Gravemente atingido pela pandemia, que cancelou eventos e restringiu o movimento em diversos setores da economia, a cadeia produtiva da floricultura precisou se reorganizar. No começo de maio em uma das datas mais favoráveis para o segmento, o Dia das Mães, houve incremento de 10% na comercialização de flores, comparado ao mesmo dia nos últimos dois anos, em relação aos dois últimos anos, segundo estimativa da Associação Riograndense de Floricultura (Aflori).
O presidente da entidade, Walter Winge, avalia que a pandemia reduziu a representatividade da floricultura no Rio Grande do Sul. Até 2020, afirma o dirigente, havia cerca de 900 propriedades com produção de plantas e flores ornamentais. Este número caiu “consideravelmente” nos últimos 24 meses, pois vários produtores decidiram por diversificar seus cultivos. “Muitos deles passaram a se dedicar também aos hortifrutigranjeiros ou acabaram abandonando o ramo mesmo”, destaca.
Neste ano, conforme Winge, o aumento de combustíveis e da energia elétrica está criando uma insegurança ainda maior nos produtores. “Os preços estão desajustados, pois este é um setor que necessita de aquecimento, automação”. Além disso, alerta, a ausência de fertilizantes prejudica especialmente este mercado, pois as flores são cultivadas em substratos praticamente inertes, dependendo única e exclusivamente da fertilidade que é adicionada pela adubação química. “Faltando isso, não há como cultivar. Ao contrário das outras culturas, que tem o solo como substrato natural”,diz.
Levantamento realizado pela Cooperativa Cooperflora analisa os impactos destes fatores para o mercado de flores e o descompasso gerado na cadeia produtiva. De acordo com o diretor-geral da entidade, quando o floricultor achou que se encaminhava para a normalização, eclodiu a guerra na Ucrânia, com reflexos sobre os fertilizantes. Nos custos de produção, a cooperativa indica que foi necessário absorver a alta dos preços dos plásticos de estufa, dos defensivos agrícolas e do diesel, que subiu mais de 100% desde o início da pandemia”, analisa.
Na avaliação do diretor do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Renato Opitz, a recuperação do setor, com a retomada dos eventos, está ocorrendo de forma gradual. “Por enquanto, a questão mais importante é buscarmos o equilíbrio novamente entre a oferta e a demanda. Durante a pandemia não houve tanta demanda para flores de corte e outras. Por isso, ocorreu também uma redução da produção. Nós estimamos que no segundo semestre esse equilíbrio deva ser estabelecido”, ressalta Opitz.