Domingo de 38ª Maratona Internacional de Porto Alegre

Domingo de 38ª Maratona Internacional de Porto Alegre

Atletas de vários países participam da competição na Capital e revelam os pontos fortes da corrida

Por
Victória Rodrigues*

Treinos longos e fortes, preparação física e mental. Esses são alguns dos caminhos que os atletas vão enfrentar para correr a prova principal da 38ª Maratona Internacional de Porto Alegre, que acontece neste domingo. Ainda antes do amanhecer, os corredores devem se reunir aos poucos nos arredores do Barra Shopping Sul e iniciar as preparações para a prova. A temperatura e o percurso plano são os principais atrativos para os atletas, tanto amadores quanto profissionais. O trajeto de 42 quilômetros inclui, neste ano, a região do Centro Histórico, fazendo com que mais pontos turísticos significativos de Porto Alegre façam parte do trajeto, e ainda assim, mantenham as características da maratona.

Natural de Pernambuco, Wellington Bezerra, mais conhecido na cena do atletismo como Cipó, escolheu participar da prova em Porto Alegre logo no início do ano. Maratonista de alto rendimento, iniciou sua preparação correndo a meia maratona de São Paulo e, logo depois, viajou para o Quênia, onde ficou cinco semanas e meia. O atleta conta que no início foi um pouco difícil a adaptação por conta da altitude no país, mas conseguiu aproveitar bem o ciclo de treinos. Agora, está preparado para enfrentar os 42km da capital gaúcha pela primeira vez. “Espero que o clima em Porto Alegre esteja propício para que possamos pôr em prática tudo que trabalhamos nesses seis meses e que a gente consiga buscar um grande resultado”, conta.


Neste ano, o evento vai distribuir cerca de R$ 180 mil em premiações, o que chamou ainda mais atenção dos atletas no momento da inscrição. Atual campeã da Meia Maratona, Jéssica Ladeira participa pela segunda vez e destaca que o prêmio em dinheiro contribui para que mais atletas, inclusive de outros países, participem do evento. “No ano passado, não tivemos premiação em dinheiro na meia maratona”, revela Jéssica. “A premiação em dinheiro nesse ano valoriza mais ainda a maratona, que é uma das provas mais difíceis por conta da distância”, segue.

Para quem não for às ruas acompanhar a prova tanto no sábado como no domingo, o evento será transmitido ao vivo no canal da Olympikus no YouTube, e, em TV aberta, pela TVE e TV Brasil, o que aumenta a proximidade com o público, além de dar mais visibilidade para a disputa. “Essa divulgação é boa para nós atletas, porque a gente acaba sendo conhecido pelos telespectadores de fora também”, observa.

Os pequenos também vão ter a oportunidade de participar do evento. A Maratona Kids inclui crianças de 3 a 14 anos na prova e incentiva a formação de novos corredores na cena do atletismo. Neste ano, a Maratoninha recebeu um número considerável de inscrições: foram em torno de 500 crianças. A prova não terá pódio, somente uma medalha de participação, o que não gera uma pressão nos pequenos em relação à disputa. 

Organizador da Maratona e diretor do Clube de Corredores de Porto Alegre (Corpa), Paulinho Stone comenta sobre este evento ser o pontapé inicial para incentivar as crianças a iniciarem participação no esporte. “Estamos semeando novos corredores para o futuro, mais pessoas em busca de uma vida saudável, com atividade física desde a infância, o que nos deixa muito contentes”, comemora, em tom de orgulho.

*Sob supervisão de Carlos Corrêa

Geny Mascarello: uma história que se confunde com a da própria corrida

Quando começou a correr despretensiosamente aos 26 anos em 1980, apenas para cuidar da saúde, Geny Mascarello jamais imaginou onde o esporte a levaria. Hoje, aos 69, heptacampeã da Maratona Internacional de Porto Alegre (1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1992 e 1993), a atleta olha para trás e se orgulha da trajetória que construiu. Afinal, ela acompanhou a prova desde o seu início e percorreu todos os caminhos que levaram o evento a se tornar o que é hoje. Ou seja, a Maratona de Porto Alegre é um pouco de Geny. E Geny é um pouco a Maratona da Capital.

Durante toda sua trajetória profissional, a atleta treina na Sogipa e considera o lugar como sua segunda casa. Quando surgiu a oportunidade de correr na Maratona de Nova Iorque, uma das maiores do mundo e seu sonho desde o início da carreira, foi o que mais motivou a atleta a vencer a disputa em Porto Alegre em 1993, onde estabeleceu o recorde gaúcho na prova de 2h44min01. “Quando eu ia para o treino e estava morrendo de cansada, eu sempre me transportava para Nova Iorque e me imaginava lá”, relembra. Ao todo são 50 maratonas na carreira, porém a de Porto Alegre tem um peso especial para ela. “Essa Maratona é meu sonho realizado”, se emociona. “Eu fico emocionada porque é realmente uma vida inteira em torno disso”.

Apesar da vasta carreira e de inúmeras conquistas, Geny ainda busca mais uma para a conta. Ano que vem, quando completa 70 anos, a atleta tem o objetivo de bater o recorde nessa categoria, de 3h25min. Neste ano, Mascarello irá correr a meia maratona, de 21km e com toda sua experiência dá algumas dicas para quem vai correr as provas e de como manter o foco durante toda a corrida. “É sempre bom proteger as extremidades, então largar com uma luvinha para proteger do frio. O que dá para fazer também é passar uma vaselina nas pernas e nos braços, para proteger a pele”, explica. Geny diz ainda que o principal é aproveitar o momento da prova ao máximo. “O dia da prova é farra, é festa. O mais difícil já passou que é o treinamento, então na hora é só aproveitar.”

Neste ano, a Maratona de Porto Alegre fará o troféu Geny Mascarello para a vencedora dos 42km, uma forma de homenagear a atleta que vive a Maratona desde que ela nasceu. Além disso, o troféu para o vencedor masculino terá o nome do jornalista Armindo Antônio Ranzolin, outro nome que marcou a história da disputa.

Após anos de história, Geny Mascarello tornou-se um símbolo do atletismo gaúcho, levando o nome da cidade para diversos países. A atleta está bastante animada com a prova deste ano e se emociona quando fala sobre a homenagem. “A Maratona de Porto Alegre é a minha maratona, onde eu nasci, onde eu cresci, onde eu me tornei o que eu fui”, destaca. “Vocês não sabem o quanto isso é significativo pra mim”.


Geny Mascarello durante um treino na Sogipa em 1983. Um ano depois a atleta conquistaria seu primeiro de sete troféus na Maratona Internacional de Porto Alegre / CP Memória


Símbolo do atletismo gaúcho, Geny colecionou experiências ao longo da carreira. Entre elas estão a Maratona de Nova Iorque, a Maratona de Montevidéu e o Mundial de Atletismo / CP Memória

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895