E agora, Tricolor?

E agora, Tricolor?

O Grêmio venceu apenas um dos últimos seis jogos do Brasileirão

Nando Gross

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O Grêmio não consegue voltar a jogar em alto nível e, depois da derrota para o Sport Recife na última quinta-feira, foi ligado o sinal de alerta. Renato, na sua entrevista coletiva após o jogo, deu sinais claros de que não sabe o que está acontecendo com a sua equipe. O técnico começou a coletiva elogiando Thiago Neves, numa visível tentativa de justificar a escalação do atleta e as críticas recebidas até agora. “Na minha visão, ele tem muito a dar ainda. Todas as oportunidades do Grêmio no primeiro tempo foram dos pés dele”, afirmou o treinador.

Na derrota para o Sport, quem se fixar apenas nos números, vai concluir que o resultado foi injusto, mas na verdade não foi. Existem vários tipos de finalizações e isto é bem diferente de chances de gol, que é um outro quesito da observação do jogo.

O Grêmio passou à noite levantando bolas na área do Sport, sem nenhuma organização. Evidente que teve mais volume de jogo, isto é uma questão de imposição técnica, a diferença da qualidade dos jogadores é muito grande, por isso o técnico Jair Ventura tratou de jogar fechado, com linhas baixas e forte compactação. Apostou na transição ofensiva e contou com uma boa dose de sorte para sair com os três pontos, mas foi um time consciente do que queria, contra um Grêmio que sabia que o objetivo era a vitória, mas sem nenhuma organização, nunca soube exatamente como agir para atingi-la. E no final do jogo, Renato diz o seguinte: “O Grêmio vem bem no Campeonato Brasileiro, exceto por hoje. Estamos com sete pontos, mas temos uma partida a menos.”

Como assim Renato? O Grêmio é o décimo sexto na tabela, apenas uma posição acima da zona de rebaixamento. Em seis jogos, tem apenas uma vitória, com quatro empates e uma derrota. São apenas sete pontos, distância de nove do líder Internacional, ou seja, perdeu mais de um ponto por rodada.
A campanha está longe dos últimos anos do clube. Mesmo que esta atual gestão nunca tenha valorizado devidamente o campeonato brasileiro, nos anos anteriores o objetivo era sempre atingido, que era a vaga na Libertadores. Sim, o Grêmio apenas usa o Brasileirão como escada para chegar à Libertadores, nos últimos quatro anos nunca entrou de verdade com a ambição de título.

Só que este ano a queda é brutal e a torcida, que sempre bateu palmas para qualquer atitude do treinador, no momento passa a questionar o seu trabalho e algumas escolhas por jogadores que não dão nenhuma resposta dentro de campo. Renato insistiu no argumento das 31 finalizações contra o Sport, mas convenhamos é um número bom num balanço de uma empresa, mas no futebol isso está longe de mostrar a realidade da partida.

Não sei se Renato está querendo evitar a deflagração de uma crise e por isso está tentando amenizar o que está acontecendo, ou se realmente acredita no que disse e não está entendendo o que está se passando. Esta segunda hipótese é a pior, porque para encontrar a solução de um problema é fundamental ter o diagnóstico correto para indicar o tratamento adequado.

O VAR da polêmica

O VAR mais uma vez tem sido protagonista no Brasileirão. Arbitragem sempre foi um dos temas preferenciais dos amantes do futebol, mas acreditávamos que, com a chegada do VAR, as polêmicas iriam diminuir. Pois bem, que nada, mudou o foco, agora tem um árbitro em baixo e vários lá em cima pelos monitores, mas seguem-se as polêmicas. O VAR deveria ser infalível pelo menos para definir impedimento e se a bola entrou ou não. Pois no jogo do Inter com o Palmeiras, na imagem que nós tivemos acesso como telespectadores, a bola entrou, mas o VAR tem a linha correta e disse que não. Em São Paulo e Atlético-MG, tem um impedimento que prejudica o São Paulo, mas para quem tem apenas as imagens da TV, o gol é legal. Isso abre espaço para uma desconfiança que não é boa para o futebol. A solução é simples, divulguem as mesmas imagens que definem a decisão final da arbitragem. Mostrem a todos o porquê da decisão, como já fazem a NBA, o Superbowl, o Tênis e tantos outros esportes.

O Inter não é líder por acaso

A liderança do Inter não parece ocasional, especialmente após o empate contra o Palmeiras em São Paulo. Com um time recheado de reservas, o Inter controlou o Verdão e não venceu a partida por detalhe. A estratégia de Coudet funcionou: colocou Edenilson e Galhardo no segundo tempo e, num lance de pênalti, teve a chance da vitória. Fez o gol e tomou o empate logo a seguir. Desatenção, imaturidade, não sei, mas era jogo que poderia ter tido o resultado de vitória, mas ficou no empate. O resultado não é ruim em termo de tabela, mas pelas circunstâncias da partida, foram dois pontos que escaparam. O que chama a atenção no time de Coudet é a intensidade na marcação. O time colorado é um dos que têm o maior número de desarmes no Brasileirão, exatamente por este estilo trazido pelo treinador argentino. O Inter não é líder por acaso.


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