Educação Parental une esforços de pais e escola

Educação Parental une esforços de pais e escola

Dirigida a famílias e ambiente escolar, proposta visa construir uma forte rede de apoio

Conversa em Família é proposta que o Colégio Santa Inês desenvolve

Por
Maria José Vasconcelos

Os desafios atuais, que surgem com velocidade e novidades constantes na Educação, mobilizam escola e família. O objetivo é comum: desenvolvimento saudável do educando, numa rede de apoio mútuo em que cada um tem seu papel distinto, mas que se articulam na busca de maior conhecimento, informação e conexão positiva e enriquecedora entre crianças e adultos.

Outro fator que cresce é a compreensão sobre o importante papel dos pais em aspectos educacionais. E este domingo, dia de saudar o pai, também serve para lembrar a relevância de ele participar ativamente e estar envolvido com o ensino do filho, em casa ou no ambiente escolar. 

Nessa perspectiva, um dos enfoques que cresce no Brasil é a Educação Parental. Se trata da educação dos pais para apoiarem o desenvolvimento dos filhos. Objeto de estudos em vários países, o tema se reporta ao seu início na Áustria, e levado aos Estados Unidos pelos austríacos Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, em meados de 1920. No Brasil, o enfoque evoluiu, especialmente, na última década. Contudo, ações pedagógicas em educação social com foco na parentalidade ainda são escassas. São intervenções de apoio e orientação de pais em ação conjunta entre escola e família.

A educadora parental Stella Azulay, da empresa Juntos Educação Parental, argumenta que “a paternidade responsável contribui para a construção de cidadãos melhores e de uma sociedade mais justa”. Nesta data dos pais, acrescenta que “tem que fazer parte dos debates de toda a sociedade”. Apesar de avanços, lembra o levantamento “Retrato da Paternidade do Brasil”, do Grupo Boticário, indicando que 90% dos homens defendem a divisão de tarefas nos cuidados diários com os filhos. Porém, o mesmo estudo mostra que só 50% dos entrevistados se consideram participativos na vida das crianças. Segundo Stella, a paternidade responsável é a divisão de tarefas domésticas e cuidados com os filhos. Em participação e construção conjunta de regras e referências da casa, para que sejam respeitadas de maneira gentil e propositiva, com firmeza e autoridade, sem autoritarismo ou agressividade. “E os resultados do exercício da paternidade responsável são famílias harmoniosas, nas quais prevalece o diálogo”, resume.

Para Renata Prosdocimi, psicóloga escolar do Colégio Santa Inês, em Porto Alegre, hoje se fala muito em Educação Parental, em abordagem de disciplina positiva, dirigida a famílias e escolas para ajudar a desenvolver ferramentas para o encaminhamento de situações e questões de forma mais dialógica e não ameaçadora. Explica que há maior possibilidade de construir uma rede de apoio e proteção para todos, buscando maiores conhecimentos e informação, se ocorrer investimento, cada vez maior, na conexão das crianças com os adultos. Dessa forma, ressalta ser “fundamental a aproximação entre escola e família, para construir um ambiente protetivo e favorecedor de um desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes em todos os aspectos através de trocas, diálogo e debates”, afirma Renata. 

Com o projeto “Conversa em Família”, que surge, em 2003/2004, da necessidade de oportunizar momentos de troca, a especialista revela que o Santa Inês discute e avalia, em conjunto, como resolver conflitos, como uso telas ou hábitos de estudo (ver box). Salienta que é importante pensar que os pais têm saber sobre seu filho, por isso, com a escola, o intuito é pensar como um lugar de parceria, “não no sentido de ensinar pai e mãe, mas de refletir sobre questões que envolvem a experiência contemporânea. Um não substitui o outro, porém, juntos, criam rede de apoio. Acrescentando que não existem receitas prontas, mas trocas para a busca de resoluções possíveis por meio do diálogo e apoio, para traçar parâmetros e ações. E que o projeto se consolida como relevante espaço para acolher e desenvolver estratégias facilitadoras a crianças e jovens.

Projeto

  • O “Conversa em Família” é uma proposta do Colégio Santa Inês, que visa oportunizar momentos de formação, orientação e troca entre as famílias e a escola.
  • Idealizado pelos setores de Psicologia e Serviço de Orientação Educacional, ocorre em diferentes formatos e modalidades.
  • Suas ações, geralmente, partem da escuta de demandas e preocupações, as quais surgem nos Núcleos Pedagógicos, oriundas de educadores, familiares e estudantes.
  • Envolve programação variada, com especialistas, ao longo do ano.
  • Mais dados: Colégio Santa Inês (https://csi. santainesrs.com.br; ou https://l1nq.com/0D5LV). E Revista PUCRS (https://l1nq.com/BVCf8).

PL Aprovado

Com o pressuposto de que todas as crianças têm direitos fundamentais – como à vida, à liberdade, à educação, ao esporte, ao lazer e ao brincar, entre outros –, políticas atuais visam garantir desenvolvimento saudável, dignidade e bem-estar. Com essa visão, uma conquista recente para auxiliar no cumprimento dessas garantias é a aprovação do Projeto de Lei 2.861/2023, que pode instituir a parentalidade positiva e o direito ao brincar como estratégias prioritárias para a prevenção da violência contra crianças. Aprovado na Câmara dos Deputados na quarta-feira (9/8), o Projeto de Lei (PL) seguirá para apreciação no Senado e, depois, pode ser encaminhado para a sanção da Presidência da República. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895