Incomparável, Pelé comemora 80 anos

Incomparável, Pelé comemora 80 anos

Confira alguns dos momentos chave de sua carreira que explicam quem é o Atleta do Século

Pelé deixou o seu na estreia contra a Tchecoslováquia, em 1970

Por
Chico Izidro

O maior jogador de futebol de todos os tempos faz 80 anos hoje. Neste 23 de outubro, que marca as oito décadas de Pelé, para homenagear o Atleta do Século, o Correio do Povo listou alguns momentos chave de sua carreira que explicam por que surgiram muitos craques antes e depois, mas nenhum se iguala a Pelé. Parabéns ao Rei do Futebol.

 

O Pelé campeão do mundo aos 17 anos

Foto: CBF / Divulgação / CP

Pelé foi convocado para disputar a Copa do Mundo de 1958 na Suécia com apenas 17 anos. O garoto estreou na competição no terceiro jogo, vitória de 2 a 0 sobre a União Soviética. Nas quartas de final, fez o gol do triunfo de 1 a 0 contra o País de Gales. Na semifinal, mais três gols diante da França e, na decisão, outros dois na Suécia. Pelé era coroado, após a final, como Rei do Futebol, e cumpria uma promessa ao pai, Dondinho. Em 1950, ao ver o pai chorar após a derrota do Brasil para o Uruguai, disse: “Pai, não chora, eu vou ganhar uma Copa para você”. Levou apenas oito anos para cumpri-la.

O Pelé do Mundial

Foto: CP Memória

Em 11 de outubro de 1962, Pelé marcou três gols e comandou o Santos na goleada de 5 a 2 sobre o Benfica, de Eusébio, tornando-se campeão do Mundial de Clubes pela primeira vez. Aquele foi o jogo de volta, no Estádio Da Luz, em Lisboa, diante de mais de 70 mil espectadores. Na ida, no Maracanã, o Santos havia vencido por 3 a 2, com dois gols de Pelé. O jogo na capital portuguesa teve tamanha importância que o programa de rádio oficial do governo brasileiro “A Voz do Brasil”, criado em 1935, pela primeira vez mudou seu horário para que a população pudesse escutar ao vivo a partida. A exibição do Santos foi tão impactante que, após o apito final, os torcedores do Benfica não deixaram o estádio e aplaudiram de pé os brasileiros. O ex-meia do time português José Augusto, foi enfático: “Nos atropelaram”, resumiu. 

O Pelé da Libertadores

            Foto: Arquivo Santos / CP

Ao lado de Zito, Coutinho e Pepe, Pelé levou o Santos a conquistar o bi da Libertadores em 1963, ao bater o Boca Juniors por 2 a 1, na segunda partida das finais, em plena Bombonera. No primeiro jogo, no Maracanã, o Peixe havia vencido por 3 a 2. Em Buenos Aires, o Santos encarou um estádio com mais de 85 mil fanáticos torcedores xeneizes que, entre muitas vaias, hostilidades e gritos de guerra, entoavam sem parar “Vivos no saldrán” (“Vivos não sairão”). Mas Pelé estava inspirado, driblou, escapou dos zagueiros portenhos e anotou um dos gols da vitória de 2 a 1. O Santos era o melhor time do planeta, e naquele ano ganharia o bi mundial ao bater o Milan. Só não foi ainda melhor nas duas competições porque a diretoria da época resolveu abandonar a competição sul-americana e levar o time para excursões na Europa.

O Pelé maior do Século

Foto: CP Memória

Em de maio de 1981, Pelé recebeu o troféu de Melhor Atleta do Século XX de todos os esportes, dado pelo jornal francês L’Equipe. Em julho daquele ano, jornalistas das 20 mais importantes publicações de esporte de todo o mundo votaram em Pelé, que recebeu 178 pontos, nove à frente do atleta norte-americano Jesse Owens. A entrega ocorreu apenas no dia 15 de maio de 1981, data de um amistoso do Brasil com a França, em Paris. Antes do jogo, vencido pelos brasileiros, Pelé recebeu a homenagem e deu a volta olímpica no estádio com a torcida aplaudindo de pé o craque, então com 50 anos.

