Gaúchos sob ‘lockdown’

Gaúchos sob ‘lockdown’

Gaúchos que moram em locais sob restrições de circulação relatam como está sendo essa nova fase de enfrentamento à pandemia

Por
Gabriel Guedes

Mesmo com o início da vacinação contra Covid-19 ainda em dezembro, a maior parte da Europa segue enfrentando novos picos de infecções diárias. Assim, o ano de 2021 começou, mas não deixou para trás o cotidiano de medidas amargas, mas necessárias, como o lockdown, que consiste em fechar quase todos os serviços e estabelecimentos comerciais e restringir a circulação de pessoas. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou a medida no dia 4 de janeiro, mesmo sendo o primeiro país a administrar a vacina desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech, cuja aplicação foi iniciada quase um mês antes. Na Alemanha, o confinamento que estava previsto para vigorar de 16 de dezembro a 10 de janeiro acabou sendo prorrogado até meados de fevereiro. Portugal, onde vivem muitos brasileiros, também entrou em regime de lockdown, no dia 15, com um confinamento parcial obrigatório até pelo menos 30 de janeiro, como tentativa de conter a disparada no número de mortes e novos casos de Covid-19 no país. França e Itália também passaram a impor isolamento mais rígido. Além disso, o continente, que é a região do mundo mais castigada pelo vírus - que já conta com mais de 657 mil mortes e ultrapassa 30,4 milhões de infecções - corre contra o tempo em suas campanhas de vacinação.

Desde o anúncio da primeira morte por Covid-19 em Wuhan, na China, o vírus matou mais de 2 milhões pessoas no mundo todo e mergulhou o planeta em uma crise econômica sem precedentes. Passado praticamente um ano, a rápida disseminação de novas variantes, mais contagiosas, como a britânica, a sul-africana e até mesmo a brasileira, identificada no estado do Amazonas, tem provocado novas ondas epidêmicas. O risco de falta de oxigênio, assim como aconteceu em Manaus, pode ocorrer em hospitais do Reino Unido, por exemplo, que já superou a marca de 83 mil mortes. Somente no dia 13, 1.564 britânicos morreram em 24 horas. “É o número mais alto desde o começo da pandemia. Mas, pelo terceiro dia consecutivo o número de contaminados está abaixo de 50 mil pessoas, o que é um bom sinal. Mas, claro, ainda muito longe do ideal”, descreveu no dia 13 a jornalista gaúcha Letícia Nascimento, 48 anos, que mora em Londres há 10 e tem o podcast Manda Brigadeiro, que aborda a vida de brasileiros que moram fora do Brasil.

Na Alemanha, no décimo dia do mês, a primeira-ministra já tinha alertado sobre o agravamento da situação devido à intensificação dos contatos sociais durante as festas de final de ano. Segundo disse a chefe de estado naquela ocasião, as próximas semanas constituiriam “a fase mais difícil da pandemia”, com equipes médicas trabalhando no máximo de suas capacidades. Na maior parte do tempo, mais de 80% dos leitos de terapia intensiva dos alemães têm permanecido ocupados.

Entretanto, após decretar uma quarentena parcial em novembro e fechar escolas, bares e restaurantes em meados de dezembro, a Alemanha voltou a intensificar as medidas restritivas no país no começo de janeiro e a ideia inicial do governo era manter esta estratégia até o final deste mês. Porém, nessa terça-feira, em uma tentativa de impedir um novo avanço da pandemia, Merkel decidiu estender as medidas mais duras até meados de fevereiro. “Já estávamos em um lockdown parcial desde o final de outubro, onde cancelaram as atividades extraclasse. Porém, restaurantes e lojas continuavam abertos para a economia seguir girando. Mas como os números não melhoraram com este lockdown, dito suave, perto do Natal e férias de inverno das crianças, previstas para 21 de dezembro, optaram pelo início de um lockdown mais restrito, fechando então as escolas a partir do dia 18 do mês passado. No Natal fizeram uma flexibilização, dias 24, 25 e 26, período no qual era possível encontrar até quatro pessoas de fora da nossa casa”, conta a jornalista de Novo Hamburgo Alice Gehlen Adams, 37 anos, que reside em Hockenheim, sul da Alemanha, há 3 anos e meio.

