Alterações nas regras do futebol

Alterações nas regras do futebol

As novas medidas determinadas pela Ifab ainda não estão confirmadas para a Copa do Mundo deste ano, que ocorre no Catar

Troféu da Copa do Mundo. Ainda não se sabe se as novas regras irão valer para a competição deste ano

Por
Chico Izidro

Nesta semana, a International Football Association Board (Ifab), entidade responsável por determinar as regras do futebol, decidiu que as cinco substituições para cada equipe durante as partidas serão permanentes. Além disso, também aumentou para 15 o número de jogadores no banco de reservas das partidas. As medidas passam a vigorar a partir do dia 1º de julho e foram anunciadas pela Ifab durante a 136ª Assembleia Geral Anual, em Doha, no Catar. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse, porém, que as regras ainda não estão confirmadas para a Copa do Mundo deste ano, somente o aumento para 26 convocados na competição.

As novas determinações já tinham boa aprovação dos técnicos e membros da Fifa e eram aguardadas para serem permanentes em todas as competições. Anteriormente, aliás, a associação internacional já havia autorizado o aumento de 23 para 26 atletas a serem relacionados para uma partida de futebol. O aumento para cinco alterações surgiu em 2020 para contornar os problemas da pandemia da Covid-19, compensando o número de jogos e os problemas físicos durante a crise sanitária.

Além disso, a medida de cinco substituições já havia sido prorrogada até 31 de dezembro deste ano, após diversos estudos realizados pela entidade por conta dos problemas causados pela pandemia. No Brasil, as cinco substituições ainda seguem em vigor nas competições nacionais, em 2022. Na Premier League, porém, o uso das três alterações passou a ser reutilizado na temporada 2021/22, embora a entidade inglesa houvesse confirmado o retorno para cinco mudanças nessa próxima época. A restrição de três pausas para cada equipe para realizar as substituições, além do intervalo do jogo, segue valendo.

Ainda nesta semana, a Internacional Board, resolveu modificar o regulamento também nas penalidades máximas. A alteração foi provocada pela postura do goleiro da Austrália, Andrew Redmayne, na disputa por pênaltis diante do Peru, que garantiu a seleção da Oceania (mas que pertence à Federação Asiática). Redmayne entrou no fim da prorrogação da repescagem somente para as penalidades. E, embaixo das traves, ficou saltitando de um lado para o outro antes das cobranças rivais, fazendo Advíncula chutar na trave e defendendo a cobrança de Valera. Agora, os goleiros terão de ficar com um pé em contato direto com a risca do gol, ou seja, proibidos de ficar “dançando” sobre a linha como o australiano fez diante dos peruanos.

Novas medidas em análise

O técnico do Grêmio, Roger Machado, vê coisas boas e ruins nas medidas. “O objetivo das cinco substituições surgiu durante a pandemia, em função das ausências e imaginando que ajudaria na manutenção da velocidade do jogo. Pelo lado de ter mais opções, é muito bom. Porém, vale lembrar que, pensando em manter o jogo mais intenso, se troca metade do time”, destacou o treinador. “Mas os outros cinco jogadores que permanecem em campo podem ter desgaste maior, visto que a velocidade pode fazer com que os atletas já mais cansados sofram mais cansaço”, alertou. “O jogo ficará mais aberto, em função de ter jogadores mais desgastados tentando acompanhar a velocidade dos que entraram. É metade do time. E geralmente, as mudanças são feitas do meio pra frente. Isso pode fazer com que o time fique mais descompactado”, analisou. Já Mano Menezes, que dirige o rival Inter, aprovou por completo a nova regra. “Em função da grande quantidade de jogos por temporada, no Brasil, acho bom. Dentro do planejamento técnico, também favorece a criação de estratégias, específicas para cada jogo.”

