Floresta energética preserva mata nativa

Floresta energética preserva mata nativa

Produtores de tabaco aumentaram o uso de lenha de eucaliptos para aquecer as estufas e, com isso, reduziram o corte de árvores da Mata Atlântica

Por
Patrícia Feiten

Nas últimas décadas, enquanto acompanhavam com apreensão a ofensiva antitabagista e o declínio no consumo de cigarros, os fumicultores gaúchos promoveram uma discreta revolução. Como boa parte das plantações de tabaco fica nas proximidades da Mata Atlântica, a meta era banir o desmatamento associado à cultura – mais precisamente, a exploração de lenha nativa para alimentar as estufas usadas na secagem das folhas de fumo, conhecida como cura, antes do processo industrial. Com o plantio de florestas de eucalipto, incentivado pelas associações de produtores, o setor não apenas reduziu o impacto ambiental da atividade, como também estabeleceu um novo modelo baseado na busca de autossuficiência energética.

Hoje, o índice de cobertura florestal nas pequenas propriedades produtoras de tabaco chega a 24%, sendo 15% de mata nativa e 9% de plantios florestais, de acordo com a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Da lenha nativa à lenha de reflorestamento, o caminho foi longo, atesta o gerente de Produção Agroflorestal da entidade, Juarez Iensen Pedroso Filho. “O fomento à atividade começou há mais de 40 anos, mas (na época) havia pouca disponibilidade de recursos e mudas”, recorda.

O impulso veio com a criação do Viveiro Agroflorestal da entidade, em Rio Pardo, onde passaram a ser desenvolvidas as espécies arbóreas para oferta aos agricultores.

Com produção de cerca de 1,6 milhão de plantas por ano, a “fábrica” de mudas da Afubra inspirou a instalação de outros viveiros, pelos próprios agricultores, nas microrregiões produtoras de fumo, o que ajudou a disseminar os plantios florestais. Além disso, estimulou o investimento em programas de fomento por parte de indústrias de tabaco e de outros setores, como o de papel e celulose. 

       

Mueller eliminou custos com lenha. Foto: Aline Mueller / Divulgação / CP

“Várias empresas mantêm esse programa contínuo, com a visão da sustentabilidade produtiva dessas florestas, para que não se perca o interesse nisso”, relata Pedroso Filho. Ele destaca que a silvicultura não compete com as outras atividades agropecuárias na região. “Basicamente, as florestas (de eucalipto) foram implantadas em áreas marginais das propriedades”, explica.

Outro esforço de preservação ambiental e segurança energética é liderado pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco). Desde 2019, a entidade atua em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na implantação de unidades demonstrativas de pesquisa dentro das propriedades rurais, nas quais os produtores aprendem práticas de reflorestamento, condução de rebrota e cultivo de florestas por meio do sistema silvipastoril. Segundo o presidente do Sinditabaco, Iro Schünke, o projeto já soma 21 dessas unidades de referência espalhadas pelos municípios das regiões Centro-Serra, Central e Sul e do Vale do Rio Pardo. 

“(O objetivo é) testar novas tecnologias e difundir os conhecimentos de como maximizar os resultados na floresta energética de espécies de rápido crescimento”, diz Schünke.

Sob a coordenação do professor Jorge Antonio de Farias, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFSM, o programa garante aos produtores a assistência técnica e os insumos – como mudas e fertilizantes – para o manejo do eucalipto. “A rigor, é possível afirmar que o consumo de florestas nativas é algo que não ocorre mais na cultura do tabaco”, destaca Farias.

A preocupação com a natureza, porém, não se limita às lavouras arbóreas. Segundo o presidente do Sinditabaco, grande parte dos fumicultores já usa equipamentos mais modernos, que tornam mais eficiente a cura do tabaco. “A redução no consumo de lenha das estufas convencionais para as elétricas ou automáticas é de 18% a 20%”, estima Schünke, lembrando que, nos contratos firmados com os agricultores, as indústrias integradoras repassam a eles pacotes tecnológicos que condicionam a produção de tabaco ao cumprimento das normas ambientais.

O agricultor Ernani Mueller é um dos que apostaram na assistência especializada para o manejo dos eucaliptos, que se estendem por cerca de 5 hectares de sua propriedade no município de Vera Cruz. Há 11 anos, ele aderiu a um programa de reflorestamento da Japan Tobacco International (JTI), uma das gigantes do setor, e depois foi inserido na iniciativa do Sinditabaco. “Eu já plantava, mas não com a técnica, e deu muito certo”, comemora.

