Os possíveis sucessores de Tite na Seleção

Os possíveis sucessores de Tite na Seleção

Desde a eliminação na Copa do Mundo, a CBF não definiu o nome do novo treinador do Brasil, que vai comandar a equipe no ciclo até a Copa do Mundo de 2026. O grande sonho da entidade é o italiano Carlo Ancelotti, que está no Real Madrid, mas outros como o português Jorge Jesus e o brasileiro Fernando Diniz correm por fora

O treinador Carlo Ancelotti, do Real Madrid

Por
Chico Izidro

Após a Copa do Mundo, no Catar, o técnico Tite anunciou que não seguiria no comando da Seleção Brasileira. O gaúcho já havia antecipado meses antes que deixaria o cargo em que ficou desde 2016 a 2022. Nesse período, comandou o Brasil em 81 jogos, com 60 vitórias, 15 empates, seis derrotas e aproveitamento de 80%. Porém, só um título: a Copa América de 2019, disputada no Brasil. O maior objetivo, a Copa do Mundo, ficou pelo caminho. Chegou às quartas de final duas vezes, caindo para Bélgica em 2018 e Croácia em 2022.

Desde então, a CBF partiu em busca do substituto para dirigir a Seleção Brasileira, que luta pelo hexacampeonato na Copa dos EUA, México e Canadá, em 2026. Foram cogitados vários nomes para a função, entre eles alguns brasileiros, como Fernando Diniz, que tem sido bastante elogiado pelo desempenho do Fluminense, campeão carioca este ano. Mas o sonho do presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, parece ser outro: ter o italiano Carlo Ancelotti na casamata brasileira. O leque de possibilidades passou por outros nomes, como os espanhóis Pep Guardiola e Luis Enrique, o francês Zinedine Zidane, o alemão Joachim Löw e os portugueses Abel Ferreira e Jorge Jesus. 

Apesar da obsessão em contratar Ancelotti, tirar o técnico do Real Madrid não é tarefa fácil. Rodrigues afirmou, no entanto, por diversas vezes não ter pressa para anunciar o novo técnico. No momento, ainda que muitos nomes tenham sido especulados, alguns nomes surgem com mais força para suceder Tite e, enfim, trazer o hexa para o Brasil.

Carlo Ancelotti

Ao longo da carreira, o técnico conquistou 29 troféus. O italiano é o treinador que mais vezes venceu a Liga dos Campeões (Milan 2002-03, 2006-07 e Real Madrid 2013-14 e 2021-22), além de ser também o único na história a ser campeão nas cinco principais ligas da Europa. O técnico sempre mostrou carinho especial por jogadores brasileiros. Ancelotti considera que os atletas brazucas possuem características particulares que os diferenciam dos de outras nacionalidades. Ronaldo, Kaká, Cafu, e agora Rodrygo, Vinícius Júnior e Éder Militão no Real são alguns que evoluíram muito sob o comando do treinador. Porém, aos 63 anos, não tem intenção de deixar o clube espanhol e não pretende rescindir o contrato, válido até 2024. Ele disse, inclusive, que, se possível, gostaria de encerrar a carreira no Santiago Bernabéu.

Jorge Jesus

O Mister é outra ficha da CBF. O técnico português encantou o Brasil em 2019, quando dirigiu e ganhou quase todos os títulos possíveis com o Flamengo. Ele é uma das opções defendidas por pessoas da Confederação para a assumir a Seleção. Jesus, atualmente no Fenerbahçe, da Turquia, foi procurado pelo Rubro-Negro carioca, mas não chegou a um acordo financeiro: pediu 7 milhões de euros (R$ 38,22 milhões) por temporada, mas o clube teria oferecido 4,5 milhões de euros (R$ 24,5 milhões). Sem acerto, o clube da Gávea fechou com o argentino Jorge Sampaoli. Jesus, de 68 anos, quer trabalhar novamente no Brasil, após o fim do contrato com o clube turco, em maio. Este pode ser um trunfo a ser usado pela CBF. Alguns ex-jogadores fazem campanha pelo técnico como o ex-goleiro Julio Cesar e o pentacampeão Rivaldo.