O Pelé do gol mil

Foto: CP Memória

Pelé foi o primeiro jogador profissional a atingir a incrível marca de mil gols. O fato aconteceu na noite de 19 de novembro de 1969, no estádio Maracanã, quando o Santos enfrentava o Vasco pelo torneio Roberto Gomes Pedrosa. A partida estava empatada em 1 a 1 até os 32 minutos do segundo tempo, quando Pelé foi derrubado na área pelo zagueiro Fernando. Pênalti marcado pelo árbitro Manoel Amaro de Lima. Na cobrança, o craque acertou o canto esquerdo do goleiro Andrada. A partida estava sendo assistida por 65 mil torcedores. Na comemoração, Pelé pediu nos microfones que as pessoas passassem a se importar e cuidar das crianças brasileiras. Não foi o último gol, é claro. No total, de acordo com a Fifa, Pelé fez 1.281.

O Pelé da Copa de 1970

Foto: CP Memória

Mesmo já sendo bicampeão, Pelé chegou à Copa do México sob desconfiança de que já não era mais o mesmo. Ledo engano. Na campanha do Tri, comandou uma equipe que tinha craques como Rivellino, Tostão, Gerson, Piazza, Carlos Alberto Torres, Jairzinho, Clodoaldo, entre outros. O craque disse a todos os seus companheiros que aquela seria sua última oportunidade de ser campeão mundial novamente e queria contar com todos eles para isso. Foram seis vitórias em seis jogos. O desempenho foi tão monstruoso que até os gols que ele perdeu ficaram para a história: a cabeceada defendida pelo inglês Gordon Banks, a tentativa do outro lado do campo contra a Tchecoslováquia e o drible desconcertante, sem tocar na bola no uruguaio Mazurkiewisk. Foi a consagração de um gênio.

O Pelé que parou uma guerra

Foto: CP Memória

Em 1969, durante uma das excursões do Santos, houve cessar-fogo de um conflito na África para recepcionar o Rei do Futebol e permitir que a população local pudesse ir aos estádios acompanhar a partida. O conflito paralisado foi a Guerra do Biafra, na Nigéria, que durou de 1967 a 1970. O Santos estava no continente africano quando foi contratado para jogar em Benin contra a seleção do Meio Oeste nigeriano. O governador da região decretou feriado e também um cessar-fogo para que a delegação santista pudesse se apresentar tranquilamente.

O Pelé goleiro

Foto: CP Memória

Além de excepcional com os pés e a cabeça, Pelé também era ótimo goleiro, apesar de medir 1,73 metro. O craque chegou a atuar quatro vezes na posição. A mais importante foi diante do Grêmio, em jogo da Taça Brasil, em 19 de janeiro de 1964, no Pacaembu, substituindo Gylmar, expulso. Na ocasião, garantiu a classificação do Santos para a semifinal com duas defesas. Ah sim, vale ressaltar: em nenhuma das ocasiões em que virou goleiro sofreu um gol.

O Pelé dos EUA

Foto: CP Memória

Aposentado há oito meses, Pelé recebeu em 1975 o convite para ir jogar no New York Cosmos, nos EUA. A ideia era popularizar o futebol no país. A partida de estreia do Rei foi transmitida para todo o território americano e outros 22 países, e jornalistas de 25 nacionalidades diferentes foram aos EUA fazer a cobertura. O contrato de Pelé foi de três anos com salários de 2,8 milhões dólares anuais, o que, na época, fazia dele o atleta mais bem pago do mundo. Nos três anos no Cosmos, Pelé marcou 37 gols e fez 30 assistências. Durante sua passagem pelos States, foram quebrados recordes de público nos estádios quando ele ia jogar.

O Pelé do Adeus

Foto: CP Memória

No dia 1º de outubro de 1977, o Rei Pelé se despedia definitivamente dos gramados em um amistoso do Santos contra o New York Cosmos, em Nova Iorque. O astro jogou o primeiro tempo pelo time norte-americano e, no segundo tempo, defendeu o Peixe. O Cosmos venceu por 2 a 1, com Reinaldo marcando para o Santos. Pelé, de falta, e o peruano Mifflin fizeram os gols do Cosmos. Após o jogo, em um discurso emocionado, ele gritou nos microfones a palavra “Love”, repetida em coro por todo o estádio. Pelé ainda voltaria a atuar em amistosos do Flamengo, Seleção Brasileira e Seleção Brasileira de másters nos anos 1980.

 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895