El Niño promete normalidade à safra de soja

El Niño promete normalidade à safra de soja

Retorno do fenômeno climático, que se caracteriza pelo aumento no volume de chuvas, deve interromper duas temporadas de perdas significativas na produção do grão no Rio Grande do Sul no ciclo 2023/2024

Por
Patrícia Feiten

As plantadeiras só entrarão em campo daqui a dois meses, mas a largada no novo ciclo da soja no Rio Grande do Sul já é aguardada com forte ansiedade. Para os agricultores gaúchos, que se recuperam de prejuízos decorrentes de duas estiagens consecutivas atribuídas ao fenômeno La Niña, a safra 2023/2024 da oleaginosa sinaliza uma virada de página. Em meio aos preparativos para o início da semeadura, a expectativa no setor é que as condições climáticas mais favoráveis – os modelos de previsão agora apontam o retorno do El Niño, o que significa bons volumes de chuva – possibilitem a retomada dos níveis de produção históricos ou mesmo uma performance recorde nas lavouras. Na temporada 2022/2023, o Estado colheu apenas 12,5 milhões de toneladas do grão, uma redução de 39% frente ao resultado projetado, de acordo com dados da Emater/RS-Ascar.

“Foi a pior safra da última década, com 43% de aumento no custo dos insumos”, resume o vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e coordenador da Comissão de Grãos da entidade, Elmar Konrad. A disparada foi consequência direta da guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado, explica o dirigente. Com as sanções impostas à Rússia, o conflito gerou um temor de escassez de fertilizantes e provocou um aumento imediato dos preços desses itens, já que o país euroasiático é a origem de 80% dos adubos usados na agricultura brasileira. Desde então, os valores de alguns dos produtos mais consumidos já despencaram até 70%, segundo estimativas de consultorias especializadas em agronegócio.

Parte desse alívio, porém, foi neutralizada pela queda acentuada nas cotações da commodity, principal item de exportação do Rio Grande do Sul. O aumento de oferta, em razão da produção recorde de soja em nível nacional, contrastou com a baixa capacidade de armazenagem dos silos no Brasil – uma situação agravada pela colheita do milho, que disputa os mesmos espaços de estocagem. “Essa pressão de mercado trouxe patamares ínfimos. Já houve uma recuperação, hoje (a saca de 60 quilos no Estado) está em R$ 139, mas muito foi vendido a R$ 125”, compara Konrad. 

O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, acrescenta que grande parte dos produtores está descapitalizada. Segundo Da Luz, no ciclo 2021/2022, o seguro rural foi decisivo para amenizar o rombo das propriedades rurais afetadas pela estiagem. “Em 2023, não tivemos esse efeito do seguro. Plantamos uma safra caríssima e, na hora de colher, o pouco que foi colhido foi mal vendido, por conta da queda dos preços”, diz. 

Luciano Henkes (à direita, com o pai, Ernani) busca safra cheia | Foto: Ernani Henkes / arquivo pessoal. 

Outro impasse é o alto grau de endividamento no setor. “Os produtores estão dando um jeito junto aos agentes financeiros. O problema é que esse jeito torna o acesso a um crédito novo caro. Os produtores pressionam ainda mais as cooperativas e revendas de insumos para fazerem compras a prazo, o que termina encarecendo a próxima safra”, afirma Da Luz. O economista lembra que o grande volume financeiro colocado à disposição do agronegócio corresponde a financiamentos com juros livres. Dos R$ 364,2 bilhões anunciados no novo Plano Safra para a agricultura empresarial, para operações de custeio, comercialização e investimento, apenas pouco mais da metade (R$ 186,4 bilhões) são recursos com taxas controladas.

A nova safra de soja também é desafiante para os pequenos agricultores. Como os limites de renda para enquadramento no Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) não foram ampliados, muitos perdem o acesso às linhas de crédito com taxas subsidiadas. “O espírito (nesta safra) é colher uma safra cheia, vender bem e voltar para a normalidade. Mas é difícil conseguir esse aumento de produção numa situação em que tu tens endividamento elevado e pouco espaço para a tomada de novo crédito”, afirma Da Luz. 

