Energia para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul

Energia para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul

Consideradas estratégicas, a situação atual e o potencial futuro das fontes renováveis estão em debate no Estado

Por
Felipe Faleiro

Em 2010, o Rio Grande do Sul tinha instalado em seu território um parque de geração de energia que, contando todas as fontes, renováveis ou não, somava 6.244 megawatts (MW). Dez anos mais tarde, este número havia crescido 37,4%, para 8.583 MW, fora os sistemas de mini e microgeração energética, que totalizam 573 MW. As informações, divulgadas pelo Atlas Socioeconômico do Estado, elaborado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), mostram que este aumento está sustentado, em grande parte, pela diversificação das fontes de energia, especialmente aquelas que podem ser naturalmente renovadas.

Conforme a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a capacidade instalada no RS representava, também em 2020, 5% do total do Brasil. Também no Rio Grande do Sul, 52% da matriz geradora correspondia a hidreletricidade, desde usinas, pequenas centrais (PCHs) e centrais geradoras (CGHs), 23% a termelétricas movidas a combustível fóssil ou biomassa, 23% a energia eólica e 2% a energia solar. Esta diversificação, afirma o Atlas, “tem assegurado melhorias na relação entre produção, importação e consumo no Estado”. Matrizes renováveis já são responsáveis por 80% da energia do Estado, sendo aproximadamente 20% delas energia eólica, de acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

O Correio do Povo realizou, na quinta-feira, o Fórum de Energias Renováveis, na sede do Imed, em Porto Alegre, reunindo especialistas dos setores público e privado. Na pauta principal, a situação atual e potenciais futuros das fontes renováveis no Estado, consideradas estratégicas e cuja importância se faz verificar pelo caráter de preservação do meio ambiente. Neste momento, mais do que nunca, aspectos como o aquecimento global e as mudanças climáticas já estão claramente presentes no cotidiano da população.

Fontes hídricas: mais baratas aos consumidores

As fontes hídricas são as que geram a energia mais barata para os consumidores, segundo aponta o presidente da Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (AgPCH), Roberto Zuch. De acordo com ele, além de pioneiro na área, o RS é exportador de conhecimento e tecnologia para todo o planeta. “Elas não dependem de grandes estruturas de linhas de transmissão, se posicionam próximas do centro de carga, têm pouca perda no transporte e a vida útil mais longa entre todas as fontes”, comenta o presidente da AgPCH.

A AgPCH, utilizando informações divulgadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), afirma que o Rio Grande do Sul tem 5.972 MW de fontes hídricas e é o terceiro estado da federação com maior potencial deste tipo de energia, se posicionando atrás apenas de Mato Grosso e Minas Gerais. O RS tem, atualmente, 150 usinas hídricas em operação, das quais 77 são PCHs, e que geram, no total, 913 MW. “O potencial operatório apenas das PCHs no Estado é capaz de abastecer em torno de 1,8 milhão de residências”, afirma Zuch.

A instalação de uma usina do gênero requer diversos trâmites, especialmente ambientais. O caminho é longo e a demora no licenciamento preocupa permanentemente o setor. Conforme a associação, a lentidão nos processos de implantação das PCHs e CGHs gera um atraso em investimentos que superariam R$ 4 bilhões apenas no Rio Grande do Sul. “O potencial de PCHs em licenciamento atualmente na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) teria a capacidade de dobrar a potência instalada atualmente em operação no RS”, salienta o presidente da AgPCH.

A vantagem desta tecnologia, aponta ele, é que elas não dependem de grandes estruturas de linhas de transmissão, além de estarem posicionadas próximas dos centros de carga, têm pouca perda no transporte e logística e vida útil mais longa entre todas as fontes. “Usinas hídricas instaladas aumentam o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município onde estão situadas”, afirma Zuch. Há um círculo virtuoso relacionado a esta instalação, que gera, reforça a AgPCH, incentivo ao turismo, criação de empregos, atração de indústrias, melhoria na infraestrutura local e melhores oportunidades de negócios para toda a cadeia produtiva.

