Camisas para reviver as Copas do Mundo

Camisas para reviver as Copas do Mundo

Lançado como uma espécie de aperitivo para o evento no Catar, livro de cinco autores argentinos resgata 1,4 mil modelos que vestiram seleções dos cinco continentes e que marcaram presença em todos os 21 mundiais anteriores

Ernesto Molinero (D) ao lado dos colegas argentinos autores do Atlas. Em mais de 250 páginas, são ao todo 1.400 camisas a serem saboreadas por quem gosta de futebol e não vê a hora de chegar a Copa do Mundo

Por
João Paulo Fontoura

“Gostaria de ter todas. As que têm valor histórico são muito caras.” A afirmação seguida de lamentação poderia ser do repórter, talvez do leitor, mas é de Ernesto Molinero, um dos cinco autores do livro “Atlas Mundial de Camisas: a história, as lendas e as raridades nas cores de todas as seleções de futebol”, lançamento da editora Planeta. 

Há cinco anos, após o sucesso da publicação de um Atlas com as camisas de clubes argentinos, ele, Sebastián Gándara, Alejandro Turner e Agustín Martínez incorporaram Pablo Aro Geraldes, jornalista, colecionador de camisas, para contar de uma maneira diferente a história das Copas. “A pesquisa foi longa. A partir de cada partida, rastreamos com que camiseta cada equipe jogou. Vimos que mudavam de camisas até no mesmo jogo. Um trabalho de busca de fotografias, de ler matérias de jornais, (às vezes em preto e branco) e entrevistas. Deu bastante trabalho também identificar países que antes existiam e jogaram mundiais e hoje não existem mais”, conta Molinero.

Às vésperas da Copa do Catar, folhear as 256 páginas do livro é viajar no tempo. Desde a Copa de 1930, no Uruguai, até hoje, é possível ver pelas imagens uma evolução estética. E a explicação é simples. Os tecidos evoluíram. A Copa da Alemanha em 1990, segundo os pesquisadores, marca a explosão de cores, tecidos e desenhos. Surgiram exemplos mais vistosos, frutos também da guerra da tecnologia entre as marcas. Nem todas as seleções carregam no uniforme as cores da bandeira dos países. Na América do Sul, o bordô em alusão à farda da guarda nacional da Venezuela é um exemplo. Curiosamente algumas delas estão entre as mais tradicionais na Europa.

“A Itália tem a Azurra, que é alusiva à Casa de Savóia, a Holanda, à Casa Real Orange, a Alemanha, às velhas cores do império germânico”, explica o escritor. Países africanos nem sempre usam as cores da bandeira ou características do país. De lá, veem as combinações mais curiosas quando o autor responde sobre alguns tipos de uniformes diferentes. “Elas incorporam desenhos com apelidos que os identificam como leões, leopardos, girafas ou zebras. Emblemáticas são as de países socialistas como Iugoslávia, Tchecoslováquia, União Soviética”, conta.

A única maneira de ter a coleção completa é, portanto, desfrutar “con los ojos”, conforma-se Molinero, que se despede opinando sobre os modelos do Catar: “Não vi todas ainda, mas confio que a da França será bonita. Gostei do desenho da do Brasil. Da Argentina, já houve mais bonitas. Me chamou a atenção a da Dinamarca, com o escudo da mesma cor da camisa”.


Foto: Divulgação / CP


As camisas de todas as seleções campeãs | Foto: DIVULGAÇÃO / CP

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