Para o agricultor e pecuarista Luciano Henkes, de Sarandi, a safra pós-estiagem será influenciada por dois imperativos – maior produtividade e eficiência na gestão financeira. Henke, que também é multiplicador de sementes, cultiva em torno de 720 hectares com soja e avalia que a desvalorização do grão representa um dos maiores desafios dos produtores neste próximo ciclo. “Normalmente, a gente colhe mais em ano de El Niño. Espero uma safra melhor e algum tipo de recuperação dos preços, por isso também a nossa busca de baixar o custo”, explica. 

Na tentativa de extrair o máximo do campo e ampliar a receita da fazenda, após dois anos frustrados pela falta de chuva, o produtor diz que vem dando mais atenção a manejos de cobertura do solo, além de diversificar a produção com outras culturas de verão e inverno. Outra de suas estratégias é o uso cada vez maior dos bioinsumos, que adota na lavoura há quase uma década. Fazem parte do arsenal do produtor os fertilizantes orgânicos, como a cama de aviário, solubilizadores de fósforo, inoculantes biológicos e fungicidas de base biológica. Com os resultados positivos, Henkes planeja implantar uma biofábrica na propriedade. “O manejo biológico não tem perdido para o químico e eles podem andar em conjunto. O que estamos buscando, como uma forma de reduzir o custo, é produzir na própria fazenda”, diz. 

Queda nos custos e alta nos preços traz esperança

Equilíbrio entre contas e rentabilidade vai depender, entretanto, do tamanho da safra de soja norte-americana, que começa a entrar no mercado mundial a partir da segunda quinzena de setembro e está estimada em 117 milhões de toneladas

Analista explica que despesas com a produção da oleaginosa devem ser reduzidas em até 30% neste segundo semestre, em razão daqueda nos preços de fertilizantes e defensivos | Foto: Roberto Kazuhiko Zito / Embrapa / Divulgação / CP.

Após dois anos de custos de produção nas alturas e estiagens, os agricultores deverão contabilizar no ciclo 2023/2024 uma queda de 20% a 30% nas despesas com a lavoura de soja, graças ao declínio dos preços de fertilizantes e defensivos agrícolas, estima o economista Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras & Mercado. A segunda metade do ano também promete cotações mais atraentes para o grão do que as registrados no primeiro semestre, com um avanço nos prêmios de exportação. A grande incógnita, segundo o analista, é o tamanho da produção norte-americana, que começa a entrar no mercado internacional a partir da segunda quinzena de setembro.

No último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), divulgado em julho, a projeção da safra americana foi reduzida de 123 milhões para 117 milhões de toneladas, em razão da redução da área plantada no país. “A produção (dos EUA) não vai ser recorde, e o mercado encontra alguma sustentação nisso. Só que, olhando mais para a frente, a partir de janeiro fevereiro, o que vai pesar é o tamanho da produção na América do Sul”, observa Gutierrez. O clima mais favorável no continente pode significar preços mais pressionados no primeiro semestre de 2024. “A recuperação da produção argentina vai colocar no mercado uma soja excedente que a gente não teve neste ano”, diz Gutierrez.

Atualmente, a saca de soja de 60 quilos é comercializada em média a R$ 147, de acordo com o Indicador da Soja Esalq/BMF&Bovespa, após ter rompido a marca de R$ 200 no início do ano passado. Neste ano, apesar dos prejuízos causados pela estiagem à colheita gaúcha, a grande oferta de soja resultante da produção recorde em termos nacionais acabou derrubando as cotações da commodity e os prêmios de exportação do grão, que chegaram a ser negativos. “Até o final do ano, os prêmios podem continuar subindo um pouco. Mas, para 2024, a tendência é de uma safra grande de novo. É possível vermos a repetição desse movimento negativo no primeiro semestre”, alerta Gutierrez. 

