Preparação para a temporada de veraneio

Preparação para a temporada de veraneio

Municípios do Litoral Norte investem em infraestrutura para melhor receber os turistas que lotam a região nos meses de verão e governo do Estado organiza serviços de segurança nas estradas e dentro das cidades

Ministério Público Federal ajuizou ação pedindo a reforma ou a derrubada da plataforma de Atlântida

Por
Cristiano Abreu

Entre os meses de dezembro e março, a população do litoral norte gaúcho, que é de 420 mil pessoas, segundo dados do IBGE, salta para aproximadamente 2 milhões. Esta migração em direção ao mar, ainda que temporária, oferece muitas oportunidades para setores importantes da economia local, mas também exige ao máximo a infraestrutura das praias.

A expectativa das prefeituras e de setores como comércio, serviços, turismo e eventos é que este será um verão diferente em aspectos que vão da circulação de pessoas até o clima. E, diante das projeções, os municípios costeiros executam obras e investem em novos atrativos para visitantes, sem esquecer os moradores.

Segundo Marcia Tedesco, presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (AmLiNorte), as 23 cidades que compõem a entidade trabalharam suas demandas de forma coletiva. Mobilidade urbana, saúde, segurança pública e serviços essenciais como energia elétrica, água e saneamento pautaram os encontros da entidade durante todo o período de baixa temporada. “É como se toda a demanda, de um dia para o outro, se multiplicasse por cinco. Nos preparamos o ano inteiro para este período, dentro das nossas possibilidades, para ofertarmos lazer e qualidade de vida aos moradores e visitantes”,diz a presidente. O entendimento, destaca Márcia, que também é prefeita de Balneário Pinhal, é de que juntas as prefeituras têm mais poder, principalmente diante de temas que extrapolam a competência dos municípios. “Estamos em contato permanente com as concessionárias de energia e de água. Fazemos, enquanto associação, o mesmo com relação ao governo do Estado para tratarmos de segurança pública e saúde”, completa a gestora.

Durante o ano, a pauta das 23 prefeituras que integram a AmLiNorte priorizou a busca por soluções para enfrentar duas das principais cobranças dos veranistas: a conservação das ruas, acessos à beira-mar e a qualificação dos espaços públicos de convivência. “Investimentos em pavimentação e em drenagem pluvial geram mobilidade. E uma cidade mais organizada, com eventos, atrai visitantes, cresce economicamente e gera benefícios para seus moradores”, afirma Marcia.

A rede hoteleira projeta uma volta expressiva dos turistas. Será o primeiro verão sem os impactos diretos da pandemia de Covid-19 e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte (SHRBS-LN) espera um crescimento de 15% de veranistas em relação à temporada passada. “É uma recuperação gradual que ainda está ocorrendo. Os estabelecimentos investiram em reformas, contratações e em qualificação de pessoal para estarem preparados”, garante a presidente da entidade, Ivone Ferraz.

Sem pandemia, o Sindicato aposta no retorno dos turistas vindos de países vizinhos, como Paraguai, Chile, Uruguai e, apesar da crise econômica, da Argentina. “Estive promovendo nosso litoral em evento em Buenos Aires e percebemos muito interesse dos argentinos. Acreditamos em um incremento de 20 a 30% desses visitantes em nossas praias”, conta Ivone.

Entre hotéis e pousadas, a região conta com 22 mil leitos considerados formais. Contudo, reservas de quartos e aluguéis por sites especializados também são muito frequentes e empolgam representantes do setor imobiliário. A locação de temporada permanece o carro-chefe das imobiliárias, conforme o presidente da Associação das Imobiliárias e Corretores de Imóveis de Tramandaí e Imbé (Aiciti). “Sempre tem alta procura, com 100% de ocupação entre Natal e Ano-Novo”, conta Marcelo Callegaro, que revela uma mudança de preferência dos locatários: “Após a pandemia, cresceu a busca por casas com piscina, mas para este verão já percebemos uma procura maior por apartamentos”.

Além de mais pessoas, a tendência para o verão 2024 é que a permanência dos veranistas e mesmo dos visitantes será maior, na visão do especialista. “Vimos menor tempo de locação nos últimos anos, o que também tende a mudar nesta temporada”.
E de acordo com dados divulgados pela Fecomércio-RS, entre os veranistas, 26,5% afirmam que terão suas estadas em casas ou apartamentos alugados e outros 21,6% ficarão em hotéis ou pousadas. Unidos, rede hoteleira, imobiliárias, comércio, eventos, turismo, alimentação e serviços podem responder por mais de R$ 1 bilhão em negócios neste veraneio, conforme AmLiNorte, SHRBS-LN e Aiciti. E para aproveitar este potencial, as prefeituras litorâneas apostam em um setor considerado elo entre as atividades: o gastronômico.