Em Portugal, desde o dia 15, a circulação nas vias públicas só é permitida para buscar atendimento de saúde, prestar apoio a terceiros, como a pessoas idosas, e deslocar-se para estabelecimentos de ensino e locais de trabalho - quando não houver possibilidade de adoção do home office. Outra exceção será durante as eleições presidenciais, marcadas para este dia 24 de janeiro, embora também tenha havido a opção do voto antecipado, que foi iniciado no dia 17. Equipes apoiadas pela Administração Eleitoral e pelas forças de segurança portuguesas também se prepararam para recolher os votos nos lares de idosos. “Estão fazendo o lockdown muito devido ao número de novas infecções e óbitos. No ápice do verão, chegavam a 3 mil casos, 4 mil casos por dia. Agora tem chegado a 10 mil casos diários. Esta segunda onda tem sido pior que a primeira”, relata o analista de dados gaúcho Marco Aurélio Ruas de Almeida, que mora no país desde 2018, na cidade de Sesimbra.

Assim como Alemanha, Portugal e Reino Unido, Itália, Dinamarca e outros países também tomaram decisões semelhantes neste mês, mesmo com o início da vacinação no continente. E lá, assim como aqui, a vacina é apontada por especialistas como a única e melhor solução para acabar com a pandemia. Com os números ainda em disparada e enfrentando uma mutação do vírus que os cientistas dizem ser 74% mais contagiosa, a Europa deposita mais do que nunca suas esperanças na vacina, em especial na da aliança Pfizer-BioNTech, para poder vencer mais este desafio em 2021.

Reino Unido

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, alertou no dia 6 de janeiro que as restrições para combater a pandemia podem permanecer em vigor até o final de março, tendo em conta o elevado número de infecções e que o eventual “desconfinamento” na Inglaterra será gradual. No dia 18, a nação bateu um novo recorde diário de mortes por Covid-19, com 1.610 mortes em um intervalo de 24 horas. Em comparecimento recente à Câmara dos Comuns, o líder destacou que a “diferença fundamental” do atual confinamento é que o país agora tem um programa de vacinação contra a doença. O Reino Unido já contabiliza pelo menos 3.433.494 casos e 89.860 mortes, conforme dados da universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.

Letícia Nascimento (abaixo) e Jézica Bruno (acima) moram em Londres e têm acompanhado as novas orientações relacionadas à pandemia no Reino Unido. Fotos: Arquivo Pessoal / CP

Jornalista do Agora Europa, a gaúcha Jézica Bruno tem acompanhado o desenrolar da pandemia no Reino Unido. Ela mora em Londres há dois anos e cinco meses e está na Europa desde 2018. O Reino Unido, composto por Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, passa por uma das piores fases desde o início da pandemia. “Isso acontece porque uma nova variante do coronavírus foi identificada no território. Essa variante, como o próprio governo britânico admitiu, está fora do controle e pode ser até 70% mais transmissível do que a variante já conhecida”, afirma. “Isso fez com que os casos de Covid-19 aumentassem de forma alarmante e trouxe consequências muito graves. Dia após dia, novos recordes de casos positivos e de mortes são anunciados”, comenta Jézica.

Mesmo o robusto National Health Service (NHS), equivalente britânico do brasileiro Sistema Único de Saúde (SUS), tem enfrentado dificuldades na pandemia. Jézica diz que, em Londres, uma em cada 30 pessoas têm Covid-19 e os hospitais estão em risco de sobrecarga, assim como todos os serviços de emergência do NHS. “Toda essa pressão fez com que o governo anunciasse novo lockdown para a Inglaterra. Esse é o terceiro confinamento nacional que nós enfrentamos aqui no país. É algo extremamente necessário, já que os casos não param de aumentar, mas também é algo que trouxe muito desapontamento para as pessoas”, frisa.

Com esse novo lockdown para a Inglaterra, Jézica lembra a recomendação é que as pessoas fiquem em casa o máximo possível. “Só é possível sair de casa por razões específicas, como compras essenciais de alimentos e medicamentos, para fazer exercícios físicos, por motivos de trabalho – caso não seja possível fazer isso em casa – ou por violência doméstica. Bares e restaurantes permanecem fechados em todo o país, mas esses estabelecimentos ainda podem oferecer o serviço de take away. As escolas também fecharam. Só permanecem abertas escolas para crianças vulneráveis ou para os filhos de trabalhadores da área da saúde. O restante deverá ter aulas on-line”, detalha.

Leticia Nascimento, criadora do podcast Manda Brigadeiro, mora em Richmond, um pacato bairro à beira do rio Tâmisa, em Londres. Por lá, o movimento ficou ainda menor. “A cidade está bem vazia. O quadro é grave. Mas, de modo geral, as pessoas estão respeitando o lockdown. Vejo muitos amigos e pessoas próximas que cumprem as regras. Claro, sempre têm as exceções. As pessoas estão tentando contribuir, ainda mais que a situação aqui é caótica com esta nova cepa. As pessoas estão um pouco mais assustadas”, conta.