Diante desse cenário, segundo o analista, a recomendação é antecipar a venda do produto. “O produtor está atrasado na comercialização da safra nova e precisa avançar. Neste último ano, ele antecipou menos e levou muito risco para a frente. E aí teve de vender com preços mais baixos no primeiro semestre”, observa Gutierrez. Para o câmbio, o economista prevê que a moeda norte-americana se mantenha abaixo de R$ 5. “É outro ponto que pode não ser muito favorável para o produtor, também por isso é importante ele aproveitar este momento”, destaca. 

Com 60 hectares destinados à lavoura de soja em sua propriedade no interior de Três de Maio, o agricultor Valmir Trevisan está otimista com relação ao novo ciclo. Na última safra, a estiagem causada pelo fenômeno La Niña comprometeu 75% da produção em sua região. “Em 2021, nem colhemos, nem foi passada a colheitadeira. No ano de 2022, foram colhidos em média 15 sacos por hectare”, relata. Desta vez, ele iniciará mais um plantio na esperança de colheita superior a 60 sacas por hectare. Os preparativos estão acelerados: com a melhora na relação de troca entre o grão e os fertilizantes, todos os insumos necessários já foram comprados. “Digamos que voltou à normalidade”, avalia o produtor. 

Trevisan vem aproveitando o período para práticas de correção do solo. Mas, se o La Niña ficou para trás, a possibilidade de chuvas acima da média associada ao El Niño exige cautela. O temor é de um fenômeno semelhante ao de 1997 – um dos mais fortes da história –, quando enchentes e enxurradas deixaram mais de 160 municípios em situação de emergência no Rio Grande do Sul. “Nossa preocupação é com o excesso de chuva, o risco de erosão. (Pode) prejudicar a germinação da semente, o estabelecimento da lavoura. E com os tratos culturais no combate a doenças pelo excesso de umidade”, afirma Trevisan.

O agricultor espera negociar a soja nesta temporada por valores acima de R$ 160 a saca. “Ainda não comercializamos nada, esperando os preços reagirem. E também porque estamos esperando o retorno do seguro agrícola”, explica. Trevisan diz que está atento às notícias sobre o desempenho da safra norte-americana e a situação dos estoques mundiais da oleaginosa. “A nossa safra (no Sul) é a última ser colhida. A falta de infraestrutura e logística para colocar nossa soja nos portos faz com que os prêmios pagos às vezes cheguem a ser negativos, pressionando os preços para baixo”, observa.

Mudança no calendário

Os sojicultores gaúchos ainda aguardam uma resposta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sobre o calendário de plantio da soja no Estado. Em julho, a pasta publicou portaria com os períodos recomendados para 21 unidades da federação. No caso do Rio Grande do Sul, a janela de semeadura foi reduzida em 40 dias na comparação com o ciclo passado, tendo sido estabelecida de 1º de outubro deste ano a 8 de janeiro de 2024. O setor produtivo argumenta que a mudança inviabiliza a safrinha da oleaginosa. Para revertê-la, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) solicitou ao governo federal que o prazo seja estendido até 18 de fevereiro. A Federação da Agricultura (Farsul) também enviou documento ao ministério com o mesmo pedido.

Instituído como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, o calendário de semeadura tem o objetivo de reduzir a incidência da ferrugem asiática da soja. A mudança levou em conta a análise de dados do Consórcio Antiferrugem, que detectou aumento da doença na safra 2022/2023, devido às chuvas.

Rotação de culturas levou a soja às terras baixas

Na safra 2022/2023, 506 mil hectares de soja foram plantados em áreas antes destinadas à orizicultura, a maior extensão já registrada pelo Irga nos últimos 14 anos, mas expansão na Regional Zona Sul deve começar a diminuir, afirma especialista

Nos últimos 15 anos, a produção de soja no Rio Grande do Sul ganhou impulso como alternativa de rotação de culturas em áreas de várzea. Na safra 2022/2023, de acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o cultivo da oleaginosa em terras destinadas à orizicultura atingiu 506 mil hectares, a maior extensão registrada em 14 anos de levantamento. Já o arroz irrigado ocupou cerca de 840 mil hectares no Estado, o que aponta uma redução de 12% na área semeada em relação ao ciclo anterior. Entre as regiões arrozeiras monitoradas pela autarquia, a soja despontou com mais força na Zona Sul, onde o grão foi semeado em 109,9 mil hectares no ciclo 2021/2022 e, na última safra, chegou a 148,9 mil hectares, enquanto o território do arroz foi de 137,5 mil hectares. 

