Iluminação artificial turbina cultivos reais

Iluminação artificial turbina cultivos reais

Pesquisadores da UFSM testam o uso de luzes azuis e vermelhas para ampliar a produtividade de folhosas

Por
Lucas Keske*

Uma pesquisa realizada pelos alunos Leonardo Chaves Machado, Messias Teixeira, Emmanuel dos Santos Felix e Ezequiel Benedetti, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está abrindo novos horizontes para a produção familiar de folhosas. Conduzidos pelo professor Paulo César Vargas Luz, do curso de Engenharia Elétrica, os estudos revelam o potencial da iluminação artificial aumentar a produtividade e a qualidade dos cultivos. Os primeiros resultados são tão promissores que foram, inclusive, apresentados no Seminário de Eletrônica de Potência e Controle (Sepoc).

Os experimentos partem do uso de ondas azuis e vermelhas para estimular o crescimento de pés de alface. No primeiro ciclo de testes, a iluminação emitida pelas lâmpadas, que parece rosada ao olho humano, foi testada por 45 dias. Com os comprimentos de ondas ideais para a realização da fotossíntese, as plantas cresceram mais e melhor, conforme detalha Paulo César Luz: 47% dos pés de alface suplementados apresentaram mais folhas, 63% tiveram área foliar maior, 57% cresceram mais pesados e 17% registraram diâmetro maior que os não iluminados. As lâmpadas são ligadas próximas ao momento do pôr do sol e, durante seis horas, emitem feixes para as plantas. Na prática, é como se o sistema alargasse o dia, entregando mais luz, acelerando o crescimento e ampliando o tamanho dos molhes. 

Um dos desafios encontrados pelos pesquisadores é o alto preço das luminárias destinadas para esse tipo de aplicação. Portanto, a equipe trabalha no desenvolvimento de soluções de baixo custo para que a solução atenda os agricultores familiares. Por isso, os testes priorizam lâmpadas convencionais, mesmo que contemplem material especializado ao longo do tempo, como os cedidos pela empresa SpectraGrow, com os quais serão realizados novos testes em uma propriedade particular localizada no município de Soledade. 

As evidências colhidas desde 2021, quando se iniciou a pesquisa, indicam que a alternativa pode contribuir também para o desenvolvimento sustentável do campo. A inovação poderá, ainda, servir para que as produções familiares fiquem menos suscetíveis às oscilações climáticas, como geadas, chuvas e baixa luminosidade solar. 

Conforme o docente, o investimento em sistemas disponíveis no mercado costuma ser recuperado em dois anos, mas a equipe empenha esforços para que a solução proveniente da pesquisa possa ser paga em menos tempo. Com a ampliação da produtividade, a ideia é que o agricultor produza mais rápido, mais e melhor, reduzindo o tempo de cultivo entre os ciclos e otimizando a entrada de caixa. “Para ter um estudo melhor do impacto do payback (retorno sobre o investimento), a gente precisa saber, ainda, o quanto a iluminação pode ampliar os ciclos da planta por ano. Com mais ciclos, o investimento se pagará em menos tempo”, destaca o professor. 

*Sob supervisão
de Thaise Teixeira.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895