Em Richmond, Letícia revela não ter muito do que reclamar sobre a imposição do governo britânico. Ela e o marido tem trabalho e as filhas, de 13 e 15 anos, já não necessitam de muito auxílio nas atividades escolares, que são lecionadas on-line. “Mas quem tem filho muito pequeno está sofrendo, porque tem que ficar do lado, fazendo as atividades”, ressalta. “Ele (o marido) trabalha de casa, eu também, então não precisamos sair. A gente mora em um bairro que é um pouquinho mais afastado do Centro de Londres. Então a gente tem um parque bem grande, temos também a beira do rio, onde podemos fazer atividades físicas e dar uma caminhada. Acho que isso ajuda muito no ânimo. Este terceiro lockdown, particularmente, acho mais difícil, porque os dias são mais curtos, o tempo não é muito bonito. Isso tudo contribui para as pessoas ficarem mais tristes”, observa Letícia

O alento, como frisado por Boris Johnson, é que há um plano de vacinação que está sendo executado. Até metade de fevereiro o governo espera que grande parte da população mais vulnerável já tenha sido imunizada com a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A Inglaterra já possui duas campanhas de vacinação em andamento e já tem três vacinas aprovadas clinicamente para serem aplicadas na população - as da Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca e Moderna. “Estamos vendo que as coisas estão andando”, anima-se Leticia.

“O pior sentimento é saber que o vírus está espalhado em todos os lugares, não há como se isolar completamente disso, e a contaminação é muito mais rápida com essa nova variante. A gente pode pegar coronavírus, por exemplo, indo para o supermercado, o que é uma coisa básica e impossível de deixar de fazer. O que traz conforto, no entanto, é que existem duas campanhas de vacinação em andamento e os profissionais de saúde estão atuando com uma dedicação e valentia inquestionável, isso traz afago e também emociona, mesmo quem está do lado de fora dos hospitais”, conclui Jézica.

Alemanha

Na Alemanha, além de estender o prazo da quarentena até 14 de fevereiro, os moradores das regiões onde há maior propagação do vírus terão os deslocamentos não essenciais restritos a um raio de 15 km. Segundo a imprensa local, a nova regra se aplica a cidades e condados que registraram mais de 200 novos casos de Covid-19 a cada 100 mil habitantes nos últimos sete dias. A determinação da chanceler Angela Merkel é a primeira a banir viagens não essenciais nas regiões alemãs mais afetadas. Com 2.059.382 de casos da doença e 47.263 mortes - sendo mais de 1 mil em 24 horas no último dia 14, por exemplo -, o endurecimento das medidas restringe até mesmo o contato com as pessoas na rua. “Só pode se encontrar com uma única pessoa de fora da tua casa. Se quiser ir para a rua para fazer esporte, só pode sozinho ou com uma única pessoa de fora da tua casa”, descreve a gaúcha Alice Gehlen Adams, que mora no sul do país.

Além das restrições de reunião com pessoas nas ruas, lojas e restaurantes vão permanecer fechados até o fim de janeiro – abertos apenas para telentrega ou retirada no balcão -, assim como as escolas, com o ensino sendo feito à distância. “Depois das 8 da noite até 5 da manhã, a gente não pode sair de casa sem um motivo. Trabalhar e ir no médico pode, mas ir no supermercado não é permitido. No Ano-Novo houve a restrição, não foi como no Natal, que tinha liberação de ficar até mais tarde na rua. O horário de estar dentro de casa era às 20h e se alguém quisesse comemorar junto, em família, teria que ficar em casa. Como eu tenho minha irmã aqui, a gente acabou se reunindo. Pelo menos conseguimos celebrar todos juntos a passagem de ano. Também teve proibição de fogos de artifício, para evitar aglomeração maior”, relata a jornalista natural de Novo Hamburgo.

Mãe dos pequenos Gabriel, 5 anos, e Amanda, 9, com a escola fechada, as crianças estão 100% do tempo em casa. “Não se encontram com amigos, com exceção dos primos, filhos da minha irmã”, afirma. Até o começo do mês, Alice conta, havia uma data para retornos das aulas. Agora já não há mais esta previsão. “Todo mundo estava da expectativa de que as aulas deveriam voltar no dia 11, porque as férias de Natal estariam terminando. Mas só se falava em novo lockdown mais severo. Então, eles decidiram que as escolas não voltariam até o dia 31 e fariam o lockdown mais severo”, acrescenta.