Para o engenheiro agrônomo Igor Kohls, coordenador da Regional Zona Sul do Irga, a perspectiva de chuvas abundantes em razão do El Niño poderá colocar um freio natural nessa expansão, já que muitos agricultores da região vinham semeando em áreas suscetíveis a inundações, como proximidades de rios. “Como se marcava La Niña, (o produtor) acabava tendo sucesso. Agora, temos uma pequena tendência de redução da soja, porque o produtor tende a deixar de fora essas áreas de risco”, explica. Segundo Kohls, cerca de 70% das áreas cultivadas na região são arrendadas e os produtores trabalham com planejamentos de longo prazo. “Por isso, acho que não vai haver grandes variações de área, tanto no arroz como na soja”, diz.

O avanço da soja no extremo sul orizícola resultou de um conjunto de fatores, segundo o agrônomo. A aposta na rotação começou há cerca de 15 anos, como uma solução para as propriedades arrozeiras que vinham perdendo a batalha contra plantas daninhas, como o arroz vermelho. “A soja foi a cultura que mais se adaptou às condições de solo de difícil drenagem. Os produtores começaram a testar novas tecnologias ou práticas de manejo, a corrigir o solo, a utilizar cultivares mais adaptadas, plantadas num período mais recomendado. Com isso se começou a ter uma certa estabilidade produtiva”, explica Kohls. Nas últimas três safras, a média de colheita da Zona Sul foi de 50 sacas por hectare, acima do patamar histórico de 13 anos, de 43 sacas por hectare.

Ao mesmo tempo em que ingressou na lavoura arrozeira, a soja passou a ocupar áreas de pecuária extensiva nas propriedades da Zona Sul. Segundo o agrônomo, a região tem potencial para cultivo de 1 milhão de hectares com o grão. Um dos aspectos que contribuem para esse crescimento é a presença de rios e lagoas. “Nas últimas três safras, a gente enfrentou estiagem em todo o Estado, o produtor começou a investir em sistemas de geração para garantir a produtividade que as cultivares oferecem”, destaca Kohls. 
Com lavouras em Santa Vitória do Palmar e Turuçu, Carlos Weymar é um dos orizicultores do extremo sul do Estado que aderiram ao sistema rotacionado com a soja. Há cerca de seis anos, ele iniciou o cultivo da oleaginosa em busca de maior rentabilidade na atividade rural. Hoje, semeia em torno de 650 hectares, somando-se as duas propriedades que administra. “Sou meio novato na soja, entrei com muito receio, justamente por causa do clima. A maioria dos produtores não tem irrigação, tem de chover na hora certa. A gente arrisca muito”, afirma. 

Apesar das dificuldades representadas pela introdução da soja na região pioneira em arroz irrigado, ele não se arrepende de ter apostado no grão. Os benefícios do revezamento entre as duas culturas de verão vão além do retorno financeiro. “Toda vez que tu entra com arroz numa resteva de soja, tem um incremento de produtividade de (pelo menos) 10%. Tem mais controle de plantas invasoras, deixa uma área mais limpa, fixa nitrogênio no solo”, exemplifica. O agricultor diz que nas últimas safras o total de hectares ocupado por cada um dos cultivos não mudou muito. “Num ano, é um pouquinho mais de arroz, em outro ano é um pouquinho menos e, onde foi menos, entrou a soja. Eu faço um pingue-pongue”, diz. 