Pesquisa em hidrogênio verde avança no Rio Grande do Sul


A casca de arroz e os resíduos de madeira estão entre os materiais utilizados no RS para a produção de biomassa. Foto: Alina Souza

Outra potencialmente importante é o hidrogênio verde, cuja tecnologia está em desenvolvimento, com avanços acontecendo a olhos vistos. O governo do Estado assinou em março, com as empresas Enerfin, integrante do Grupo Elecnor, e White Martins, um memorando de entendimento para aplicação de projeto relacionado ao tema no Porto de Rio Grande, no sul gaúcho. O local concentra o maior distrito industrial do Rio Grande do Sul, o que por si representa ganhos em economia e especialmente na logística.

O hidrogênio é o elemento químico mais abundante do universo, ou seja, a sua disponibilidade é praticamente infinita. “Existe uma expectativa de que a Europa poderá adquirir hidrogênio verde do Brasil, o qual será produzido em grande escala e baixo custo a partir de energia renovável de fonte eólica e solar”, afirma Felipe Ostermeyer, diretor da Enerfin do Brasil. Conforme ele, a tecnologia de uso do hidrogênio verde segue em desenvolvimento, necessitando ainda superar barreiras de competitividade, entre outras.

Esta fonte pode ser essencialmente útil para as empresas de fertilizantes e demais companhias ligadas ao agronegócio, que têm grande demanda. Para produzir hidrogênio verde, cujo nome se dá pela emissão de poluentes ser praticamente nula, há um processo de eletrólise da água, que é decomposta. Os elementos oxigênio e hidrogênio são separados e este último é armazenado para gerar energia por meio de células de combustível. Ele pode, em seguida, ser utilizado como insumo para indústrias petroquímicas, de bebidas e química, por exemplo.

Há interesse da Europa no desenvolvimento desta tecnologia, considerando a necessidade de substituição do gás importado da Rússia a partir do recente impacto sobre a oferta de energia no continente europeu em razão da guerra na Ucrânia, diz Ostermeyer. Recentemente, o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Valadão, disse ainda que este combustível poderia se tornar uma “nova commodity energética”.

“Existe a oportunidade de se chegar a uma autossuficiência e depois de uma exportação de projetos renováveis, sobretudo eólicos, que vão dar respaldo para o atendimento do mercado de hidrogênio”, diz Guilherme Sari, presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia RS), que participou do fórum em Porto Alegre. As estruturas no mar podem auxiliar na produção deste combustível, e a exportação do hidrogênio verde pode ser feita por dutos ou caminhões em terra, ou através de embarcações marítimas.

No entanto, sua produção ainda requer muita energia. Atualmente, de acordo com a ABH2, a produção de hidrogênio a partir de combustíveis fósseis requer o gasto de 1,4 dólar para cada quilo gerado. A eletrólise que gera o rótulo “verde” tem custo variável entre 5 dólares e 7 dólares por quilo. Para reduzir o custo, a biomassa está sendo vista como possibilidade para produção do combustível “a custo competitivo”, disse Valadão no Simpósio Global sobre Soluções Sustentáveis em Água e Energia, realizado no último mês de junho, em Foz do Iguaçu (PR).

A versatilidade das tradicionais fontes orgânicas

A bioenergia também foi objeto de discussão no Fórum de Energias Renováveis. Gerada por meio de fontes como matérias orgânicas de origem vegetal ou animal, ela tem a versatilidade como uma das principais características, já que é igualmente útil na produção de combustíveis, eletricidade e calor.

Em dezembro do ano passado, o governo gaúcho assinou contrato de suprimento de biometano após estudos de viabilidade feitos pela Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), com a pretensão de instalar a central de tratamento integrado de resíduos em Triunfo, na região metropolitana. Em 2016, o Estado tinha capacidade de produzir 2,7 milhões de metros cúbicos (m³) por dia de biogás, 1,5 milhão de m³ por dia de biometano e gerar 2,4 gigawatts (GW) de energia elétrica a partir da biomassa agrossilvopastoril.

