A família do punhobol

A família do punhobol

27ª Copa Porto Alegre, que começa no dia 30 de setembro, na Sogipa, deve reunir os melhores atletas do mundo na modalidade

Modalidade guarda uma série de semelhanças com o vôlei, como a divisão dos atletas por lado do campo e a troca de jogadas entre as equipes, até que uma delas cometa um erro ou não impeça o sucesso do ataque adversário. No Brasil, há cerca de 100 equipes espalhadas pelo país atualmente

Por
FABRICIO FALKOWSKI


Seus entusiastas dizem que o punhobol é um esporte completo e inclusivo. Uma modalidade que desenvolve o corpo e a mente dos jogadores, desperta a liderança e o espírito de equipe e congrega tanto as pessoas que participam propriamente do jogo como aqueles que estão em volta, como seus familiares e amigos. E é esse aspecto, a integração e a troca cultural, que chama a atenção na 27ª edição da Copa Porto Alegre, evento que promete reunir cerca de 600 pessoas na sede da Sogipa entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro.

A competição é considerada uma das principais do mundo na modalidade. Neste ano, o evento vai receber equipes de quatro países, reunindo atletas de várias idades. Representantes de Brasil, Alemanha, Áustria e Argentina buscarão o título principal, que vale pontuação máxima para o ranking da Internacional Fistball Association (IFA). Exatamente por isso, o evento reúne alguns dos melhores times do mundo, que transformarão a Sogipa em uma torre de babel por pelo menos três dias. 
O aspecto “integração”, porém, não é exclusividade ao evento promovido pelo clube. Os jogadores de punhobol viajam bastante para participar de torneios em todo o Brasil, mas também na Europa e em outras regiões do planeta. Alguns, inclusive, são convidados a permanecer, fazendo longos estágios em outros países.

É o caso de Sabine Süffert. Neta, filha, sobrinha e prima de outras punhobolistas. A iniciação na modalidade foi em família. Aos seis anos começou a praticar o esporte na Sogipa. Chegou à Seleção Brasileira, viajou bastante, conheceu pessoas e, desde jovem, teve como objetivo usar o punhobol como alavanca para experiências fora do país. Em 2018, graças ao bom desempenho com as camisetas da Sogipa e da Seleção Brasileira, recebeu um convite para treinar e jogar na Áustria.

No país europeu, um dos berços do punhobol no mundo, conquistou vários títulos. Além disso, teve a chance de aprofundar a experiência longe de casa. Neste momento, ela, além de jogar os principais campeonatos da Áustria e da Europa pelo Asko Seekirchen, também trabalha em uma livraria e estuda Economia, Cultura e Línguas na Universidade de Salzburg. “O punhobol, que não é um esporte tão divulgado, é quase uma grande família. Em qualquer lugar que o atleta possa ir, vai se sentir acolhido exatamente porque é praticante do esporte. As pessoas se conhecem e te recebem bem, quase automaticamente”, observa.

Quando conversava com o CP, ela se preparava para pegar o avião e voltar ao Brasil. Sabine também vai disputar a Copa Porto Alegre, mas não com a camisa da Sogipa, como fez várias vezes no passado. Ela vem com a sua equipe, o Asko Seekirchen. “Aprendi muita coisa nesse tempo. A língua, a cultura. Depois, vou levar toda essa experiência e bagagem para toda a minha vida”, continua a atleta.

Além da própria Sogipa, participarão da edição deste ano da Copa Porto Alegre as equipes do Stammheim (Alemanha), Tigers Vocklabruck (Áustria), DSG UKJ Froschberg (Áustria), CCAAR Rosário (Argentina), UFG Grieskirchen/Poting (Áustria), Asko Seekirchen (Áustria), ADAP Punta Chica (Argentina), Duque de Caxias (Paraná), Ginástica de Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul), Mercês Santa Felicidade (Paraná), Guarani (Santa Catarina), Sociedade Alegria (Rio Grande do Sul, PUK (Rio Grande do Sul) e Polisport (Rio Grande do Sul).

A competição ocorrerá em diversas categorias, do sub-12 ao master. Portanto, os jogos ocorrem o tempo todo em cinco campos espalhados pelo clube porto-alegrense. Ao todo, serão realizados mais de 240 jogos em cinco campos dentro da Sogipa ao longo dos três dias de evento, que é considerado o maior da América Latina. As finais das categorias principais, tanto masculina quanto feminina, estão programadas para o domingo à tarde, a partir das 17h.

Popularidade na Europa

Há relatos da realização de um jogo semelhante ao punhobol há quase de dois mil anos. Depois, a modalidade, ou pelo menos algo muito parecido com o que ela é hoje, voltou a aparecer em 1555, quando Antonio Scaino de Saló publicou as primeiras regras do popular esporte italiano – o “Trattato del Giuco con la Palla di Messer. Até o poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe escreveu no ano de 1786 em seu livro “Viagens pela Itália” que “quatro cavalheiros de Verona batiam na bola com o punho contra quatro vicentinos. Praticavam este jogo entre eles durante todo o ano duas horas antes de anoitecer”.

Mas o esporte tornou-se realmente popular a partir da segunda metade do século XIX na região da Alemanha e da Áustria. O primeiro campeonato alemão masculino da modalidde aconteceu no ano de 1913 e, o feminino, veio em 1921, dentro da “Gymnaestrada Alemã”.

Desde então, a modalidade espalhou-se com os imigrantes alemães. No Brasil, foi trazido pelo professor alemão Georg Black, que trabalhou na Sogipa durante muitos anos, tendo sido o pioneiro em outras modalidades esportivas, como a própria ginástica artística. A referência mais antiga que se tem notícia do punhobol no Brasil é de maio de 1906, quando o professor alemão Georg Black introduziu a modalidade na Sogipa – o clube de Porto Alegre desde 1911 participa de competições.

A agremiação, aliás, transformou-se em uma referência internacional da modalidade, já tendo conquistado o título mundial interclubes em 12 oportunidades. Em 1988, 1989, 1995, 1998, 1999, 2000, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2017 no masculino. Já as conquistas no feminino vieram nos anos de 2005 e 2008.

Até hoje, o esporte está concentrado nas regiões em que houve maior influência da colonização alemã. De acordo com dados da Confederação Brasileira de Desportos Terrestres, que é responsável pela representação do esporte no país, existem cerca de 100 equipes espalhadas por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro que praticam o esporte. 

 
REGRAS SE ASSEMELHAM AO VÔLEI 

O punhobol (faustball, em alemão, ou fistball, em inglês), é um esporte coletivo semelhante ao voleibol. Em tese, é seu precursor, com a diferença de ser jogado preferencialmente em um campo de grama que mede 50 metros de comprimento por 20 metros de largura, pelos quais se dividem cinco jogadores de cada lado - da mesma forma como o vôlei, sem que um ocupe o espaço adversário. Em países com predominância do clima frio, ele também é jogado, pelo menos durante o inverno, em ginásios. 
O campo é dividido ao meio por dois postes, onde é esticado um cabo ou rede, que varia de 3 a 7 centímetros de largura, a uma altura de dois metros (no adulto masculino) ou 1,90 metro (no adulto feminino). Todas as jogadas são efetuadas com o punho fechado e as defesas são feitas com o antebraço. O país que mais pratica o esporte é a Alemanha.

INGRESSOS PARA A COPA POA

A 27ª Copa Porto Alegre tem entrada franca. Para acessar o clube nos três dias de evento (30/09, 1º/10 e 02/10), contudo, é preciso acessar o site da Sogipa (www.sogipa.com.br) e retirar um convite.

 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895