Conversa de Carro: o desafio do automóvel autônomo

Conversa de Carro: o desafio do automóvel autônomo

Montadoras investiram pesado, mas tropeços atrasam tecnologia para pelo menos 2035

Renato Rossi

Tecnologia enfrenta obstáculos de investimento e adaptação ao trânsito "humano"

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O cérebro humano pode ficar tranquilo, pois ao menos até 2035 ficará ao volante. Responsável pelo "ir e vir"; que tantas vezes no Brasil é "ir para não voltar". As mais de 60 mil mortes no trânsito por ano mostram que o cérebro falha. Talvez pelo descontrole das emoções excessivas. Nos acidentes, a razão do cérebro é substituída pelas fortes emoções. O "bêbado" que chora ao volante pela perda do amor é o irracional que as emoções levam de encontro àquele poste logo ali à frente.

As emoções excessivas e a direção insegura contariam a modernidade, que insere o conceito do "zero acidente". Um pensamento obsessivo para a sueca Volvo, que promete que não havera mais carros da montadora acidentados até 2040: a utilização de fartas doses de inteligência artificial na linha dos SUVs XC40 e EX30 tornou estes veículos senão imunes a acidentes, muito protegidos. São agora sistemas que a Volvo e outras marcas importantes utilizam. Como o a frenagem automática emergencial, assistente de linha reta, radares que enxergam muito além da visão humana, software que rastreia pontos perigosos que devem ser evitados. Satélites podem avisar o motorista que há áreas alagadas e perigosas adiante.

Afinal, os carros com sistemas informatizados auxiliares ainda são minoritários no Brasil. São sistemas que ampliam em 50% a segurança ativa. A própria Volvo salienta que até 2030 terá sistemas avançados de direção autônoma de nível 5. Na condução autônoma de nível 5, o humano deve se dedicar a tarefas mais amenas. Como curtir um fervido funk com direito a dancinha alegre no Tik Tok. No carro totalmente autônomo, a inteligência artificial na noite escura ou sob neblina, ligará faróis em infravermelho de grande alcance. Os radares geocentrados detectam obstáculos e o veículo segue pela rota mais segura. Com certeza, os olhos eletrônicos são à prova de miopia ou "cegueira noturna". Que são deficiências comuns aos "frágeis humanos". Por enquanto, isto ainda é ficção, porque os sistemas de direção autônoma ainda não são totalmente seguros.

Por enquanto, há níveis 2 e 3 de inteligência artificial já disponibilizados em carros e SUVs sofisticados. São sistemas auxiliares à condução que dependem da condução humana.

Estudo divulgado pelo consultoria norte-americana S & P Global Mobility salientou que carro guiado unicamente pela inteligência artificial estará no mercado após 2035. A pesquisa demonstra que a tecnologia não conseguiu superar as complexidades do trânsito urbano. Os carros autônomos testados em milhares de quilômetros, como os Ford Focus da Divisao Argo tiveram muitos acidentes em cidades e rodovias. Os sucessivos enganos da inteligência artificial sobre o que ocorria fez com que a Ford desistisse da Divisao Argo, com vida curta de 2017 a 2022 e pesado gasto de US$ 15 bilhões. O estudo sobre carro autônomo da S&P Global Mobility deixa claro que as grandes marcas mundiais, embora não tenham desistido da tecnologia, optam pelo emprego da inteligência artificial como auxiliar do motorista para uma direção mais precisa e segura.

Por fim, a análise reflete os obstáculos que atingiram as estratégias das montadoras relacionadas a carros autônomos. Do alto custo do desenvolvimento tecnológico, que foi desacelerado de forma dramática pelo Covid-19, às barreiras tecnológicas que não foram superadas e que mostram a dificuldade da tarefa de excluir o cérebro humano: como reproduzir em chip a complexidade das milhões de contatos neurais ou sinapses que conectam o cérebro ao trânsito urbano e rodoviário. E vários acidentes com carros autônomos da Divisão Argo da Ford aconteceram porque a inteligência artificial não conseguia entender as manobras estúpidas e irracionais de outros motoristas.


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