Os dados são do Atlas das Biomassas, estudo encomendado pela Sulgás junto à Universidade do Vale do Taquari (Univates) e concluído no ano de 2016. De acordo com a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), o Brasil tem potencial de produção de 120 milhões de m³ diários do biogás, que poderiam suprir 40% da demanda por energia elétrica e 70% do consumo de diesel. 

A biomassa residual produzida no Rio Grande do Sul tem origem em cinco diferentes fontes, ainda conforme o documento: pecuária, especialmente dejetos de bovinos, suínos, aves, equinos e ovinos, agroindustrial, este subdividido em abate bovino, suíno, avícola e laticínios, e ainda resíduos de vinícolas, Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e aterros por meio do reúso dos resíduos sólidos urbanos. “Temos matéria-prima para utilização de biogás infinito. O Brasil produz diariamente 220 mil toneladas de resíduos domiciliares. No mínimo, 110 missão orgânicos”, disse no evento Pedro Rudimar, professor do IMED em Passo Fundo.

De acordo com a Aneel, a biomassa utilizada no Estado também provém de materiais como casca de arroz e resíduos de madeira. Os maiores índices de geração, conforme o Atlas das Biomassas, estavam na Fronteira-Oeste, detendo 16,4% do total. Na sequência, vêm o sul gaúcho, Campanha, Vale do Taquari e Serra. O potencial da biomassa está no radar de grandes empresas como a Braskem e a BSBIOS, que participaram do Fórum e expuseram suas experiências de produção.

Futuro

"O futuro é verde. O meio ambiente é a pauta". A expert em Estudos de Futuros e Neo Humanista e CEO da W Futurismo, Jaqueline Weigel, foi a palestrante de abertura do Fórum de Energias Renováveis. Segundo ela, o futuro deve instigar os líderes, nas empresas e no poder público, a pensarem a longo prazo. “Não vamos mudar o planeta em cinco anos. E é preciso saber aonde se quer chegar. Ninguém pega um avião sem saber o destino.”

Potencial a ser explorado na energia eólica


O Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, produzido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), de 2014, aponta grande potencial de usinas onshore e offshore. Foto: Alina Souza

As usinas eólicas são realidade há tempos no Rio Grande do Sul e, dadas suas características de instalação, são offshores, dentro do mar, nearshores, em lagoas, ou em terra firme, as onshores. De acordo com o Sindienergia-RS, a capacidade de abastecimento de uma usina do gênero está na base de 40 GW no mar e 10 GW em lagos. Para reduzir o impacto ambiental e nas comunidades, um grupo de trabalho integrado pelo sindicato está em contato permanente com a população de onde potencialmente pode haver usinas instaladas, bem como órgãos ambientais, como Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e Ibama, a fim de buscar soluções conjuntas e que minimizem ao máximo os riscos.

Atualmente, 13 entidades integram o GT e há pelo menos dois grandes projetos do tipo sendo estudados no litoral gaúcho, por parte da empresa Ocean Winds, cujo memorando foi assinado com o governo gaúcho no mês passado. No trecho norte, a Marinha de Tramandaí tem potencial de gerar até 700 MW e, no Litoral Sul, o Ventos do Sul poderá gerar até 6,5 GW. A intenção é replicar no Estado as iniciativas que deram certo em outros países e, para isso, o Sindienergia-RS esteve na Europa e presenciou complexos similares que também utilizam a força dos ventos para a geração energética.

“O ideal é que consigamos atrair a indústria associada a estas usinas, porque otimizamos bastante em termos de tempo, composição financeira e no meio ambiente. Além do ganho sustentável, há um ganho de geração de energia, pois passamos a exportar energia limpa”, afirma a diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia RS, Daniela Cardeal, que integrou o fórum promovido pelo Correio.

O Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, produzido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e publicado em 2014, apontava que havia “um grande potencial a ser explorado”, tanto de usinas onshore quanto offshore, com 103 GW a 100 metros de altura, em locais com velocidades de vento superiores a 7 metros por segundo, equivalente a 25,2 quilômetros por hora. Estas localizações cobriam, segundo o Atlas, 39 mil km² do Estado. Já no caso das offshores, são mais de 600 quilômetros de extensão de litoral e uma zona econômica exclusiva que cobre mais de 200 mil quilômetros quadrados de área do Oceano Atlântico.