Alice, o marido e os dois filhos do casal vivem em Hockenheim, no sul da Alemanha. Foto: Arquivo Pessoal / CP

Alice também conta que o governo tem pedido para as empresas manterem o home office o maior tempo possível. Na casa dela, o marido, Daniel Felipe Martin, 40, teve que preparar um espaço para o trabalho em casa. “Meu marido está com home office desde março do ano passado. Por sorte conseguiu fazer um bom escritório em casa e se adaptou bem. Mas obviamente não é a melhor coisa do mundo”, avalia. Entretanto, o mais difícil é a distância dos pais, que moram no Vale do Sinos. “Eles viriam em abril, na Páscoa do ano passado, e o voo foi cancelado por causa do primeiro lockdown. Desde então não se abriu viagem para turismo para a Alemanha. Para a gente, a falta deles é o que mais incomoda, o que deixa a situação mais complicada. Tínhamos até o final do ano para remarcar as passagens dos meus pais. Remarcamos para maio deste ano e vamos ficar torcendo para que realmente isso seja possível. A gente não vê aquela luz no fim do túnel, porque em teoria, tem data para terminar este lockdown mais severo, mas se os números não melhorarem, realmente não termina”, aponta.

O confinamento é visto pela família de Hockenheim como uma necessidade, principalmente pelo fato terem observado cada vez mais os casos de Covid-19 chegarem perto deles, afetando amigos e colegas dos filhos. Assim, o tempo em casa acabou sendo aproveitado de outras formas. “Acabamos nos aproximando mais, fizemos as refeições juntos, estamos sempre em casa, criamos um ambiente propício para a gente poder se divertir, fazer as coisas que a gente precisa dentro de casa. Nos apropriamos de artigos esportivos para fazer exercício em casa, compramos jogos de videogame em que as crianças tenham que se movimentar e correr, gastar energia. Aqui é inverno, frio, então também não saímos tanto na rua”, destaca. “A gente se sente bem assistidos e bem conduzidos, pelo menos em relação ao Brasil. De certa forma, quando vejo as fotos do verão, com as praias cheias, fico pensando como será o reflexo disso daqui há um tempo”, conclui Alice.

Portugal

Portugal já está em lockdown desde o último dia 15 e deverá permanecer assim até pelo menos o dia 30 de janeiro. Foto: Patricia de Melo Moreira / AFP / CP

Portugal já está em lockdown desde o último dia 15 e deverá permanecer assim até pelo menos o dia 30 de janeiro. O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa declarou que a renovação do estado de emergência tem um propósito “muito urgente e preciso: tentar conter e inverter o crescimento acelerado da pandemia, visível, nos últimos dias, em casos, internamentos, cuidados intensivos e ainda mais em mortos”. O pequeno país, de acordo com os dados da Johns Hopkins University, tem 566.958 casos de Covid-19 e 9.246 mortes para uma população de pouco mais de 10 milhões. Mas somente nos 17 primeiros dias de janeiro, segundo o relatório de situação da Direção-Geral da Saúde, 2.056 portugueses morreram pela doença, o que equivale a quase um quarto do total de mortes.

O gaúcho Marco Aurélio Ruas de Almeida testemunhou esta disparada de casos que levou Portugal a decretar a medida. “Esta segunda onda tem sido muito pior que a primeira, em relação aos números. Teve a nova mutação, que chegou a Portugal e na maioria dos países da Europa. Estão fazendo este lockdown justamente para tentar reduzir este número, que está muito alto”, compreende. Segundo Almeida, o fechamento de quase tudo é parte de um decreto de situação de emergência que é renovado a cada 15 dias. Ele acredita que a medida ainda irá se estender mais. “Estamos no escuro, sem saber aonde isso vai.”

Marco Aurélio mora em Portugal, na cidade de Sesimbra, com a esposa, o filho, a mãe e a sogra. Foto: Arquivo Pessoal / CP

“Daqui a dois meses vamos fechar um ano de pandemia, mas a gente já está mais acostumado. Aqui em casa ninguém foi infectado e minha mãe conseguiu vir do Brasil em outubro, para morar aqui”, resume. Para Almeida, a tendência é que este segundo confinamento seja mais tranquilo, já que não se trata mais de uma novidade. “Já se criou uma nova rotina, dentro da pandemia, mas atrapalha um pouco porque muitos lugares estão fechados. Agora só funciona take away e delivery. A prática de esportes só pode ser individual, ao ar livre, já que as quadras estão fechadas. Existem mais restrições de movimentação: aos finais de semana não é possível visitar outras cidades”, pontua. Nas ruas de Sesimbra, ele tem visto muita gente com dificuldade em manter serviços, manter os estabelecimentos, “porque assim, como no primeiro (lockdown), restaurantes, bares, cafés, dentre outros, estão fechados. Está sendo mantido o essencial: mercado, mini mercado, clínicas e coisas relacionadas a insumos e saúde”, acrescenta.