Weymar vem conseguindo manter uma produtividade média de 45 a 50 sacas de soja por hectare. No ciclo 2022/2023, a estiagem atrapalhou, mas não o impediu de fechar o balanço financeiro da lavoura no azul. “Nunca colhi abaixo de 40 sacas (por hectare), mesmo em ano ruim. Estou todo ano tomando muito susto, mas não quebrei na soja, ela no meu caso está me ajudando”, diz. Esses resultados, segundo o produtor, foram possíveis com a adoção de boas práticas agronômicas, como adubação sob medida e correção de solo, e a investimentos em máquinas eficientes, para reduzir o consumo de combustíveis, facilitar o plantio e evitar desperdícios na colheita. No último ano, ele adquiriu um trator mais potente e uma nova colheitadeira.

Para a próxima semeadura da soja, ele projeta custos até 30% mais baixos com a lavoura frente aos do ciclo passado e já garantiu os estoques dos principais insumos. Os fertilizantes foram encomendados há três meses. No caso do MAP (fosfato monoamônico), um dos macronutrientes mais usados – e caros – usados na agricultura brasileira, o agricultor diz ter pago R$ 3,5 mil pela tonelada do item, quase metade do valor pago na safra anterior, quando encontrou a mesma quantidade de produto a R$ 6.050. “Depois, baixou mais ainda. Eu me antecipei demais, poderia ter comprado mais barato”, reflete.

Weymar planeja colocar as plantadeiras em cena na última semana de outubro, com a expectativa de encerrar a semeadura da soja até 15 ou 16 de novembro, para aproveitar as condições adequadas de umidade do solo que caracterizam a região nessa época. Se o retorno do El Niño promete chuva suficiente para o desenvolvimento da oleoginosa, também traz certa apreensão ao agricultor. “Espero que tenha umidade, porém não em excesso. Para o arroz, ano de El Nino não é tão bom, tem menos luminosidade e, às vezes, atrasa o plantio”, explica. O jeito, ensina o produtor, é estar sempre preparado para o pior. “Tenho de ter bastante máquina para fazer o meu preparo e para plantar rapidamente”, afirma. 

Cultivares corretas são diferencial na produção

Safras recordes são resultado de muitos elementos, sendo um deles o melhoramento genético que auxilia no controle de pragas e plantas daninhas, com sementes de alto potencial produtivo. E é nesse quesito que a nova temporada traz boas notícias para a sojicultura, segundo a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, Kassiana Kehl. O ciclo 2023/2024, diz ela, deverá ser marcado pela oferta de um maior número de variedades da oleaginosa com tecnologias lançadas recentemente, como a i2X, desenvolvida pela empresa de biotecnologia Bayer, a Enlist E3 e a Conkesta E3, que integram o sistema Enlist, da Corteva Agriscience. “Essas tecnologias já estão liberadas, só que até chegarem ao produtor demora uns três, quatro anos. A gente já teve, no ano passado e no ano anterior, algumas cultivares entrando, mas o volume era pequeno. A tendência é que em médio prazo isso vai crescer”, projeta Kassiana.

A pesquisadora observa que o Ensaio de Cultivares em Rede (ECR) da safra de soja 2022-2023, divulgado pela Pró-Sementes e pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) no último mês de julho, analisou 40 cultivares da oleaginosa, sendo 24 da segunda geração da tecnologia Roundup Ready (RR), da Bayer. “Das três tecnologias mais recentes, foram seis (cultivares) i2X, uma Enlist e uma Conkesta. Esse número ainda é pequeno, mas a cada ano vêm surgindo novos lançamentos”, afirma Kassiana. Com exceção da Enlist E3, as demais novidades conferem, além de resistência a herbicidas, maior eficiência no controle de lagartas, praga comum nas lavouras de soja.

Como o lançamento das tecnologias coincidiu com safras penalizadas por uma sequência de estiagens no Rio Grande do Sul, o clima prejudicou os experimentos agrícolas feitos pela fundação e ainda não há dados precisos sobre o potencial produtivo das novas variedades. “Estes dois anos foram praticamente perdidos para a pesquisa. A gente espera que este ano seja melhor e a gente consiga demonstrar o comportamento dessas novas tecnologias em situações mais normais para o produtor”, explica a pesquisadora.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895