Em várias praias gaúchas, como em Magistério (foto), as prefeituras se preocupam em recuperar ou revitalizar as áreas à beira-mar, como os calçadões.

O verão da gastronomia

De Torres a Balneário Pinhal, a gastronomia cresce de importância. A prova está nos projetos de revitalização das orlas de Torres, Imbé, Tramandaí e Balneário Pinhal, que dão cada vez mais espaço a bares, restaurantes e food trucks em áreas consideradas estratégicas.

Após quase um ano de obras, Torres está concluindo a revitalização da orla do rio Mampituba. A intervenção, que engloba uma área de 18,7 mil m² entre a avenida Beira Mar e avenida Cristóvão Colombo, conta com espaços de contemplação, iluminação, mobiliário urbano, arborização e um amplo espaço para gastronomia.

Balneário Pinhal, que inaugurou a primeira rua coberta do Litoral Norte, trabalha em melhorias no Largo Osso da Baleia, no Centro, e na construção de um calçadão à beira-mar no Distrito de Magistério. A prefeita Marcia Tedesco entende que as obras potencializam as opções gastronômicas. “O Centro, que é o local dos principais eventos, ganha reforço importante e Magistério passará nos próximos anos por uma mudança de perfil na região do calçadão, atraindo bares e restaurantes a uma área do município até aqui predominantemente residencial.”

A tendência está presente também nas praias de Tramandaí e Imbé, onde a recuperação da orla do rio Tramandaí combinou a oferta de opções de lazer com a geração de espaços para empreendimentos voltados à alimentação. Imbé investiu mais de R$ 1 milhão e, após dois anos de obras, tem calçadão, estacionamento, ciclovia, academias ao ar livre e iluminação, o que a prefeitura considera pontos essenciais para atração de visitantes.Tramandaí promoveu melhorias de pavimentação e de acessibilidade.

Torres é uma das praias mais procuradas do RS e vem se preparando para receber os turistas.

Pesquisa indica valor que visitante pretende gastar

De acordo com a pesquisa Férias 2024 realizada pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio RS), os gaúchos planejam passar as férias no Litoral Norte e estão dispostos a gastar entre R$ 1 mil (34% dos entrevistados) até mais de R$ 3 mil (22,8%) em suas permanências.

“Além da sinalização de que o veranista deseja gastar mais, neste ano esperamos rotatividade maior de pessoas nas praias. E este tipo de comportamento é interessante para o comércio, pois o visitante que fica cinco dias, por exemplo, na maior parte das vezes janta fora de três a cinco vezes, diferente do morador ou do veranista fixo, sem falar que geram ocupação maior de hotéis e aluguéis”, pontua a economista-chefe da Fecomércio RS, Patrícia Palermo.

É, conforme a especialista, uma oportunidade para o comércio faturar mais. Contudo, Patrícia lembra que a demanda extra que chega junto com a temporada exige investimento em estrutura e qualificação da mão de obra. “Todo mundo vai precisar de mais gente para atender os clientes e aí é fundamental que ele seja mais bem atendido para que retorne mais vezes. O bom atendimento é decisivo e passa pela necessidade de adequação do comerciante, depende de entender que os colaboradores, temporários ou não, precisam estar preparados”, completa a economista, que comemora o fato de as prefeituras terem centrado os investimentos em infraestrutura para turismo e lazer, gastronomia e eventos. “Quando o visitante se sente bem recebido, ele retorna, e volta a consumir”, afirma.

As praias mais procuradas

Os dados da Fecomércio indicam que o destino preferido dos gaúchos no verão é Torres. Cidreira, no outro extremo do Litoral Norte, é a segunda mais buscada. Capão da Canoa, Tramandaí, Arroio do Sal e Balneário Pinhal, nesta ordem, figuram entre as principais rotas do verão.
São públicos e estruturas distintas, com hábitos de lazer e perfis de consumo também diferentes, conforme a economista-chefe da entidade. “As propostas de cada praia variam, umas mais turísticas, outras voltadas para eventos, com público jovem e outras com veranistas fixos, o que abre muitas possibilidades do pequeno ao grande negócio”, analisa Patrícia Palermo.