Entre os bons resultados da experiência, Mueller cita a redução do tempo de colheita. Antes, as árvores levavam de 12 a 13 anos para atingir o ponto de corte. Os pés de eucalipto eram plantados muito perto uns dos outros, o que dificultava as podas e retardava o crescimento. Com a adoção da distância recomendada entre as mudas, esse prazo caiu para sete a oito anos. E a lenha usada na secagem do fumo, que antes era comprada de terceiros, já não entra mais na planilha de custos da lavoura de tabaco. “(A floresta) dá uma madeira muito boa”, afirma Mueller. “Vendo o excedente para outros produtores, que não têm lenha”, conclui o agricultor, que semeia 35 mil pés de tabaco por ano.

Diversificação vem com chance de renda extra

As vantagens econômicas podem ser obtidas com a redução dos custos e venda de excedentes de lenha e tora

Propriedades produtoras de tabaco da Região Sul têm em média 12,3 hectares, com 1,09 hectare de área de reflorestamento, segundo a Afubra. Foto: Afubra / Divulgação / CP

Costuma-se dizer que dinheiro não dá em árvore, mas as boas práticas de silvicultura indicam que é possível, sim, converter a floresta em negócios, diversificando a receita das famílias produtoras de fumo. Iniciativas de incentivo ao plantio de eucalipto enfatizam a visão de que, além de proporcionar uma fonte de lenha para a cura do tabaco, as florestas cultivadas representam um potencial para geração de renda no campo, independentemente do tamanho das propriedades rurais.

No programa de autossuficiência energética conduzido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o objetivo maior é que os fumicultores passem a visualizar as florestas plantadas como um elemento estratégico das propriedades, destaca o professor Jorge Antonio de Farias, coordenador do projeto. “Muitas vezes o lucro não vem daquilo que tu vendes, e sim daquilo que tu deixas de comprar”, diz. Os plantios florestais, explica o professor, permitem reduzir custos com madeira para reformas e construções no campo. “Se o produtor não tem essas demandas, pode transformar essas árvores numa fonte de receita, vendendo (a madeira) para serrarias”, exemplifica.

Essas perspectivas, alerta o coordenador do projeto, dependem da implantação de florestas de alta qualidade e produtividade, o que começa com a escolha das plantas adequadas – Eucalyptus grandis, Eucalyptus saligna e Eucalyptus dunnii são as espécies recomendadas no caso. “Temos indicadores como uma taxa de crescimento mínima que essas florestas têm de alcançar, e todos esses parâmetros já demonstram que as florestas (plantadas) serão de excelente qualidade”, diz Farias.
As oportunidades de renda abertas pela silvicultura também são destacadas pelo gerente de Produção Agroflorestal da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Juarez Iensen Pedroso Filho. De acordo com dados da entidade, as propriedades produtoras de tabaco no sul do Brasil têm em média 12,3 hectares, com 1,09 hectare de área de reflorestamento.

Em alguns casos, observa Pedroso Filho, os pequenos agricultores não têm áreas disponíveis para cultivo de florestas com fins energéticos, mas acabam se beneficiando da base florestal que se consolidou no setor nas últimas décadas. “Outros dispõem de mais áreas, vão ter um excedente de produção e podem comercializar (a sobra de lenha e toras) para seus vizinhos, sua microrregião”, sustenta o gerente da Afubra.

Viveiro agroflorestal

Com 35 anos de funcionamento, o Viveiro Agroflorestal da Afubra no município de Rio Parado foi agregando formas de fortalecer a agricultura familiar. O espaço de 600 metros quadrados, situado no Parque da Expoagro Afubra, às margens da BR-471, trabalha com 10 espécies de eucalipto, além de mudas de plantas nativas, ornamentais, essências exóticas e pínus.

Com o tempo, o viveiro passou a oferecer também espécies agrícolas, como forrageiras e cultivares de batata-doce desenvolvidas pela Embrapa. “Visualizamos isso como uma forma de promover a diversificação”, observa Pedroso Filho. Para encomendar as mudas, o agricultor pode contatar uma das 12 filiais da entidade no Estado. É possível ainda solicitar um orçamento preenchendo um cadastro no site da associação.

Definições e tamanhos do mundo verde nativo e cultivado

O que é floresta

De acordo com a definição da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), floresta é uma área superior a 0,5 hectare com árvores de mais de cinco metros de altura e cobertura de copa (dossel) superior a 10%, ou árvores capazes de alcançar esses parâmetros in situ.

A cobertura florestal

Segundo o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), há no país 498 milhões de hectares de florestas, dos quais 98% são de florestas naturais e 2% de florestas plantadas. A área de floresta do Brasil equivale a 58,5% do seu território. No Rio Grande do Sul, são cerca de 4 milhões de hectares de florestas naturais e 1,03 milhão de hectares de florestas plantadas, segundo a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor). Das plantadas, 64,7% são de eucalipto, 28% de pínus e 7,3% de acácia-negra.

O setor de base florestal

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) calcula que o Brasil tenha 9,55 milhões de hectares de árvores plantadas para fins comerciais. São 7,47 milhões de hectares de eucalipto, 1,7 milhão de pínus e 0,38 milhão de hectares de outras espécies.