A capacidade instalável no mar gaúcho é estimada em 80 GW a 100 metros de altura, com mesma velocidade do vento. Ainda segundo o Atlas, as usinas onshore no RS têm potencial energético de produção de 382 terawatts-hora (TWh) por ano e as offshore 305 terawatts-hora (TWh) por ano no mar e 124,9 TWh nas três principais lagoas (dos Patos, Mirim e Mangueira). “Temos uma capacidade energética de produção no mar equivalente a 50 usinas hidrelétricas de Itaipu”, disse no evento o oceanólogo Henrique Ilha, chamando este modelo de “nova revolução”. A eletricidade gerada no Brasil todo em 2020 foi de 621 TWh, de acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2021, divulgado pelo EPE.

Investimento e clima de otimismo nas novas tecnologias

O governo do Rio Grande do Sul salienta que tem investimentos em energia previstos na ordem de R$ 52 milhões dentro do programa Avançar na Sustentabilidade. Este valor é destinado para o fomento da transição energética de fontes poluentes para alternativas sustentáveis, bem como expansão da energia elétrica em zonas rurais. O governo afirma que haverá a criação de um plano setorial de hidrogênio verde e ainda um projeto de transição para regiões com vocação atual para a exploração de carvão mineral, considerando os impactos sociais e econômicos.

O Atlas das Biomassas do Rio Grande do Sul, um dos documentos com potencial para fomentar políticas públicas relacionadas ao setor energético, observa ainda que “a mudança para energias renováveis é essencial” a partir dos estudos realizados e posteriormente publicados nos diferentes anos. Embora este não seja o único documento que aponte esta necessidade de investimentos contínuos, é possível perceber que há uma convergência de ideias que levam a uma realidade mais sustentável em um futuro imediato.

Em geral, há um clima de júbilo e expectativas crescentes entre os profissionais envolvidos em todas as etapas da cadeia produtiva e de distribuição. Neste contexto, existe uma grande possibilidade de que, não muito longe no futuro, a energia elétrica que chega até a residência dos consumidores, ou o combustível abastecido em um automóvel, apenas para citar alguns exemplos, seja proveniente de uma fonte renovável cuja tecnologia ainda hoje esteja em desenvolvimento. “A transformação será enorme e atingirá muitas atividades da economia tradicional, incluindo os processos industriais e as cadeias de transporte e serviços”, afirma Felipe Ostermeyer, da Enerfin, um dos desenvolvedores do projeto de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul.

Energia solar cada vez mais popularizada e com instalação menos burocrática


O Rio Grande do Sul é o segundo estado do Brasil com a maior potência fotovoltaica instalada e o terceiro do país em número de instalações de geração distribuída. Foto: Guilherme Almeida

A energia solar é uma das mais difundidas no Brasil e este fato não é diferente no Rio Grande do Sul. Painéis solares são largamente vistos em residências, comércios, indústrias e edifícios públicos, denotando que a tecnologia associada às instalações não apenas está mais popularizada, como sua instalação está cada vez menos burocrática. Parte desta afirmação vem de uma maior facilidade para a aquisição de financiamentos, liberados por bancos privados e especialmente instituições financeiras cooperativadas, que estão visualizando o potencial deste mercado, principalmente em comunidades do interior gaúcho.

“Quanto mais se utiliza a tecnologia, mais ela acaba sendo barateada. Isso é um fenômeno mundial que chegou ao nosso país”, afirma Frederico Boschin, conselheiro nacional da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), além de diretor técnico e conselheiro do Sindienergia-RS. A ABGD afirma que o país ultrapassou, em março deste ano, a marca de 10 gigawatts (GW) de geração distribuída, como é chamada a energia gerada a partir de fontes próprias e deve superar a barreira dos 15 GW até o final de 2022. É um salto considerável: conforme a associação, o país passou de 9 para 10 GW instalados em apenas 67 dias.

