Jogos Digitais: lazer e mercado em expansão

Jogos Digitais: lazer e mercado em expansão

O interesse e os resultados financeiros com o consumo de jogos digitais fizeram crescer a responsabilidade e a necessidade de aperfeiçoar a habilidade dos profissionais para atender a demanda de um público crescente

O Laboratório de Objetos de Aprendizagem (LOA) da Feevale é um espaço de formação e capacitação de acadêmicos para a criação e desenvolvimento de formatos inovadores para objetos de aprendizagem sob a forma de jogos digitais

Por
Maria José Vasconcelos

Os Jogos Digitais deixaram de ser mero divertimento e passaram a ser assunto sério, que requer qualificação profissional e que acena para mercado promissor. Considerado o maior em venda de games da América Latina, o 10º em receita no mundo e com um volume negociado interno de 2,3 bilhões de dólares, o Brasil tem o desafio de preparar profissionais para uma área com demanda crescente, conforme dados divulgados em 2021 pela consultoria Newzoo. Já a pesquisa Game Brasil 2022 revela o tamanho do interesse por games: 74,5% da população informam ter o hábito de jogar. Atentas a essa evolução, instituições de Ensino expandem a atuação no setor.

Com duração de 2,5 anos e oferta de estudos a distância, o Senac EAD lança a graduação de Tecnologia em Jogos Digitais. Giovanna Saggiomo, coordenadora do curso, avalia que “criar um jogo digital é tarefa que envolve diversas áreas e conhecimentos, pois exige profissionais como programadores, artistas, desenvolvedores e game designers. A vantagem de investir na carreira é contar com uma formação ampla e multidisciplinar, facilitando a entrada no mercado de trabalho”. Ela explica que para se destacar profissionalmente é preciso participação ativa e atualizada no mercado de jogos. Diz que o empreendedorismo nesse campo requer planejamento bem estruturado. E para quem já atua na área e quer se qualificar, orienta: conhecer os competidores, os jogos em alta e seus diferenciais; saber sobre o público; oferecer experiências de jogos significativas; pesquisar os softwares utilizados; manter conhecimentos atualizados; e testar os jogos sempre, o máximo que puder.

Na Universidade de Caxias do Sul (UCS), o mesmo ambiente que sedia os cursos de Criação Digital e de Jogos Digitais é cenário para o jogo “O Incidente no Bloco 71”, que tem como cenário a própria Universidade e é finalista no Festival de Jogos do SBGames 2022 em cinco categorias de Estudantes: Jogo, Design, Arte, Narrativa e Tecnologia. O concurso é um dos mais tradicionais na produção nacional de jogos digitais. Lançado em outubro de 2021, o game foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso por Bruno Paese Pressanto, hoje egresso da graduação em Criação Digital. Marcelo Fardo, do curso superior de tecnologia em Jogos Digitais e orientador de Bruno, afirma que, na Trilha de Educação, há foco em estudo sobre uso dos jogos educativos e comerciais no processo de ensino e aprendizagem, bem como gamificação – aplicação de elementos de design de games à educação. Reúne trabalhos para uso educacional dos jogos e propõe interação entre pesquisadores da área.

Para consolidar e expandir o setor de games no Estado, foi lançado, em 5 de outubro, o projeto Cluster GameRS: cluster de jogos digitais. O projeto da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do RS (Fapergs) e está alinhado ao planejamento estratégico do setor para 2030, desenvolvido no programa GameRS, do governo estadual. A iniciativa tem a participação da Associação de Desenvolvedores de Jogos Digitais do RS (ADJogos), prefeituras, instituições de Ensino Superior, mais de 30 desenvolvedoras e um Arranjo Colaborativo Presencial no Instituto Caldeira, em Porto Alegre. Prevê ações para estimular geração de capital intelectual na área, cadeia de valor, capacidade competitiva e inovação das empresas e envolvidos no ecossistema. O reitor da Feevale, Cleber Prodanov, ressalta que “hoje, a indústria criativa tem muito valor, não apenas em relação ao PIB, mas em capacidade de trabalho, internacionalização e articulação. Esse projeto, que conecta mentes inovadoras, vai colaborar para tornar essa rede ainda mais forte e competitiva”. 

O Cluster Games tem coordenação do professor Cristiano Max Pinheiro, da Feevale; duração de três anos; e importância para os jogos digitais manterem a expansão no RS.
A atuação da Feevale no trabalho com games agrega ainda outras iniciativas. Além do curso de Jogos Digitais, onde são desenvolvidos diversos projetos, a universidade conta com o Laboratório de Objetos de Aprendizagens (LOA), e realiza pesquisas e estudos na área. Nele, o acadêmico é inserido em um ambiente que utiliza processo de desenvolvimento estruturado que alia a produção técnica e científica. Os artefatos desenvolvidos são inseridos nos currículos das disciplinas dos diferentes cursos, de forma que os demais alunos da instituição sejam beneficiados de forma indireta. E o laboratório atua também na produção e desenvolvimento de projetos fomentados por editais e parcerias com diferentes órgãos governamentais, institutos e associações públicas ou privadas.

Entre os jogos e projetos criados e produzidos pela Feevale está o game Reverie Knights Tactics, desenvolvido pelo coordenador do curso de Jogos Digitais, Eduardo Müller, e por oito egressos da graduação – recente campeão da categoria profissional de “Melhor Arte”, no Festival de Jogos SBGames 2022. E tem também outros, como: Jogo Planeta ODS; Jogo Digital Recanto das Letras; As Incríveis Aventuras de Apollo & Rosetta no Espaço; Guardiões das Águas; Educa+Saúde; ou Minecraft.

Games

• Estudo da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais revela crescimento de 152% de desenvolvedoras; e entre os serviços mais oferecidos estão: gamificação, ações de arte, desenvolvimento de software, tecnologia da informação, publicação e produção de conteúdo.
• Com forte atuação, a Associação de Desenvolvedores de Jogos Digitais do RS é a 1ª associação de desenvolvedores de jogos no Brasil.
• Entre as categorias de jogos mais produzidas estão: entretenimento (40%); jogos educativos (30,1%); e jogos de treinamento corporativo (15,4%).
• O mercado de jogos apresentou, na última década, crescimento médio acima de 20% no mundo.
• O RS é pioneiro no desenvolvimento de jogos e polo de referência no país.
• O Estado possui oito universidades com cursos na área. O primeiro curso criado no país tem mais de 16 anos.

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