A produção atende segmentos como os de celulose e papel, embalagens de papel, siderurgia e carvão vegetal, painéis de madeira e pisos laminados, investidores financeiros/organizações de gestão de investimentos florestais, produtores independentes e produtos sólidos de madeira.

Dicas de cultivo e secagem fazem sucesso nas redes

Agricultor de terceira geração, Geovani Weber, de Santa Cruz do Sul, colhe sucesso também no campo virtual. Sua página no Facebook, Fumicultores do Brasil, tem 407 mil seguidores, e seus perfis pessoais na rede de Mark Zuckerberg e no Instagram são acompanhados por, respectivamente, 88 mil e 11,9 mil internautas.

Nos vídeos que compartilha nas redes, alguns dos quais mostrando detalhes do processo de secagem do tabaco, o agroinfluenciador digital não apenas aborda com leveza temas do dia a dia na lavoura, como também não deixa dúvidas sobre o amor que dedica à propriedade de 11,5 hectares onde vive com a esposa e os pais, a uma distância de 10 quilômetros do centro da cidade.

Da área total, 5 hectares são destinados ao tabaco da variedade Virgínia, e 3 hectares, ao cultivo de cana-de-açúcar, milho, batata-doce, mandioca e frutas para a subsistência das duas famílias. Além disso, há 1,5 hectare de mata nativa, potreiros para animais e 1 hectare de floresta plantada.

Na internet, Weber aborda com leveza temas do dia a dia na lavoura e demonstra amor pela atividade da família. Foto: Alan Toigo / Divulgação / CP

Os avanços tecnológicos, diz Weber, foram os pilares que possibilitaram manter a vegetação nativa e agregar os eucaliptos, atualmente fonte de 50% da lenha usada na propriedade familiar. “Hoje, a tecnologia que existe, as variedades de tabaco resistentes e os manejos de solo possibilitam produzir cada vez mais num espaço já aberto”, observa o produtor.

Embora a presença do eucalipto na propriedade remonte ao tempo dos avôs, Weber conta que a plantação ganhou um olhar mais cuidadoso com a assessoria técnica da Afubra e da indústria fumageira. Na safra 2021/2022, ele semeou 47 mil pés de tabaco.

Na região, o plantio começa em julho e a colheita ocorre de outubro a dezembro. Na secagem das folhas, que leva de seis a oito dias, o produtor afirma utilizar em torno de 55 metros estéreos de lenha, dependendo do clima (quanto mais úmido, maior a quantidade de madeira exigida). Metade desse volume é adquirida fora – na última safra, Weber comprou de um vizinho, a R$ 60 o metro – e o restante vem da produção própria.

Para o fumicultor, a floresta de eucalipto é vantajosa não apenas por garantir o suprimento da lenha. Ela também ajuda a diminuir gastos com obras – de postes a galpões. “Eu sempre digo: uma propriedade sem eucalipto é uma propriedade pobre”, sentencia Weber.

Propriedade rural totalmente sustentável

O carimbo da sustentabilidade está em todos os cantos da propriedade rural de Carlos Erdmann, no município de Vera Cruz. Além de abrigar 3 hectares de mata nativa, a área conta com 6,6 mil pés de eucaliptos, dos quais 600 foram plantados sob o acompanhamento do projeto desenvolvido pelo Sinditabaco com a UFSM desde 2020. Desse conglomerado verde sai a lenha que abastece as três estufas usadas na cura do tabaco e na secagem de grãos produzidos pela família e também a madeira que dá forma a cercas, telhados, galpões, um orquidário e tudo o que precise ser construído no local. “Dá tranquilamente para suprir a necessidade da propriedade, barateia bastante (o custo)”, diz Erdmann, referindo-se ao cultivo florestal.

Quarta geração da família no campo, Carlos assumiu em 1996 a liderança da propriedade de 15,8 hectares, dos quais 3,5 hectares são ocupados com o cultivo de tabaco. Na última safra, foram plantados 54 mil pés da variedade Virgínia, o que exige o consumo de 100 metros estéreos de lenha. O agricultor conta que aderiu ao programa do Sinditabaco por incentivo da indústria para a qual vende sua produção. “Já tínhamos área de florestamento, mas com a assistência técnica acredito que vamos ter um rendimento bem superior por hectare”, prevê.

Erdmann supre toda a necessidade de lenha para estufas com cultivo próprio. Foto: Senara Raquel Lemes da Silva / Divulgação / CP

Em pouco tempo, Erdmann já consegue ver o saldo positivo da orientação recebida. Na área onde foram plantadas as últimas 600 mudas de eucalipto, a tentativa anterior não havia prosperado devido à falta de manejo apropriado – após o primeiro corte das árvores, não houve a rebrota das plantas. “A assistência deu uma dica de como eliminar as plantas velhas, limpar a área e fazer os roçados, (resultou em) uma lavoura mais parelha”, avalia o agricultor.