Existe, no Brasil, mais de 1,1 milhão de conexões totais deste tipo de fonte, também segundo a ABGD, 43,6% delas para consumo residencial, o maior contingente entre as classes aferidas. O comércio vem na sequência, com 33,2%. Em seguida, aparecem os segmentos rural (13,9%) e industrial (7,9%). A energia solar é a dominante entre as fontes de mini e microgeração de eletricidade, respondendo por 97,7% do total. “Acrescentar cerca de 8 GW em um ano significa entregar o equivalente a meia Itaipu”, ressalta o presidente da Associação, Guilherme Chrispim. O Rio Grande do Sul responde por 118 mi unidades consumidoras e 1.128 GW de potência instalada, segundo o deputado estadual Zé Nunes, presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Microgeração e Minigeração de Energia Renovável, participante do evento. 

O conselheiro Frederico Boschin aponta ainda que a energia solar se tornou a “grande vedete do Brasil”. Na opinião dele, esta fonte é benéfica em períodos e regiões mais secas. “Se não chove, tem sol. E o preço da energia dispara porque não é possível gerar energia a partir de fontes hidrelétricas e precisamos fazer o acionamento de usinas térmicas. De um lado, temos comparativamente um tipo de energia mais caro, mas o custo da solar caindo”. Ainda segundo o conselheiro, a regulamentação é “bastante preferencial” às instalações de energia solar e o caráter modular dos próprios painéis, que podem ser instalados de um até milhares por vez, facilita esta personalização dos projetos.

Conforme o Atlas Solarimétrico do Rio Grande do Sul, em “qualquer região do território gaúcho” é viável à implantação de projetos de aproveitamento da luz do sol dentro dos limites de inserção no Sistema Elétrico Regional ou ainda em sistemas isolados. De maneira geral, Dom Pedrito, na região da Campanha, é o município, dentre 34 grandes e médios do Estado aferidos pelo projeto, incluindo Porto Alegre, com o maior índice de radiação solar no ano, com 5,042 quilowatt-hora por metro quadrado (kWh/m²).

O Rio Grande do Sul é o segundo estado do Brasil com a maior potência fotovoltaica instalada e o terceiro do país em número de instalações de geração distribuída. “Todos os cenários apresentados atualmente mostram a energia solar como a fonte energética que mais crescerá no mundo até 2050”, diz o Atlas. O documento aponta ainda que, ao utilizar apenas 2% da área não urbana do RS, apta para instalação de projetos fotovoltaicos, é possível instalar uma potência total de 23 GW de energia e produzir, anualmente, cerca de 34 TWh de eletricidade. O número, descreve o documento, é equivalente à média do consumo gaúcho de energia elétrica registrada nos últimos sete anos, incluindo as perdas do sistema.

De maneira geral, os debates sobre energias renováveis têm como norteador a transição energética. O Rio Grande do Sul e o Brasil se comprometeram a reduzir a emissão de poluentes em até 50% até o ano de 2030 a partir das metas assumidas no Acordo de Paris. O diálogo contínuo entre o poder público e a iniciativa privada são vistas como igualmente fundamentais, tanto na parte de regulação destas tecnologias quanto na própria implantação e acompanhamento dos projetos ao mercado consumidor. Desta forma, os painéis do Fórum de Energias Renováveis buscaram ouvir todos os segmentos relacionados e se posicionar como uma importante arena de debates no Estado.

Painelistas do Brasil e do exterior


Palestra de Jaqueline Weigel, CEO da W Futurismo. Foto: Alina Souza

Ao todo, o Fórum de Energias Renováveis teve sete painéis, três no período da manhã e quatro à tarde, com a presença de mais de 20 palestrantes, tanto do Brasil como do exterior. Em meio aos debates, chamou a atenção a troca de experiências por parte dos palestrantes e mediadores. O público em geral pôde acompanhar as conversas sobre os mais variados assuntos relacionados aos desafios das energias renováveis no Rio Grande do Sul nos vídeos abaixo:

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895