A vez de Dorival Júnior

A vez de Dorival Júnior

Novo técnico da Seleção Brasileira anunciou nessa sexta-feira a sua primeira relação de jogadores convocados para amistosos

Convocação do técnico Dorival Júnior

Por
Correio do Povo

Mais de um ano depois da eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Catar, em dezembro de 2022, enfim um novo ciclo parece começar em busca do sonhado hexacampeonato. Os planos iniciais da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) eram de contar com um nome de peso para comandar o Brasil na próxima Copa do Mundo, em 2026, nos Estados Unidos, México e Canadá. O escolhido era Carlo Ancelotti, com quem os dirigentes asseguravam ter um acordo e pelo qual esperariam até junho de 2024. Até lá, a entidade se contentou em ter Fernando Diniz como interino. Só que Ancelotti preferiu seguir no Real Madrid e os resultados de Diniz foram tão ruins que o técnico acabou dispensado. Foi anunciado então Dorival Júnior, que nessa sexta-feira fez sua primeira convocação.

O novo treinador do pentacampeã mundial defendeu a chegada de jovens jogadores à Seleção e disse que a reformulação que lhe é pedida não pode ser feita de forma drástica. “Quero colocar que nenhuma reformulação pode ser feita de maneira radical. Ela necessita de uma mudança contínua e pautada em cima do reconhecimento”, afirmou. Aos 61 anos, Dorival fará sua estreia como técnico do Brasil em dois amistosos: no dia 23 de março, quando enfrentará a Inglaterra, em Londres, e três dias depois, ao visitar a seleção espanhola, em Madri.

Bem avaliado após seus últimos trabalhos como técnico (ganhou a Copa Libertadores e a Copa do Brasil em 2022 pelo Flamengo e a Copa do Brasil de 2023 pelo São Paulo), Dorival alcança agora o topo da sua carreira com a chance na Seleção Brasileira, ainda que de uma forma menos turbulenta do que imaginado.

A Seleção vive uma fase discreta nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, incluindo a dolorosa derrota por 1 a 0 em pleno estádio do Maracanã para a Argentina em novembro passado, que acabou com a invencibilidade em casa nas Eliminatórias. O Brasil ocupa um desconfortável sexto lugar no torneio classificatório, última posição que garante vaga direta para a Copa de 2026.

Aproveitamentos distintos dos antecessores, mas algo em comum: sem títulos na Copa

Técnico Dunga na Seleção Brasileira, em Viamão | Foto: Mauro Schaefer / CP Memória

Nos últimos dez anos, a Seleção Brasileira contou com três treinadores, logo após a saída frustrada de Luiz Felipe Scolari, depois da Copa de 2014. O Brasil acabou apenas na quarta colocação daquele Mundial, sediado no país, e tendo duas derrotas vexatórias. Nas semifinais, apanhou de 7 a 1 da Alemanha, e na decisão do terceiro lugar, levou 3 a 0 da Holanda. Com a saída de Felipão do cargo, quem foi chamado para substituí-lo foi Dunga, que já havia estado à frente da função entre 2006 e 2010.

Menos de dois anos depois, ele acabou dispensado depois do fiasco na Copa América Centenário, em 2016, nos Estados Unidos, quando a Seleção Brasileira acabou eliminada ainda na primeira fase. O treinador, no entanto, já vinha ameaçado devido à campanha nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Em seis rodadas, o Brasil era apenas o sexto colocado, posição que não dava direito nem mesmo a uma vaga na repescagem. Foram cinco vitórias, cinco empates e três derrotas. Ocorreu ainda a eliminação precoce na Copa América do Chile, em 2015, quando o Brasil caiu nas quartas de final nos pênaltis diante do Paraguai.

Dunga só mostrou bom desempenho em amistosos, quando conseguiu 100% de aproveitamento. Foram 13 vitórias, incluindo vitórias sobre a Argentina, de Messi, por 2 a 0, e a França, de Antoine Griezmann em terras francesas, por 3 a 1.

Técnico Tite na Seleção Brasileira | Foto: Lucas Figueiredo / CBF / CP

Dunga foi sucedido por outro gaúcho, Adenor Bacchi, o Tite. A passagem do treinador natural da serra gaúcha e com passagens pela dupla Gre-Nal e hoje no comando do Flamengo, durou de 2016 até 2022. No período, o Brasil disputou duas Copas do Mundo, na Rússia e no Catar. Nas duas ocasiões, a equipe Canarinho caiu nas quartas de final, primeiro para a Bélgica, em uma derrota por 2 a 1. E depois para a Croácia, com eliminação ocorrida nos pênaltis, após empate em 1 a 1 em 120 minutos de partida. Outro revés foi a perda da Copa América 2020 (disputada em 2021), quando Brasil caiu por 1 a 0 para a arquirrival Argentina, no Maracanã. Sob o comando de Tite, a Seleção Brasileira foi campeã apenas da Copa América de 2019, disputada também aqui no país, vencendo o Peru na final, no Maracanã, por 3 a 1. O treinador esteve à frente do Brasil em 81 jogos, onde conquistou 60 vitórias, 15 empates e sofreu apenas seis derrotas no tempo normal. Além dos tropeços em confrontos oficiais para Bélgica e Argentina, houve o revés para Camarões na Copa de 2022, e três derrotas em amistosos, duas vezes para a Argentina, ambas por 1 a 0, uma em 2017 e outra em 2019, além de outra contra o Peru, também por 1 a 0, também em 2019. Em todas as partidas, foram marcados 174 gols, sofridos apenas 30, em um saldo de 144 gols. Ao todo a Canarinho passou sem ser vazada em 52 jogos.

Técnico Fernando Diniz na Seleção Brasileira | Foto: Vitor Silva / CBF / CP

Depois de Tite, a CBF esperava contar com o técnico italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid. Mas enquanto esperava pelo final de contrato dele com o clube espanhol (no final, o treinador acabou renovando com os Merengues), a entidade chamou para assumir interinamente Fernando Diniz, que manteve o cargo no Fluminense. A passagem do treinador pela Seleção Brasileira foi de apenas seis jogos, todos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Em sua estreia, o Brasil goleou por 5 a 1 a Bolívia e conquistou uma vitória fora de casa sobre o Peru por 1 a 0. Os resultados animaram a torcida, que fez campanha pela sua permanência na Canarinho. E que Ancelotti fosse esquecido. Mas a empolgação teve um fim cedo na 3ª rodada das Eliminatórias, em um empate em 1 a 1 com a fraca Venezuela na Arena Pantanal. O duelo era visto pelos torcedores como obrigação para ser vencido. As coisas ficariam pior ainda, pois na sequência viriam derrotas para Uruguai (que não batia o Brasil havia oito anos pela competição), por 3 a 0, Colômbia por 2 a 1 e Argentina por 1 a 0 – nunca antes o Brasil havia sofrido três derrotas consecutivas no qualificatório, e nunca havia perdido em casa – o revés diante da Alviazul aconteceu no Maracanã. Nesse momento, a Canarinho ocupa apenas a 6ª colocação, a última colocação que dá vaga direta para a Copa do Mundo. A sétima posição encaminha para a repescagem.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895