A rotina em si, conforme Almeida, ficou quase inalterada para quem já estava tomando os cuidados para não se infectar. “A gente tem se cuidado, não se dá a liberdade de fazer muita coisa, vemos poucas pessoas. Minha mulher estava trabalhando em escritório até um mês atrás. Agora está trabalhando em casa. Eu estou trabalhando em casa desde março do ano passado, mas a expectativa é que até o final do ano eu retorne, porque com a vacinação - eu tenho 31 anos e não sou grupo de risco -, que está sendo aos poucos, acredito que a minha vez será mais no final do ano, a não ser que as empresas possam comprar as vacinas”, conclui.

França

O governo francês iniciou um lockdown no dia 16 e a medida deverá permanecer em vigor até o final deste mês de janeiro. Naquela data, oito departamentos franceses iniciaram toque de recolher mais rígido e juntaram-se aos 15 que já se encontravam nesta situação. Ao mesmo tempo, o país tenta agilizar seu processo de vacinação, iniciado no dia 4 de janeiro, para os profissionais de saúde com mais de 50 anos e, no dia 18, para pessoas com mais de 75 anos. A França pretende imunizar até 6,4 milhões de pessoas, mas, até a primeira quinzena deste mês, apenas 422 mil doses tinham sido aplicadas.

Apesar do toque de recolher, que não permite pessoas nas ruas entre as 18h e as 6h desde 28 de novembro, todos os estabelecimentos comerciais, exceto restaurantes, seguem abertos, desde que mantenham a proporção de um cliente para 8 metros quadrados. Restaurantes e bares estão fechados e terão que esperar pelo menos até meados de fevereiro para poder receber seus clientes novamente, conforme a evolução da situação sanitária. Rigorosos protocolos sanitários deverão ser implementados para a reabertura. Hotéis e outros meios de hospedagens seguem abertos, mas sem operação das áreas de bar e restaurantes

Os centros culturais também seguem fechados. A previsão do governo é reabri-los no início de fevereiro, conforme o quadro de evolução de casos. Até a última quarta-feira, a França somava 2.907.711 de casos de Covid-19 e acumulava 70.309 mortes, segundo dados da Johns Hopkins University.

Itália

Há uma semana, no dia 17, o governo italiano colocou um quarto da população do país em lockdown. O Ministério da Saúde colocou as regiões da Lombardia e da Sicília e a província de Bolzano na zona vermelha, status que permite deslocamentos apenas por motivos de trabalho, saúde ou necessidade urgente. Estas áreas totalizam 15,6 milhões de habitantes, cerca de 25% dos italianos. Esta classificação também prevê o fechamento do comércio, com exceção de negócios de alimentos e itens de primeira necessidade, e de bares e restaurantes, que só podem funcionar por delivery ou para retirada.

Mas assim como foi decretada a medida visando conter a aceleração no aumento do número de casos, desde o domingo passado nove regiões retornaram para a faixa laranja. Foram Abruzzo, Friuli Veneza Giulia, Lazio, Ligúria, Marcas, Piemonte, Puglia, Úmbria e Vale de Aosta, que se juntaram à Calábria, Emilia-Romagna e Vêneto. No status laranja é permitido circular livremente dentro do próprio município e o comércio pode abrir as portas, mas restaurantes e bares continuam fechados. Outras cinco regiões - Basilicata, Campânia, Molise, Sardenha e Toscana e a província de Trento permanecem na faixa amarela. Nesta situação é possível abrir bares e restaurantes.

Entretanto, apesar dos diferentes níveis estabelecidos às regiões, há toque de recolher entre as 22h e as 5h e proibição de viagens entre regiões em toda Itália. O governo também confirmou a prorrogação do estado de emergência até 30 de abril, uma vez que os monitoramentos semanais têm apontado para aumento no risco de a epidemia sair do controle. Até o momento, a Itália contabiliza 2.390.102 milhões de casos do novo coronavírus e 82.554 mortes na pandemia, conforme levantamento da Johns Hopkins University, dos Estados Unidos. A campanha de vacinação começou em 27 de dezembro e já imunizou quase 1 milhão de italianos.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895