Jorge Jesus, que é técnico do Fenerbahçe | Foto: Twiter / Divulgação / CP

Zinédine Zidane

O francês, ex-treinador do Real Madrid, já passou pelo radar da CBF. Conforme o jornal francês L'Équipe, Zidane, 50 anos, teria recusado proposta da entidade que rege o futebol brasileiro no começo deste ano. O ex-meio-campista, campeão do mundo em 1998 e que encerrou a carreira de forma melancólica na Copa do Mundo de 2006, sendo expulso depois de dar uma cabeçada no zagueiro italiano Materazzi, não gostaria de assumir uma seleção, a não ser que seja a da França. A ideia é não comandar nenhuma equipe cujo idioma local ele não fale. Essa condição também o teria levado a recusar convites de Portugal e dos Estados Unidos, que também o queriam para liderar as respectivas seleções. Além do francês nativo, Zidane é fluente em espanhol e não fala português. Seu sonho de dirigir a França, no entanto, segue sem chances, pois em janeiro a Federação Francesa de Futebol ampliou o vínculo de seu atual comandante, Didier Deschamps.

Ano passado, Zidane concedeu entrevista ao L'Equipe, onde colocou seu ponto de vista em esperar o momento certo para voltar a trabalhar: “Sou instintivo. Não gosto de coisas fixas, de dizer amanhã faço isso ou aquilo. Vou retomar quando voltar a ser treinador. Eu realmente gosto dessa ideia da minha vida. Eu faço o que sinto quando sinto”, disso. Acrescentou ainda que age principalmente com o coração. “É por isso que talvez eu não consiga ir a todos os lugares. Algumas condições tornam as coisas difíceis. Para vencer, muitos elementos entram em jogo. É um contexto global. Eu sei o que preciso para vencer. Digo isso com toda modéstia. É por isso que não posso ir a qualquer lugar”, completou.

Fernando Diniz

O treinador brasileiro de 49 anos, entrou na mira da CBF ao colocar o Fluminense em um patamar superior nesta temporada. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, estava no Maracanã na final do Campeonato Carioca, e ficou impressionado com a atuação do Tricolor na goleada de 4 a 1 sobre o Flamengo, e a forma como os jogadores deram mérito ao treinador pela partida e a virada histórica – o time havia perdido o primeiro jogo por 2 a 0. Foi o primeiro título da carreira de Diniz. Existe ainda uma forte campanha de jogadores e ex-jogadores para que o treinador do Fluminense seja o escolhido para comandar a Seleção Brasileira.

Por outro lado, o presidente do clube carioca, Mário Bittencourt, descartou a possibilidade de liberar Diniz para a CBF. “O Fluminense não libera ele em hipótese alguma. A gente tem um projeto de dois anos desenhado com ele e vamos trabalhar para que ele siga com a gente.”

Contra Fernando Diniz, existe o fato de ele não ter experiência para comandar a Seleção Brasileira, na visão de alguns dirigentes da CBF.


Fernando Diniz, atual técnico do Fluminense | Foto: MAURO PIMENTEL / AFP / CP

Abel Ferreira

O português Abel Ferreira, 44 anos, é o treinador de maior sucesso atualmente no futebol sul-americano. Ele vem construindo carreira exitosa desde que desembarcou no Palmeiras, onde virou um grande ídolo. Para muitos palmeirenses, é o maior comandante de toda a história do Verdão. Assim, seu nome tem sido lembrado por diversos outros clubes europeus. No ano passado, recebeu três ofertas para voltar ao futebol do Velho Continente, mas recusou todas. O treinador renovou recentemente com o Palmeiras, e com sua comissão técnica, o pacote custa pouco mais de R$ 2 milhões por mês, cerca de R$ 24 milhões por ano, um valor que a CBF tem total condições de pagar. O problema é o seu temperamento explosivo à beira do campo – ele tem quase 50 cartões amarelos e quase dez vermelhos desde que chegou ao clube paulista. No sábado passado, o treinador foi expulso na partida Palmeiras 2 x 1 Cuiabá, pela rodada de abertura do Brasileirão.


O treinador Abel Ferreira |  Foto: SERGIO LIMA / AFP / CP

José Mourinho

Outro português no radar da CBF é José Mourinho, atualmente na Roma. Porém, se optar pelo treinador de 60 anos, terá forte concorrência. Apesar de ter contrato com a Roma até o fim da próxima temporada, o “Special One” também está sendo sondado para comandar o Paris Saint-Germain, já que a atual gestão do treinador Christophe Galtier é considerada desastrosa. O time francês, mesmo sendo campeão nacional, tropeçou mais uma vez na Liga dos Campeões, e pretende trocar toda a comissão técnica. Existe ainda o interesse da Arábia Saudita. O objetivo é transformar Mourinho em um embaixador do país que tenta ser sede de alguma edição da Copa do Mundo. E a oferta salarial transformaria o português no maior salário a ser pago a um profissional: 120 milhões de euros (R$ 657,1 milhões) anuais. E ele ainda poderia escolher entre dirigir a seleção nacional ou assumir algum clube saudita. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895