Especial 7 de Setembro: um testamento e um coração

Especial 7 de Setembro: um testamento e um coração

Por
Christian Bueller

O testamento de Dom Pedro I foi o documento mais pesquisado na Biblioteca Digital do Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto. Foram 753 pesquisas de usuários diferentes em um mês. A biblioteca da corte atribuiu a alta demanda à chegada do coração do primeiro imperador do Brasil ao país — parte da comemoração do Bicentenário da Independência. O documento de oito páginas é composto por dois trechos: o primeiro assinado em Paris em 21 de janeiro de 1832 e, o segundo, em Lisboa, em 17 de setembro de 1834, escrito quando o imperador já estava doente. 

Ele morreu sete dias depois, em 24 de setembro.
Nas duas partes, o imperador faz recomendações sobre o destino dos bens no Brasil e na Europa, reconhece dívidas e dá orientações sobre o próprio enterro. “Não quero que meu enterro seja feito com outra pompa além das honras que se costumam praticar nos enterros dos generais”, pede. Em outro trecho, ele também orienta sobre o que deve acontecer com seus empregados e pede que a sua segunda esposa, a duquesa Amelia de Leuchtenberg, fique responsável pelos seus criados. “Desejo que minha esposa conserve, enquanto puder em seu serviço, o meu amado e fiel criado José Maria, não esquecendo todos os mais que com tanta fidelidade me tem servido.”

O coração de D. Pedro I chegou a Brasília em 22 de agosto. O órgão do primeiro imperador do Brasil é conservado em formol em uma urna e veio da cidade do Porto, em Portugal, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Foi a primeira vez em 187 anos que o coração do ex-imperador deixou Portugal. O órgão ficou exposto no Palácio do Itamaraty para visitação pelo público até a última segunda-feira, dia 5.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895