A pecuária familiar promete voltar a ser uma atividade economicamente importante para o pequeno produtor do Rio Grande do Sul. Um projeto em parceria da Embrapa Pecuária Sul com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) pretende implantar uma Rede de Pecuária de Corte Familiar Agroecológica. Destinado a dar maior visibilidade a esta atividade nas propriedades, a rede prevê entre suas primeiras ações a implementação de oito Unidades de Aprendizagem Coletiva (UACs) na região do Alto Camaquã.
De acordo com Marcos Borba, pesquisador e chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sul, a pecuária familiar pode gerar produtos saudáveis e sustentáveis, exatamente como o mercado consumidor pede no momento. Borba explica que as UACs serão instaladas em propriedades selecionadas onde os produtores deverão fazer o registro de condições climáticas e de produção.
“Hoje se sabe que a cobertura de solo de áreas nativas de campo é fundamental na retirada de carbono da atmosfera e armazenamento dele nesse solo”, destaca o pesquisador, ao citar fatores como a história do Rio Grande do Sul na pecuária e vantagens econômicas e sociais da atividade. A ideia é que a implementação das unidades comece no mês de setembro. O deputado federal Elvino Bohn Gass, é o responsável pela emenda parlamentar de R$ 162 mil para financiamento da rede no seu primeiro ano de atividade.
Agnaldo Barcelos, tesoureiro da Fetag/RS, afirma que os trabalhos para a construção da rede tiveram início ainda em julho do ano passado e que ela faz parte de uma meta da federação: de atender os pecuaristas familiares com suas características específicas dentro do Estado. Segundo ele, além das UACs, outras três frentes de trabalho vão compor a rede. São elas a articulação política para dar a importância que a pecuária familiar tem, buscando ações públicas nas secretarias de Agricultura e Meio Ambiente; curso para a capacitação de agentes em desenvolvimento territorial e agroecologia (que deve ocorrer em agosto deste ano, com financiamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura); e formação de técnicos em curso de 12 meses na Embrapa de Bagé para depois aproveitarem o conhecimento na implementação de novas UACs.
Barcelos garante que a Fetag não pretende ser a única protagonista na construção da rede de fomento à pecuária familiar, reforçando que a entidade está aberta à soma de novos parceiros. “Nós enxergamos a pecuária familiar no Rio Grande do Sul sendo reconhecida e valorizada, com condições de competir no mercado produtivo num tempo de cinco a 10 anos. Nossas iniciativas não têm a pretensão de serem as únicas a gerar esse resultado, mas elas vão ajudar a propiciar um cenário de organização coletiva”, afirma.