas a análise também destaca os impedimentos que surgem pelo caminho. "Apesar do crescimento geométrico na China, em alguns países europeus e alguns estados mais conservadores dos Estados Unidos não há unanimidade em relação ao carro elétrico, já que a aceitação de veiculos a combustão continua acelerada e voltada ao futuro. E as vendas de elétricos em países emergentes também ficam aquém das espectativas, devido ao alto preço do carro elétrico, relacionado ao baixo poder aquisitivo da população e porque em países emergentes não existe uma infraestrutura para recarga das baterias. Portanto a aceitação do veiculo elétrico não será equalizada no mundo, o que não significa a estagnação do mercado do carro elétrico."

O estudo da IEA aborda as perpectivas do mercado elétrico. "A espectativa baseada em análises mercadológicas é de que mais de 15 milhões de veículos elétricos sejam comercializados até janeiro de 2024. O que representa um aumento de vendas de 35% em relação a 2022. Os elétricos podem representar 20% das vendas totais de veículos no mundo." Mas esta análise, salienta o IEA, pode sofrer modificação já que o conflito que se amplia no Oriente Médio medido pode ter como conseqüência o aumento no preço do barril de petróleo. Se a tendência de aumento de vendas dos carros elétricos se mantiver até 2030, o mundo deixará de comprar 10 milhões de barris de petróleo por dia, num impacto positivo na redução do aquecimento global.

A análise também pondera o futuro da indústria em grupos geográficos:

NORUEGA

Continua na liderança do mercado com 88% da frota elétrica em 2022. A tendência da totalidade do mercado ser elétrico até 2025 prossegue acelerada

CHINA

Foi responsável por 60% das vendas de carros elétricos no mundo em 2022. Enquanto o consumo de carros elétricos no mercado interno chegou a 30% ou 22% superior as vendas de carros elétricos em 2021. Esta ampliação do mercado elétrico já superou as previsões do governo da China ter um mercado composto em 20% de "Veículos de Nova Energia" até 2025. Isto já foi superado. E a China cada vez mais se coloca como um dos pilares da descarbonização do planeta.

UNIÃO EUROPEIA

Tem a aceitação do carro elétrico estimulada pela nova legislação ambiental o Euro 7, que vigora desde março de 2023 e exige uma redução de 55% das emissões de dióxido e monóxido de carbono até 2030. O que praticamente inviabiliza a produção de carros a combustão, que já estão no limite de emissões. Produzir motores a combustão com emissões próximo do "zero" requer investimento bilionário. Que as montadoras preferem direcionar a Pesquisa e Desenvolvimento de veículos elétricos. A Europa também amplia sua rede de recarga em iniciativass que envolvem o setor público e privado.

ESTADOS UNIDOS

O "Ato de Redução de Inflação" do Governo Biden, que colocou 390 bilhões de dólares em função da "eletromobilidade", induziu a competição entre companhias voltadas a eletromobilidade, que investiram entre agosto de 2022 e março de 2023 60 bilhões de dólares, aplicados na produção de baterias, pesquisa e desenvolvimento de carros elétricos com maior autonomia e desenvolvimento de novas tecnologias de produção.

PAÍSES EMERGENTES

Terão um mercado elétrico gradativo, numa velocidade de desenvolvimento abaixo do mercado elétrico nos países desenvolvidos. E tudo dependera da solidez ou fragilidade das economias de países em desenvolvimento. Que por enquanto tem dificuldade em aceitarem o alto preço do carro elétrico. Uma melhora no PIB destes países pode gerar a rápida ampliação do mercado elétrico.


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