Tiago Gomes, que deixou a comissão técnica do Grêmio e atualmente treina o Brasil de Pelotas na Série C do Brasileiro, vê como positiva a regra das cinco substituições. “Isso já acontecia há muitos anos nas categorias de base no país. E possibilita maior qualidade do jogo, aumenta a possibilidade dos treinadores criarem estratégias dentro da partida”, acredita. E também penso que mais jogadores no banco propicia que os treinadores tenham um número maior de opções e não precise, na maioria das vezes, improvisar jogadores em posições que não são suas. Enfim, acho que toda a regra que sofra alteração para a melhoria do espetáculo, considero como positiva", completou.

Por sua vez, o jornalista Juca Kfouri, é curto e grosso em sua análise. “Favorecerá os mais ricos com elencos mais fortes. E exporá os treinadores menos competentes”, disse. Comentarista da Rádio Guaíba, Carlos Guimarães considera as medidas saudáveis, com seus poréns. “Com cinco substituições, as partidas ficarão mais intensas. Mais gente descansada entrando em campo, e com 15 jogadores na reserva, os treinadores terão maior possibilidade de mexer em suas equipes. Eles terão a possibilidade de mudar o repertório e o jogo ficará mais ativo. Considero um jogo parado muito ruim. Mais mexidas, mais partidas melhores”, afirmou. Guimarães acredita ainda que as novas regras vão ajudar mais os clubes com maior poder aquisitivo. “A gente vai ver processo de desigualdade, aliás, isso já acontece atualmente. Temos equipes supermilionárias, que estão concentrando um grande número de excelentes jogadores em campo e no banco. E quando fazem as alterações, quem entra mantém o nível alto. E grandes jogadores já estão concentrados em poucos times”, disse. “É bom para o espetáculo, mas está criando uma distância enorme entre ricos e pobres. Estamos entrando em uma era onde dificilmente veremos uma surpresa ganhando um título de expressão”, profetizou. “O que pode salvar é o mata-mata, pois aí existe uma estratégia pontual para um confronto. Mas em um campeonato de pontos corridos, veja só a Premier League, em que os ricos Manchester City e Liverpool predominam, chegando quase aos 100 pontos, e deixando os adversários para trás, com quase 20 pontos a menos. Os mais ricos vão ganhar campeonatos com quase dez rodadas de antecedência", afirmou. "Então repito, o mata-mata pode ser uma solução, pois tem um pouquinho mais de imprevisibilidade. Mas acho saudável. Futebol não pode ter apenas três substituições, mas cria este efeito colateral, que é o distanciamento entre ricos e pobres", completou.


Poster oficial da Copa do Mundo do Catar, que acontece este ano, de 21 de novembro a 18 de dezembro
| Foto: KARIM JAAFAR / AFP / CP

Foram testadas quatro regras na competição

No ano passado, a Fifa observou no torneio Future of Football Cup, competição sub-19 disputada na Holanda, algumas regras que tinham como objetivo aumentar a intensidade das partidas, que ganharam mais tempo de bola rolando e menos paralisações. Apesar do testes, a Fifa ainda está avaliando os resultados para fazer no futuro uma solicitação formal ao IFAB. Ela nega a intenção de colocar em prática estas regras no momento. As quatro possibilidades são: 

  •  Dois tempos de 30 minutos no lugar dos dois tempos de 45 minutos. Nesta nova regra, porém, o relógio é parado sempre que o jogo é paralisado, como falta, lateral, tiro de meta ou escanteio; 
  •  Lateral cobrado com os pés e para si mesmo. O jogador não precisa passar para um companheiro nessas bolas paradas. É só parar a bola no local da infração ou no escanteio e sair jogando sozinho;
  •  Cartões amarelos têm uma punição extra. O jogador que receber o amarelo terá que ficar 5 minutos fora, deixando o time com um atleta a menos nesse período. Ele pode retornar normalmente depois desse tempo;
  •  Substituições ilimitadas. Um jogador que for substituído pode retornar depois. E o técnico pode alterar os jogadores quantas vezes quiser.
Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895