Craques fora da Copa

Craques fora da Copa

Alguns ídolos do futebol, mesmo fazendo história em clubes e países, nunca conseguiram participar de um Mundial

Atacante Gareth Bale, ex-Real Madrid, terá a oportunidade de, aos 32 anos, disputar uma Copa do Mundo defendendo o País de Gales

Por
Chico Izidro

O País de Gales vai voltar a disputar uma Copa do Mundo depois de 64 anos – a primeira e última vez aconteceu em 1958, na Suécia, quando chegou até as quartas de final, caindo para o Brasil, por 1 a 0, no primeiro gol de Pelé em Mundiais. Porém, o que se destaca na volta dos galeses à disputa é que o atacante Gareth Bale, ex-Real Madrid, terá a oportunidade de, aos 32 anos, disputar uma Copa. A história de craques que nunca conseguiram participar de um Mundial é extensa, registrando nomes como o italiano Valentino Mazzola, o sérvio-brasileiro Dejan Petkovic, o francês Éric Cantona, o húngaro Ladislao Kubala, o finlandês Jari Litmanen, o argentino Alfredo Di Stéfano e o liberiano George Weah, entre outros.

E se Gareth Bale terá a sua grande chance, isso foi impossibilitado ao seu conterrâneo Ryan Giggs, ídolo do Manchester United que atuou pela seleção galesa entre 1991 a 2007 sem nunca ter conseguido classificar o time nem para uma Eurocopa nem para uma Copa do Mundo. Ele é o segundo jogador com mais títulos na história do futebol, atrás apenas do brasileiro Daniel Alves. Outro galês ausente da disputa foi o ex-atacante Ian Rush, hoje com 60 anos e que defendeu o Liverpool em duas ocasiões (1980-1987) e (1988-1996), sendo o maior artilheiro do clube, com 346 gols em 660 partidas. Outro craque britânico que também nunca foi a um Mundial é o norte-irlandês George Best (1946-2005), também ídolo dos Diabos Vermelhos nos anos 1960 e 1970, com direito a uma estátua em frente ao estádio Old Trafford. A sua Irlanda do Norte disputou a Copa de 1958, mas ele começou sua trajetória pela seleção na década de 1960, fez sua última partida pela Irlanda do Norte em 1977. Mas a equipe só disputaria o torneio novamente em 1982.

Na África, uma grande ausência foi o liberiano George Weah, eleito o melhor jogador do mundo em 1995, quando defendia o Milan. Se tivesse aceitado se naturalizar francês, talvez tivesse ido a uma Copa. Na França, ele atuou pelo Monaco e Paris Saint-Germain. Na Europa, Weah anotou 135 gols em 349 jogos e em toda a carreira ganhou 11 títulos pelos clubes que passou. Mas nunca conseguiu levar a Libéria, país sem tradição no futebol, a nenhuma Copa. Ele bateu na trave quando, em 2001, acumulou as funções de técnico e jogador da seleção, ficando perto da classificação para o Mundial da Coreia do Sul e Japão, perdendo a vaga para a Nigéria por apenas um ponto. Em 1996 chegou a custear do próprio bolso a participação do seu país em uma Copa Africana de Nações. Weah é o único número 1 da Fifa a não disputar um Mundial.

Mais recentemente, houve a ausência em Copas do craque francês Éric Cantona, que brilhou com a camisa do Manchester United no início da década de 1990. No entanto, em seu auge a França não se classificou para as disputas em 1990, na Itália, e em 1994, nos Estados Unidos. 

As ausências do Mundial

E nesta Copa do Mundo, que será realizada no Catar entre novembro e dezembro, também é grande o número de ídolos que estarão ausentes, indo do egípcio Mohamed Salah, passando pelo austríaco David Alaba e até o norueguês Erling Håland. Uma das mais sentidas é a do atacante Mohamed Salah, do Liverpool. Aos 29 anos, Salah ficou em terceiro lugar no prêmio The Best de Melhor jogador do Mundo, mas viu seu Egito ser eliminado nos pênaltis pelo Senegal nas Eliminatórias Africanas. Na Europa, está fora o goleiro Gianluigi Donnarumma, que defende o PSG e é campeão da Eurocopa pela Itália, eliminada pela Macedônia do Norte na repescagem europeia. Porém, com 23 anos, ele ainda terá outras oportunidades. O mesmo caso ocorre com o centroavante Erling Haaland, da Noruega, e que recém trocou o Borussia Dortmund pelo Manchester City. Na temporada passada, passou bom tempo afastado dos gramados e não conseguiu ajudar a Noruega a voltar à Copa depois de 24 anos de ausência. Mas com apenas 21 anos, terá muitas chances ainda de disputar a competição.

O zagueiro e lateral David Alaba não conseguiu evitar a eliminação da Áustria na repescagem europeia. Ex-jogador do Bayern Munique e atualmente no Real Madrid, onde foi campeão da Liga dos Campeões, terá 33 anos na próxima edição da Copa do Mundo, em 2026. Os austríacos estiveram presentes no torneio pela última vez em 1998. Outro fora é o goleiro do Atlético de Madrid, Joan Oblak, de 29 anos, um dos melhores do mundo, mas que joga pela modesta seleção da Eslovênia, que esteve presente em duas edições do torneio, em 2002 e 2010. Por fim, um craque africano que nunca conseguiu disputar uma Copa é o atacante Aubameyang, atualmente no Barcelona, e que defende a seleção do Gabão. Aos 32 anos, ainda tentará disputar a competição em 2026, quando terá 36 anos.


Na Europa, está fora da Copa do Catar o goleiro Gianluigi Donnarumma, que defende o PSG e é campeão da Eurocopa pela Itália, eliminada pela Macedônia do Norte na repescagem europeia | Foto: Ina Fassbender / AFP / CP

As faltas dos craques de décadas passadas

O craque italiano Valentino Mazzola teve o seu auge nos anos 1940, época da Segunda Guerra Mundial, quando não houve disputa de Mundiais. E antes que pudesse ter uma chance, acabou morrendo, aos 30 anos, no acidente de Superga, que vitimou todo o elenco do Torino, em 1949. Alfredo Di Stéfano não disputou as Copas de 1950 e 1954, porque a Argentina não se classificou. Logo depois se transferiu para o Real Madrid, onde se tornou o maior craque da história do clube. Em 1958 não foi à Suécia porque naquela época não era comum jogadores que jogassem fora dos seus países de origem serem convocados. Ele acabaria se naturalizando espanhol e poderia ter ido ao Mundial do Chile pela Fúria. Foi convocado, mas acabou se lesionando e foi cortado da lista final. Outro argentino ausente do torneio foi José Manuel Moreno, um dos grandes nomes do futebol portenho na década de 1940, integrando o histórico ataque do River Plate intitulado La Maquina. Porém ele viveu seu auge no período da Segunda Guerra Mundial, onde não houve Mundiais.

O húngaro Laszlo Kubala, nascido em Budapeste, marcou quase 300 gols pelo Barcelona nas décadas de 1940 e 1950. Ele defendeu as seleções da Tchecoslováquia, Hungria e Espanha, mas jamais conseguiu a classificação. Com os espanhóis, esteve perto da Copa de 1962, mas acabou cortado por lesão. Já Alberto Spencer, o maior jogador da história do Equador e ídolo-mor do Peñarol entre 1960 e 1972, jamais conseguiu levar seu país até uma Copa do Mundo.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895