IE se instala em imponente prédio em Porto Alegre

IE se instala em imponente prédio em Porto Alegre

Especialmente construído para sediar a 1ª Escola Normal da Província, o atual prédio do Instituto de Educação General Flores da Cunha foi promessa cumprida, totalmente quitado e concluído antes do prazo previsto, em 1935

A sede histórica, reaberta em fevereiro deste ano, ainda carece de setores de importância, como a biblioteca, que integrava o patrimônio da escola projetada pelo arquiteto Corona

Por
Regina Portella Schneider

A primeira Escola Normal da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul foi criada em 5 de abril de 1869, sendo instalada, em Porto Alegre, no dia 12 de abril de 1869, e tendo seu funcionamento em 1° de maio deste mesmo ano. No educandário, pela manhã estudavam os meninos; e à tarde, como meninas. Desde então, uma importante instituição de ensino gaúcha teve, ao longo do tempo, sedes em quatro prédios.

No entanto, por comportar cada vez maior número de alunos, em 1934 o general José Antônio Flores da Cunha prometeu ao então diretor da Escola, Dr. Emílio Kemp, a construção de um novo prédio. Assim, foi realizada uma reunião, para lembrar tudo o que seria necessário para que as novas instalações atendessem ao critério de uma Escola Normal adequada e moderna. E o local escolhido para a construção do prédio foi parte do terreno que constitui o Campo da Redenção (o atual Parque Farroupilha).

A partir da determinação de ter uma escola compatível com a demanda escolar, houve reunião para tratar e indicar tudo o que seria necessário para que o novo prédio satisfizesse as exigências de uma Escola Normal de qualidade. Participaram o Dr. Emílio Kemp; os engenheiros Fernando Azevedo Moura e Laury Conceição; o arquiteto Fernando Corona; e os professores Dr. Alcides Cunha, Marques Pereira, Tupy Caldas, Dona Olga Acauan, Dona Consuelo Costa e Dona Maria de Abreu Lima. O prazo previsto no contrato foi de 365 dias, entretanto a firma construtora entregou a chave do prédio vizinho, nas mãos do governador, antes do prazo, em 360 dias, e sem despesas extras. O valor total da construção foi de 2 contos e 200 mil réis (2:200$000 réis), pagos à vista pelo governo estadual, e sem deixar qualquer dívida.

Inauguração

A ideia do General Flores da Cunha era de inaugurar o novo prédio da Escola Normal como parte dos festejos do centenário da Revolução Farroupilha. Porém, na preparação da grande exposição, que seria realizada no Campo da Redenção – e onde foram construídos um grande Pórtico de entrada, um Cassino para apresentações diversas e Pavilhões Temáticos – fornecidos-se que faltava um espaço adequado para sediar o Pavilhão Cultural. E como o imponente prédio da Escola Normal estava pronto, este prédio foi, então, cedido, de setembro de 1935 até o término da Exposição Farroupilha, para abrigar o Pavilhão Cultural.

No Campo da Redenção, se instalou a Exposição Farroupilha, que deveria ter sido encerrada em dezembro de 1935. | Foto: CP Memória

IE sede Pavilhão Cultural

Vários prédios foram construídos na Redenção para sediar espaços temáticos ligados à Revolução. Os depósitos que integravam o Pavilhão Cultural ficaram na Escola Normal, e foram as de História, Geografia e Correlatos; História Natural; Instrução Pública e Particular; Ciências, Letras e Artes; e Livro Rio-grandense (foto). É digno de ser lembrado o fato de um professor da Escola Normal General Flores da Cunha ter sido convidado a participar do Pavilhão Cultural – o professor Affonso Guerreiro Lima. Dessa forma, foi projetada para a sala 11, para que expusesse todos os seus livros, nas áreas de Geografia, História, Aritmética e Leitura, além de mapas e equipamentos didáticos, muito bem aceitos e adotados em várias escolas brasileiras.

Mas, ao contrário do que havia sido planejado, a duração da Exposição Farroupilha não foi encerrada em dezembro de 1935. Devido ao número crescente de visitantes, o evento se prolongou-se até dezembro de 1936. Assim, a Escola Normal precisou esperar para transferir- é para o prédio que foi especialmente construído para abrigá-la. E, no dia 18 de março de 1937 foi, finalmente, inaugurado o prédio em que passou a funcionar a Escola Normal General Flores da Cunha, sob o comando da professora Florinda Tubino Sampaio, a primeira mulher no cargo de diretora.

Nova Escola

Considerada de referência e alta qualidade, a nova escola funcionava como cartão de visitas do Rio Grande. Na entrada, três grandes telas, junto à escadaria, foram instaladas, retratando fatos importantes da história rio-grandense: a Revolução Farroupilha e a chegada dos açorianos em nossa terra. Havia um ambiente especial, a Sala 14, no térreo, próximo à sala da direção, que era reservada para receber visitantes ilustradores, artistas, políticos e autoridades diversas na cidade. Outro espaço era a sala de orações. Já a Biblioteca Alfredo Clemente Pinto se localizava no andar superior, no centro do prédio, na intenção de irradiar a luz do sabre para todos os setores escolares.

As seções que integravam o Pavilhão Cultural ficaram na Escola Normal. Outros pavilhões foram instalados na Redenção para festejar o centenário da Revolução Farroupilha. | Foto: Reprodução / CP

O projeto original do arquiteto Fernando Corona incluía, ainda, um grande auditório, para 2 mil pessoas, porém, como o custo seria muito alto, Flores da Cunha solicita a redução do projeto, para caber no orçamento previsto. Então, o auditório ficou no térreo, atrás da escadaria de entrada, originalmente destinada à sala do reconhecido Orfeão Artístico, com piano de cauda. E, mais tarde, dotado de cadeiras e mesa de honra, sendo usado para solenidades, eventos e formaturas da escola.

Atualmente, a sede histórica reaberta em 19.2.24, ainda carece de setores de importância, como a biblioteca, que integrava o patrimônio desta escola diferenciada projetada pelo arquiteto Corona. E aguarda que todo o espaço do prédio seja destinado ao ensino público de qualidade.

* Historiadora, em artigo especial para o Correio do Povo. Sob supervisão e edição de Maria José Vasconcelos.

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