Gaúchos já podem experimentar o mel “gourmet”

Gaúchos já podem experimentar o mel “gourmet”

Empresa do Vale do Taquari investiu na elevação da qualidade do alimento produzido pela apicultura gaúcha, com florações diferenciadas e cuidados de processamento que atingem paladar exigente e consumidor disposto a pagar mais

Para obter o mel premium, a Pampa Prime utiliza floradas de Uva-do-Japão e de flores silvestres variadas

Por
Correio do Povo

O consumidor que já comprou mel pelo menos uma vez na vida provavelmente notou que as embalagens pouco variam, consistindo principalmente em potes ou bisnagas, muitos deles com a clássica tampa amarela. Esse fato evidencia uma questão comum nesse mercado: os clientes dificilmente sabem a marca do mel que estão comprando, tendo o preço e a conveniência como os principais atrativos. 

Para mudar o senso comum, o empresário Volmir Angelo Carboni, da empresa Pampas Prime, decidiu investir num produto diferenciado: o mel gourmet, batizado de Afável. Segundo ele, foram feitos investimentos na padronização de um produto que pretende oferecer ao consumidor “uma experiência” ao degustar o alimento. A produção do mel ocorre em uma área aproximada de 150 hectares de mata na costa do Rio Forqueta, no município de Coqueiro Baixo, próximo a Nova Bréscia. 

Atualmente, o espaço abriga em torno de 200 colmeias próprias, complementadas por mais 400 colmeias mantidas por apicultores parceiros como Jéssica Meneghini e o casal Ironi e Maria Stefani. De acordo com Carboni, esse produto premium também resulta em mais renda para os apicultores parceiros. As duas variedades disponíveis são produzidas a partir do néctar de flores de Uvas-do-Japão, o que resulta em sabor suave e frutado, e a partir de flores silvestres, com coloração mais escura e sabor mais forte. 
O empresário explica que percebeu a oportunidade ao explorar a região e conhecer a qualidade do mel produzido no Vale do Taquari. Ele também levou em consideração o descontentamento dos pequenos apicultores com a desvalorização do produto. “Nosso objetivo era levar o mel para outro patamar”, explica. É importante ressaltar que essa diferenciação também implica preço distinto: enquanto um pote comum de 500 gramas de mel dificilmente ultrapassa os R$ 20, o pote de 275g de mel Afável custa R$ 39,90. O de 475 gramas chega a R$ 49,90. 

No âmbito geral da apicultura, a situação no Estado tem sido desafiadora. Em razão das estiagens recorrentes, a maioria dos apicultores esperava que a quantidade de mel disponível seria menor do que o normal, o que aumentaria os preços de venda este ano. No entanto, a quantidade e a qualidade da produção gaúcha surpreenderam, resultando no aumento da oferta e na queda dos preços. Por esse e outros motivos, os apicultores estão buscando medidas diferentes para esse mercado, envolvendo desde a espera pela venda até a construção de uma identidade mais sólida. O assistente técnico estadual da Emater/RS-Ascar João Alfredo Sampaio afirma que, como o mel tem um grande tempo de validade, neste momento o apicultor comum pode esperar mais alguns meses para que os preços voltem a subir. 

O secretário executivo da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs), Patric Luderitz, exalta a qualidade e destaca que a exportação direta para o mercado externo também pode ser uma saída para atingir uma maior valorização. Hoje os méis gaúchos costumam ser vendidos em tonéis, sem muito destaque para a marca ou identidade dos produtos. "Temos um produto de altíssima qualidade, então não há motivo para não vendê-lo para o mercado externo”, afirma. 

*Sob supervisão 
de Nereida Vergara

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895