Beach Tennis: a nova praia dos gaúchos

Beach Tennis: a nova praia dos gaúchos

Mescla de tênis e vôlei, o Beach Tennis conquista cada vez mais adeptos e se consolida como um esporte de sucesso

Facilidade em aprender, a modalidade é considerada um dos fatores para que o Beach Tennis tenha ganho tantos praticantes nos últimos anos. Professores dizem que a curva de aprendizado é rápida e em poucos meses já é possível a participação em competições amadoras

Por
Mauri Dorneles

Da Zona Norte à Zona Sul, do Centro à Região Metropolitana, é possível notar muitas mudanças em Porto Alegre. Entre as novidades na centenária capital, uma prática se tornou comum e vem crescendo diariamente entre o público: o Beach Tennis. O jogo de areia, no entanto, não fica exatamente às margens do Guaíba, mas sim espalhado por quadras de esportes que aumentam em número a cada dia na cidade.

Criado na Itália na década de 1980, o esporte chegou ao Brasil só em 2008, no Rio de Janeiro. De acordo com a Confederação Brasileira de Tênis, entidade que regula a prática no país, o esporte é uma mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badminton. Suas regras e práticas também têm se modificando ao longo dos anos. Segundo a Federação Internacional de Tênis (ITF, na tradução para o inglês), o “Beach”, como carinhosamente é chamado pelos seus amantes, é praticado por mais de 500 mil pessoas no mundo todo.

Em Porto Alegre, conforme Aurélio Mello, diretor de Beach Tennis da Federação Gaúcha de Tênis, e um dos responsáveis por trazer o esporte à Capital, não é possível quantificar, mas acredita que a cidade tenha cerca de 200 quadras de areia. O que explica a larga adesão de gaúchos de todas as idades, segundo Mello, é a facilidade do esporte, que o diretor define como democrático.

“É um dos esportes mais fáceis para praticar, qualquer idade pode começar a jogar, por isso têm muitas famílias jogando. Em dois meses de prática, depois que se aprende, é possível que uma pessoa já consiga disputar um campeonato amador. No tênis, tu levas muito tempo para aprender a jogar, o beach tu pisas na areia e já sai jogando”, destaca. 
O que não é muito democrático são os valores para iniciar a prática em si. Em uma pesquisa rápida, encontra-se raquetes a partir de R$ 400. Já o investimento em aulas, de acordo com Mello, que são feitas em grupo, saem por R$ 70 por aluno. Um dos fatores que levou ao crescimento exponencial nos últimos anos pode ter sido o efeito da pandemia, de acordo com o diretor, já que o esporte é praticado ao ar livre e sem contato físico. O que faz ainda o esporte ter muitos adeptos é a atmosfera criada, que vai além do clima, segundo Mello. A mesma opinião tem a empresária e atleta amadora de beach tennis Vanessa Neis, de 43 anos.

“É um esporte divertido e inclusivo, abrange gente de todas as idades, tudo que é nível de aptidão. Você vê pessoas com físicos mais avantajados, que em outro esporte não se desenvolveriam tão bem, jogando super o beach tennis. Para mim, é como se fosse uma terapia. Eu brinco que é meu Rivotril natural”, diverte-se a atleta que começou a praticar o esporte em 2019.

O Rio Grande do Sul é uma potência atual no esporte, sendo o maior campeão da Copa das Confederações, a maior disputa do Beach Tennis no País, onde ostenta o tricampeonato brasileiro. Hoje, segundo a ITF, o Brasil é a segunda maior força do mundo no esporte, atrás apenas da Itália.

O Rio Grande do Sul é uma potência atual no esporte, sendo o maior campeão da Copa das Confederações, a maior disputa do beach tennis no País, onde ostenta o tricampeonato brasileiro. Hoje, segundo a ITF, o Brasil é a segunda maior força do mundo no esporte, atrás apenas da Itália. Porém, em relação ao ensino, pela grande escala de consumo do esporte, um dos problemas do beach tennis é a falta de regularização da profissão de professores da área.

Regularização é falha


Federação Gaúcha e Conselho de Educação Física alertam para a necessidade de que aulas sejam dadas só por profissionais | Foto: Alina Souza

Pela grande escala de consumo do esporte, um dos problemas atuais do beach tennis é a falta de regularização da profissão de professores da área. De acordo com o diretor da modalidade da Federação Gaúcha de Tênis, um dos problemas enfrentados hoje no esporte é a falta de profissionais qualificados, devido à alta demanda de alunos. “Está faltando professores. Esse é hoje um grande problema, mas a gente não consegue ter o controle. A gente traz cursos de preparação de professores, de três níveis, isso dá uma base para a pessoa dar aula. O ideal seria formação de Educação Física. Hoje, esse filtro está muito difícil. Hoje, tem professores de Educação Física, atletas que jogam e dão aula e gente despreparada também”, destaca Aurélio Mello.

A opinião do dirigente é a mesma do Conselho Regional de Educação Física da 2ª Região (CREF2/RS) sobre o ensino do esporte: um profissional preparado de Educação Física evita, principalmente, e previne lesões nos alunos e atletas. Em nota, o Conselho ainda ratificou que “somente profissionais de Educação Física estão aptos a prestar treinamento de beach tennis ou outros esportes de raquete”, explicou.

De acordo com o presidente do Conselho, Alessandro Gamboa, qualquer outro que pratique orientação do esporte está incorrendo em exercício ilegal da profissão. “É inequívoco que o treinador de beach tennis seja o profissional de Educação Física, pois está enquadrado nas atividades privativas deste profissional, sendo que a supervisão inadequada pode ocasionar lesões físicas de variada natureza, colocando a saúde coletiva em risco”, destaca.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895