Estudo recompensado na bagagem de férias

Estudo recompensado na bagagem de férias

A época é de descanso, mas estudantes que se destacaram em 2023 ainda comemoram o bom desempenho nas atividades escolares, agora projetando mais empenho e alcance de sonhos que o conhecimento proporciona

Guilherme foi o 1° colocado no Vestibular de Medicina da Ufrgs.

Por
Ana Julia Zanotto*

Essa época de férias remete ao descanso, ao lazer e serve para recarregar baterias para o ano que entra. No caso de estudantes brilhantes, vale relaxar e ainda desfrutar dos resultados obtidos ao findar a agenda letiva que já se foi.

Seja no Ensino Fundamental, no Ensino Médio ou no Superior, conquistas na educação devem ser celebradas. E quando anos de estudo e foco levam ao alcance de um sonho, o sentimento de realização preenche e estimula a vida estudantil. No RS, dois estudantes que conquistaram 1° lugar colhem, neste ano, resultados para agregar conhecimentos e experiências. Um deles, de 19 anos, se destacou no vestibular de Medicina da Ufrgs. E o outro, com 10 anos, nas Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e Astronáutica.

Medicina 

Guilherme Forneck foi o 1° colocado no vestibular de Medicina da Universidade Federal do RS (Ufrgs). O jovem de 19 anos é de São Leopoldo e estudou como bolsista no Colégio Luterano Concórdia. Decidiu que cursaria Medicina no final do Ensino Médio. Iniciou os estudos no ano seguinte à formatura, com videoaulas e cursinho on-line. E relata que foi fase importante para fortalecer a base dos conteúdos e revisar assuntos que não foram aprofundados na escola.

No segundo ano de estudos, Guilherme fez cursinho presencial, focando em simulados e reforço em pontos fracos. “Em 2022, perdi a vaga por causa da redação. E em 2023 eu pensei: ‘Espero que a redação não me tire’”, conta. Mas a própria dica do aluno, de trabalhar pontos fracos, fez efeito na 2ª tentativa. Assim, em 2023, na pré-posição – nota sem a redação – Guilherme foi o 3° colocado. Na classificação final, considerando a prova escrita, ficou na 1ª colocação (box).

Outra dica do futuro estudante de Medicina da Ufrgs é aprender a lidar com o tempo de que dispõe e entender os limites do próprio corpo. “É importante ter um estudo eficiente e guardar o máximo conteúdo possível no menor período de tempo”, sugere Guilherme. E ele ainda ressalta a importância de descansar e recarregar as energias para ter dias de estudos mais produtivos. 

Astronomia

Felipe de Matos Schmitt, aos 10 anos de idade, é medalhista nas Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e Astronáutica. O escolar, que mora em Capão da Canoa, gabaritou a prova e foi homenageado pelo prefeito Amauri Magnus Germano.

Recém-aprovado no 6° ano do Ensino Fundamental, Felipe é uma criança superdotada. Ele possui altas habilidades em quatro áreas do conhecimento: Matemática, Ciências, História e Geografia. As características foram percebidas pela professora Mônica de Souza, ainda quando estava no 4° ano. O aluno da Escola Municipal Prudente de Moraes, localizada no Distrito de Curumim, em Capão, demonstrava interesse e conhecimentos para além do que era ensinado em sala de aula. “Fui percebendo outros indícios e falei com a família, mas sem tentar diagnosticar. Sugeri que os familiares também tentassem perceber essas características e buscassem profissionais”, lembra a professora Mônica.

Felipe, 10 anos, é medalhista nas Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e Astronáutica. Ele mora em Capão da Canoa e foi homenageado pelo prefeito Amauri Magnus Germano.| Foto: Camila Daitx de Matos / Especial / CP

A partir disso, os pais Camila Daitx e Maurício Schmitt iniciaram a investigação. A mãe reforça que o cuidado e apoio dos profissionais da escola e dos outros espaços por onde Felipe passou foram fundamental para que os pais soubessem como atuar e estimular o filho. A psicopedagoga Michelle Barcellos foi responsável pelo processo de adaptação de Felipe no ambiente escolar, além de todos os testes aplicados e da contribuição no laudo de altas habilidades.

Após a descoberta da superdotação, o aluno Felipe realizou uma prova para progressão de série escolar. E, em agosto de 2023, passou do 5° para o 6° ano. “A gente sabia que ele tinha muitas facilidades, mas não sabíamos que era superdotação. Esse foi um ano desafiador e de muito aprendizado”, diz a mãe.

Felipe gosta muito de estudar e busca conhecimento por conta própria. A mãe Camila relata que durante a pandemia de Covid-19, o filho finalizava suas atividades on-line e assistia videoaulas sobre os mais diversos assuntos. “Quando pensa no que quer ser, ele vai de professor de Matemática a tudo. E eu pergunto ‘quem sabe um astronauta, filho?’, e ele me responde ‘quem sabe, tô ainda pensando’.”

A mãe revela que nos testes feitos, Felipe apresentou conhecimento intelectual proporcional entre 9° ano do Fundamental e Ensino Médio. Porém, os pais se preocupam em preservar a infância do filho e em não afastá-lo das crianças que são da sua faixa etária.

Já no desempenho nessa Olimpíada, a professora Mônica assinala que, assim que viu as inscrições abertas para o concurso, já inscreveu o Felipe. “Eu sabia que ele seria o aluno certo para fazer e enfrentar esse desafio.”

Autodidata em seus estudos, Felipe já chegou a dar ‘aula’ para a própria turma e professora. “Ele sabe muito sobre os planetas e estuda por fora da aula. É um conhecimento muito além de mim”, confessa a docente.

Para os pais do menino, esse reconhecimento que o filho está recebendo é importante, principalmente, para aumentar a visibilidade sobre os estudantes que são superdotados. “Esse diagnóstico é importante, porque, caso o aluno não seja estimulado de acordo com o seu respectivo nível, ele pode perder o interesse na escola e nos estudos”, acrescenta a professora.

Tanto Felipe quanto Guilherme finalizaram o ano de 2023 com realizações e reconhecimento. E o balanço que eles fazem é de seguir avançando, nos estudos e na vida, levando na bagagem trajetória de estudos, de experiências e de conquistas pessoais.

*: sob supervisão de Maria José Vasconcellos

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895