Além de tabaco, Erdmann e a esposa Selena cultivam milho, aipim, batata e frutas para consumo da família. A propriedade, onde também vivem os pais do agricultor, mantém ainda uma pequena produção de suínos, galinhas poedeiras e vacas leiteiras. “A sobra a gente vende”, diz Erdmann. Para o futuro, ele vislumbra a possibilidade de ampliar a renda com a comercialização de madeira excedente extraída de sua área reflorestada.

Produtor detecta valor ecológico

Produtor de tabaco há 15 anos, Jonas Luis Rohde semeou mais de 37 mil pés da planta nas duas propriedades que administra no interior de Restinga Sêca, com 11 e 12 hectares, na última safra. Do total, 2,5 hectares são destinados ao tabaco e 2 hectares são reservados ao plantio de eucalipto da variedade dunnii. O restante é arrendado para produtores de soja.

Dentro do programa de autossuficiência energética do Sinditabaco, Rohde plantou 500 mudas de eucalipto no último ano. Segundo o agricultor, as técnicas de manejo aplicadas desde que aderiu ao projeto, com o uso de uma cultivar adequada para a região, mostraram-se eficientes e o resultado só não foi melhor porque a estiagem dos últimos dois anos prejudicou o desenvolvimento das árvores. “Os eucaliptos estão sofrendo”, lamenta.

Rohde acredita que percentual de reflorestamento deveria ser exigência legal. Foto: Grasiele Rohde / Divulgação / CP

Com a plantação de eucaliptos, o objetivo primordial de Rohde é assegurar de 30 a 50 metros estéreos de lenha necessários para a secagem do tabaco por safra. Além de redução de custos, ele vê um valor ecológico no fomento às florestas plantadas, na medida em que ajudam a preservar a vegetação nativa. “Acredito que deveria ser uma lei, 10% de (cada) propriedade ter (uma área de) reflorestamento”, opina. 

Mudanças são boas também para o ambiente

Além de ajudar a poupar a vegetação nativa, florestas cultivadas em pequenas propriedades absorvem dióxido de carbono, eliminam emissão de gases por viagens motorizadas e proporcionam conforto térmico aos animais

Integração entre lavouras, pecuária e florestas ocupa 17 milhões de hectares no país, segundo a Embrapa. Foto: Darci Silva / Divulgação / CP

Em um mundo assombrado pelo espectro do aquecimento global, conciliar atividade econômica e preservação da natureza pode parecer uma missão impossível. Mas o plantio de eucalipto nas pequenas propriedades rurais traz vantagens para o meio ambiente – e não apenas por reduzir a pressão sobre as matas nativas. As florestas absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera, desempenhando um papel importante no controle do efeito estufa, segundo o engenheiro florestal e chefe geral da Embrapa Florestas, Erich Schaitza. A empresa pública incentiva a prática de sistemas agroflorestais como uma alternativa de uso sustentável da terra.

“Todos esses reflorestamentos, seja com eucaliptos, bracatinga, acácia, pínus ou outras espécies, têm um balanço positivo de carbono”, diz o pesquisador. Outro benefício indireto da implantação de florestas, do ponto de vista ambiental, é que, ao garantir o suprimento de lenha e madeira, elas eliminam a necessidade de transporte desse insumo e, consequentemente, as emissões geradas pelas viagens motorizadas. “A gente tem um ganho econômico de produzir na propriedade e um ganho em carbono por não transportar”, destaca Schaitza.

As florestas plantadas também melhoram os resultados de propriedades rurais que agregam a produção de carne e leite. Nos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a sombra projetada pelas árvores proporciona zonas de conforto térmico para o gado, favorecendo o ganho de peso e o desempenho dos animais. “Então, a árvore dentro do sistema integrado é uma coisa boa para a saúde animal e para a produção, são sistemas rentáveis e com rendas em diferentes momentos”, destaca Schaitza.

Escala

Ambientalistas argumentam que o eucalipto se torna um problema ecológico se plantado em grande escala. A monocultura provoca uma redução drástica na biodiversidade, criando “desertos verdes”, segundo o biólogo Francisco Milanez, ex-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). “Ele inibe outras culturas, não é alimento para nenhuma espécie (existente no Brasil)”, alerta.

Outra preocupação, diz o ambientalista, é o impacto nos recursos hídricos, pois a árvore extrai grande volume de água do solo. “Ter uma ponta de eucalipto na propriedade, para produzir lenha e poupar floresta nativa, é absolutamente certo”, afirma Milanez. Para evitar o ressecamento de áreas, porém, ele alerta que o plantio deve ser limitado a até 1 hectare.

 

 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895