Inovação do agro em caráter permanente

Inovação do agro em caráter permanente

Com ampliação do interesse do produtor na precisão de seu trabalho, projeto que teve origem na Expointer deste ano ganha atenção da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado para atrair investimentos

Por
Camila Pessôa

Após ter promovido o RS Innovation Agro, vitrine tecnológica para o setor que teve um grande sucesso durante a Expointer, o Rio Grande do Sul vai seguir nas discussões e ações para construir, no Parque de Exposições Assis Brasil, um espaço permanente de promoção do desenvolvimento tecnológico destinado ao agronegócio. De acordo com o secretário da Inovação, Ciência e Tecnologia, Alsones Balestrin, até meados de outubro, o governo do Estado e as entidades representativas da agropecuária vão debater a concretização do projeto.

"Mesmo com todo esse peso do agronegócio nós não temos um parque, um ambiente de inovação focado no agronegócio”, observa Balestrin. Segundo ele, dos R$ 112 milhões investidos no Programa Avançar na Inovação desde outubro do ano passado, R$ 38 milhões foram destinados exclusivamente para as atividades agrícolas e pecuárias. Responsável por mais de 40% do PIB do Estado, o agronegócio é um setor prioritário para a Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, garante o titular da pasta.

Assim, Alsones Balestrin acredita que o Parque de Exposições Assis Brasil pode se tornar “um grande ecossistema permanente de ciência, tecnologia e inovação”, com participação de todas as universidades do Estado e instalação de centros de pesquisa. “A gente quer atrair centros de investimentos, pesquisas de desenvolvimento e ter um espaço para startups”, adianta. Para ele, o agronegócio tende a se tecnificar cada vez mais, com intensificação do uso de sensores, drones, robôs e, num futuro próximo, máquinas autônomas. “São os robôs autônomos que vão ordenhar o gado, as máquinas que não vão precisar mais de pilotos, então isso tudo tem muito de inteligência artificial, novas tecnologias de realidade virtual e de 3D”, descreve. “Esse nível de robotização vai atingir o campo até por que um dos grandes problemas da agricultura hoje é encontrar pessoas capacitadas para operar essas máquinas”, complementa. 

Do total de R$ 112 milhões do Programa Avançar/RS na Inovação, anunciado pelo Estado em outubro do ano passado, R$ 38 milhões, ou seja, quase 40%, foram repassados às iniciativas de investimento do agronegócio

Exemplos dessas tecnologias puderam ser vistos em todos os cantos na Expointer. É o caso dos drones de pulverização de agrotóxicos, equipamento que facilita esta atividade, com precisão e segurança para o aplicador/produtor. A empresa Allcomp, de Porto Alegre, é autorizada da fabricante de drones DJI no Brasil e trabalha com dois modelos de drones para pulverização: o T10, com capacidade de 8 ou 10 litros de agroquímicos; e o T30, com capacidade de 30 litros. Conforme o consultor técnico comercial da Allcomp Henrique Pauletto, entre as vantagens da utilização de drones para a pulverização estão a ausência de perdas na lavoura por amassamento; período menor de espera para secagem da lavoura antes da pulverização, após chuvas, e a possibilidades de aplicação noturna. “Hoje o produtor já prefere ter o drone, porque perto do investimento em um pulverizador autopropelido, um trator, ele tem um custo baixo”, afirma Pauletto. 

O consultor técnico explica que o drone é uma tecnologia complementar ao autopropelido. “Ele vai entrar em áreas em que o autopropelido não consegue fazer bem feito, que tem muita manobra ou risco de quebra do equipamento”, detalha. Pauletto explica que o equipamento também é uma alternativa ao avião em áreas de preservação, onde não é permitida a pulverização com os veículos aéreos. Mas pontua, o drone ainda não substitui totalmente os outros métodos de pulverização e, para isso, precisa de desenvolvimento tecnológico que permita tanto um aumento de capacidade de carga quanto na eficiência dos agroquímicos. 

A aeronave não tripulada otimiza, ainda, o uso dos agroquímicos, uma vez que ela trabalha com uma vazão de 8 a 10 litros por hectare, enquanto que métodos tradicionais chegam a uma vazão de 100 a 200 litros por hectare. “O drone tem um sistema diferente, que faz com que se tenha uma qualidade de aplicação igual ou até superior aos outros equipamentos, porque ele trabalha com microgotas”, explica o consultor, ao lembrar que alguns consumidores têm desconfiança em relação à eficácia do equipamento, em especial os gaúchos. “A gente brinca que o produtor gaúcho é o mais desconfiado, porque a gente trabalha com o Brasil inteiro e o gaúcho é aquele que mais quer ver funcionando a tecnologia para decidir se ele vai fazer esse investimento ou não”, relata.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895