Boa safra deve consolidar cultivo da canola no Estado

Boa safra deve consolidar cultivo da canola no Estado

Expectativa dos produtores é que volume da colheita salte das 33 mil toneladas do ano passado para mais de 50 mil toneladas neste ano

Reneu e esposa

Por
Felipe Dorneles

A safra de 2021 se desenha como histórica para os produtores de canola do Rio Grande do Sul, que ampliaram a área cultivada em 15%, vislumbram uma colheita cheia e esperam preços compensadores. 

Segundo dados da Emater/RS-Ascar, foram semeados 40.183 hectares com a oleaginosa, sendo que 22.658 estão localizados na região de Santa Rosa, maior polo produtor. A produtividade deve crescer 34% sobre a do ano passado e chegar a 1.310 quilos por hectare. Por conta disso, a produção promete dar um salto, de 33,8 mil toneladas em 2020 para mais de 50 mil toneladas neste ciclo. 

Para Vantuir Scarantti, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Canola, o cultivo tem conseguido alcançar o objetivo de crescer 30% ao ano no Brasil. “A cultura fidelizou produtores e novos estão entrando”, afirma. Scarantti, que também é gerente agrícola da Celena Alimentos, avalia que, além de matéria-prima para o óleo, a canola já se consolidou como fonte de farelo, insumo importante para produção de proteína. Do volume processado, 38% vira óleo e 58% farelo.

Segundo o dirigente, o farelo é fortemente demandado pelos criadores de bovinos de leite, aves de postura e suínos. Ele admite que a demanda de óleo para o consumo humano tem limites, mas lembra de outras alternativas para a canola, como a exportação e a fabricação de biocombustível. “Trabalhamos para atender a demanda de alimento e depois buscamos as outras cadeias”, revela.

José Vanderlei Waschburger, gerente regional da Emater em Santa Rosa, diz que as lavouras estão com bom potencial produtivo. A maior parte delas já chegou à fase de floração e enchimento do grão. Houve ocorrência de geada nas etapas de florescimento e início de formação dos grãos. Estima-se perda de 11% na produtividade.
“A cultura está se consolidando”, constata Waschburger. “Houve avanço da tecnologia, os agricultores começaram a ter melhores resultados de produtividade e o preço de mercado está bom”, enumera, como causas do cenário atual.

Para Waschburger, a ampliação da área ocorre por investimento de produtores que se adaptaram à cultura e apostam na expansão e também pela opção feita por novos, que estão se interessando e entrando na atividade. A Emater leva informações das alternativas ao agricultor. A assistência técnica está mais vinculada às empresas, que fazem o fomento para adquirir o produto.

Produtor amplia a área e aposta na rotação

Uma produção planejada e com diversificação de grãos no solo. Essa é a aposta do produtor Reneu Weide, de Tuparendi, no Noroeste do estado. Em uma área de 670 hectares ele cultiva soja, trigo, milho e canola. Do inverno do ano passado para este, a área destinada para a canola subiu de 80 hectares para 117 hectares.

O plantio da oleaginosa ocorreu em maio e a colheita está prevista para setembro. Depois disso, o espaço é destinado para a soja. Weide entende que a canola é uma cultura de substituição, uma alternativa rentável para a propriedade. 

O produtor, que cultiva as lavouras com a família, aposta em uma colheita de 30 sacas por hectare, melhor que a do ano passado, que sofreu com a geada. A produção já tem comercialização garantida com a Celena Alimentos. Weide não travou a cotação, mas garantiu o mesmo preço da saca de soja para o momento da comercialização. 

Com a experiência de ter sido um dos primeiros plantadores de canola da região, na localidade de São Roque, Weide sustenta que a gestão da propriedade não pode depender apenas de uma cultura. “Não deixamos nada mais em pousio. A área está sempre toda ocupada. É uma estratégia de manejo de solo com cobertura que tem dado certo. É uma maneira de ocupar toda a área e com rentabilidade”, explica. 

Neste sistema rotativo, que protege o cultivo de invasoras e resistência de pragas, Weide passa o ano entre plantios e colheitas de canola e trigo, no inverno, e milho e soja, no verão.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895