Feira traz diversidade e novo olhar

Feira traz diversidade e novo olhar

Realizada, pela primeira vez, de forma virtual, a 66ª Feira do Livro de Porto Alegre aposta na diversidade de autores e temas

Por
Maria José Vasconcelos e Vera Nunes

Chegar aos leitores de diferentes maneiras e em mãos e bolsos de todos os tamanhos – mantendo a qualidade de sempre e contando com o mesmo apoio e carinho de seu público – é o grande desafio dessa 66ª Feira do Livro de Porto Alegre, que, pela primeira vez, acontece em formato totalmente digital, até 15/11. Sônia Zanchetta, coordenadora da programação Infantil e Juvenil, destaca que a forma virtual oportuniza maior participação de estudantes e resulta em larga programação, que, entre outros, envolve contação de histórias, encontro com autores e lançamento de livros (box). Além disso, Sônia festeja que também permite “trazer” autores de diferentes gêneros e lugares, ampliando seu importante olhar para a bibliodiversidade – diversidade cultural aplicada ao mundo do livro e das editoras. E outra novidade é a relação do público com editoras e livreiros da Feira, que possibilita conhecer e adquirir obras de modo on-line.

Bibliodiversidade

As coloridas estantes virtuais dessa Feira registram presenças capazes de oferecer repertório variado e inclusivo ao público infantojuvenil, com literatura indígena, afro-brasileira ou popular, e contemplando a linguagem de sinais (Libras). A literatura indígena traz autores como Eliane Potiguara e Yaguaré Yamã, a afro-brasileira, Kiusam de Oliveira ou Rogério Andrade Barbosa (provavelmente o autor com mais livros publicados sobre o tema). E contribuições na literatura popular e oral têm Otávio Júnior, conhecido por abrir a primeira biblioteca nas favelas do Complexo do Alemão e Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. A lista inclui Lenice Gomes e outros, como Celso Sisto, Rosana Rios, André Neves, Caio Riter, Beatriz Myrrha, Eliandro Rocha e a patrona da Feira de 2019, Marô Barbieri.

A relevância em tratar temáticas como a indígena se justifica por não ser tão conhecida e explorada e pelo caráter educativo, com possibilidades escolares. Dados nacionais e do RS, conforme registros do Ibope referentes a abril de 2019, mostram que, no Brasil, são 3.345 escolas indígenas, 255.888 matrículas de alunos e 22.590 professores na área. E o Estado possui em torno de 90 escolas. Segundo a professora Ana Cristina Motta, da Escola Municipal Ana Íris do Amaral, na Capital, “é muito necessário trabalhar essas questões, porque é nossa identidade, a do povo brasileiro. As crianças precisam ter acesso para saber que temos uma história e cultura que não é feita só do que vem de fora e que se compra como pronto. A gente desconhece o que se produz aqui, daí a relevância desse trabalho em sala de aula”. A professora cita Daniel Munduruku quando diz que precisamos fazer as pazes com nosso passado porque só o passado vai nos impulsionar para a frente. E argumenta que devemos “entender como foi esse processo de colonização, de invasão desse país, porque só assim vamos compreender e avançar para a construção de um futuro melhor, com mais respeito às diferenças”.

Agenda Cultural

Este ano, a programação infantil e juvenil traz mais de 20 autores, que realizam 20 encontros com estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, às 9h e às 14h, através da plataforma da Feira. Da mesma forma, há 20 contações de história a cargo de Bárbara Catarina e Carmen Lima, pela manhã à tarde. Todas as atividades são abertas ao público, inclusivas e com acessibilidade. Não é necessário inscrição prévia e elas ficam gravadas para serem assistidas em qualquer horário após sua estreia. A Petrobras Cultural para Crianças é patrocinadora da programação infantil e juvenil. Os Encontros Petrobras na Feira envolvem atrações, como lançamentos, concertos e debates, nos dias 8, 10 e 14/11. Transmissão pelo site da Câmara Rio-Grandense do Livro: www.feiradolivropoa.com.br. 

Aquisições On-Line

Ainda com dificuldade para estimar participação e compras nesta edição virtual, Sônia assinala que a Área Infantil e Juvenil da Feira foi sempre muito qualificada e focada na formação de novos leitores e mediadores de leitura. Mas chegou a perder público e restringir atrações no passado, ao ser transferida do espaço no Cais para a Praça da Alfândega. Essa edição, com lojas virtuais e muitas novidades ao público infantojuvenil, deve deixar, além do legado da oportunidade de vendas on-line estruturada, a possibilidade de trazer, para as próximas feiras, o formato híbrido, permitindo ampliar o alcance do evento. O site da Feira possibilita compras de livros, bastando ir até a aba Lançamentos ou Bancas para acessar cada banca e pesquisar obras, ofertas e descontos. Já a entrega de livros ocorre de forma diferenciada pelos expositores.

Programação

9 de novembro, segunda-feira 
9h às 10h – Encontro com Otávio Júnior. 
10h30min às 11h – Contos  africanos, de Rogério Andrade Barbosa, contação de história com Bárbara Catarina. 
14h às 15h – Encontro com Eliandro Rocha. 
15h30min às 16h – Leila, de Tino Freitas, contação de história com Carmen Lima.

10 de novembro, terça-feira
9h às 10h – Encontro com  Simone Saueressig. 
10h30min às 11h – Contos  folclóricos brasileiros, de Marco Haurélio, contação de história com Carmen Lima. 
11h30min às 12h - Contação  de história acessível com o Saco de Mafagatos. 
14h às 15h – Encontro com  Lenice Gomes. 
15h30min às 16h – As aventuras do Gato Marquês, de Ieda de  Oliveira, contação de história  com Bárbara Catarina. 

11 de novembro, quarta-feira 
9h às 10h – Encontro com  Eliane Potiguara. 
10h30min às 11h – Contos e Lendas da Terra do Sol, contação de história com Bárbara Catarina. 
14h às 15h – Encontro com Gláucia de Souza. 
15h30min às 16h – As serpentes que roubaram a noite, de Daniel Mundurku, contação de história com Carmen Lima. 

12 de novembro, quinta-feira
9h às 10h – Encontro com  Marta Lagarta. 
10h30min às 11h – A princesa Anastácia, de Elma, contação de história com Carmen Lima. 
14h às 15h – Encontro com  Marô Barbieri. 
15h30min às 16h – A princesa que não queria aprender a ler, de Heloísa Prieto, contação de história com Bárbara Catarina. 

13 de novembro, sexta-feira 
9h às 10h – Encontro com  Christian David. 
10h30min às 11h – No meio da noite escura tem um pé de maravilha, de Ricardo Azevedo, contação de história com Bárbara Catarina. 
14h às 15h – Encontro com  Yaguaré Yamã. 
15h30min às 16h – Ao pé das fogueiras acesas, de Elias José,  contação de história, Carmen Lima. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895