Pesquisa vai apontar opções de uso para o butiá

Pesquisa vai apontar opções de uso para o butiá

Técnicos do DDPA/Seapdr estão analisando dados do Diagnóstico de Extração, Processamento e Comercialização para sugerir políticas públicas e incentivos ao aproveitamento econômico de produtos elaborados com a fruta

Pesquisadora diz que fruta tem valor simbólico e afetivo para os gaúchos e pode ser uma alternativa de geração de renda para produtores e empreendedores

Por
Camila Pessoa*

O Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (DDPA/Seapdr) vai divulgar durante este ano o resultado completo da pesquisa “Diagnóstico de extração, processamento e comercialização de produtos oriundos de butiazais no RS”. O trabalho foi feito entre julho de 2020 e junho de 2021, em convênio com a Emater/RS-Ascar, com o objetivo de propor políticas públicas e incentivos para a utilização do butiá no Estado. 

Produtores e técnicos já observaram que entre os principais entraves para o aproveitamento econômico estão a falta de cultura de uso da fruta; a falta de estrutura de processamento; e a falta de políticas públicas de apoio a essa cadeia.

Além das constatações gerais iniciais, a coordenadora do DDPA, Larissa Ambrosini, destaca que já se sabe que a maioria dos produtores que processam e comercializam o butiá são aqueles que realizam manejo orgânico ou que estão em transição para esse manejo. Estes também são os que mais expressam interesse e acreditam no potencial da fruta: 53% deles disseram acreditar que a planta tem potencial de geração de renda, contra 17% dos agricultores de manejo tradicional. Assim, Larissa acredita que políticas públicas direcionadas aos produtores orgânicos, como linhas de crédito que facilitassem o acesso a estruturas de produção, poderiam ser eficazes. Ela cita o exemplo das despolpadeiras, que não são caras e podem ajudar esses produtores. 

Além disso, Larissa fala da criação de estruturas cooperativadas; cursos para o processamento do butiá; iniciativas para promover um maior contato entre produtores e compradores; e campanhas para promover formas diversas de utilização do butiá.

A coordenadora ressalta a importância da utilização do butiá no estado. “Tem um valor simbólico, afetivo e de geração de renda. É uma alternativa a mais para produtores e empreendedores”, afirma. “Além disso, o uso sustentável também pode contribuir para a preservação das oito espécies presentes no Estado, que estão ameaçadas de extinção por pressão ao seu habitat”.

Segunda a Seapdr, o estudo usou como base a Circular Técnica 26 da Fepagro, organizada pelos pesquisadores Adilson Tonietto, Gilson Schlindwein e Solange Machado Tonietto e publicada em 2009. Historicamente, a fruta já desempenhou papel relevante na economia do Estado: a extração era utilizada para confecção de colchões e estofarias entre os anos de 1927 e 1950 e provavelmente garantiu a preservação de extensas áreas de butiazais.

*Sob supervisão de Elder Ogliari

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895