Torres aposta em revitalização para receber os turistas

Um dos seus principais atrativos no turismo de temporada é a festa de réveillon. Dados da prefeitura mostram que mais de 1 milhão de pessoas são aguardadas para a festa da virada, sendo que 600 mil devem assistir à queima de fogos e conferir as atrações musicais na orla. “A cidade está preparada para receber o veranista. Além de uma praia bonita e agradável, as obras de revitalização vão trazer novos atrativos aos visitantes, como a melhoria no calçadão da beira-mar e a nova orla gastronômica. Com foco na mobilidade, os visitantes encontrarão melhorias, como uma rótula nova no centro da cidade, a Rótula do Balão, para melhorar a circulação de veículos”, informou a prefeitura por meio de sua assessoria.

Em novembro deste ano, o município autorizou o início da revitalização da Avenida do Riacho. O trecho entre a avenida Castelo Branco e o rio Mampituba receberá contenção estrutural das margens e serão construídas cinco travessias para veículos, ciclistas e pedestres. Ainda estão previstos aterro, plantio de grama, iluminação e execução de meio-fio entre a contenção e a via. O Parque Estadual da Guarita, principal ponto turístico de Torres, recebeu obras de recapeamento e asfalto. 

Torres é uma das praias mais procuradas do RS e vem se preparando para receber os turistas.

Outra vertente que ganha espaço é o turismo rural/ecológico. A cidade conta com dez empreendedores e três projetos estão em andamento pelo programa Raízes de Torres, com a proposta de que o visitante perceba outros atrativos além do mar.

Um dos locais mais visitados, a ponte pênsil entre a praia gaúcha e Passo de Torres, em SC, desabou em 20 de fevereiro deste ano. Após impasse envolvendo a responsabilidade sobre a manutenção do acesso e a reconstrução, às vésperas da temporada de férias o município catarinense deu início às obras. A recuperação dos pilares de sustentação iniciou e a prefeitura de Passo espera entregar a nova passagem sobre o Mampituba ainda em dezembro.

Investimentos em Capão

Para este verão, Capão da Canoa, concentrou os investimentos em pavimentação. Já concluída, a duplicação da ERS 407, acesso principal ao município, recebeu investimentos da prefeitura e do governo estadual. A rodovia conta agora com quatro pistas, acostamento e ciclovia.

Outra obra considerada importante para amenizar os constantes congestionamentos é a duplicação da avenida Paraguassú, no trecho entre as praias Zona Norte, Jardim Beira Mar, Praia do Barco e o Distrito de Capão Novo. O projeto da ciclovia e do canteiro central com passeio tem prazo de conclusão para agosto de 2024, porém, a parte central, em Capão Novo, será entregue até o início de janeiro.

A prefeitura também projeta a instalação de 500 luminárias com tecnologia led em locais como o calçadão beira-mar, a ERS 407, a avenida Paraguassú e nas praças centrais. “Investimos em infraestrutura, qualificando a cidade tanto para os moradores quanto para recepcionar os turistas”, diz o secretário de Turismo do município, Marcelo Ramos.

Nas praias do Barco e do Araçá, região que tem se desenvolvido com mais velocidade nos últimos anos, os moradores pontuam problemas referentes à pavimentação, drenagem pluvial e melhoria no acesso à faixa de areia. No Araçá, distante poucos quilômetros do Centro de Capão, a avenida Central é o alvo das principais queixas. Há um córrego desde a avenida Paraguassú e que deságua in natura direto na faixa de areia. Sem manutenção, apresenta efeitos da erosão e já compromete boa parte do asfalto da via. “A promessa da canalização é antiga, mas não sai do papel.

Quando cheio, leva as encostas e derruba a avenida. Se o nível está baixo, vira criadouro de mosquitos, insetos e ratos”, conta o aposentado Luiz Carlos Vieira, 64 anos.

O córrego da avenida Central, além de estar a menos de 100 metros de um dos principais hotéis do município, compromete a única passarela de acesso à praia. Inaugurada no verão passado, está cedendo. “Além de inclinada, a passarela foi construída no lugar errado. Para chegar à praia, temos que pisar naquela água suja”, lamenta o aposentado.

Para amenizar o problema, o secretário de Obras de Capão da Canoa, Ricardo Matos, informa que a passarela será trocada de lugar. Quanto ao córrego, Matos indicou que o excesso de chuva dos últimos meses comprometeu a estrutura. “O problema está identificado, mas aguardávamos o tempo firme para as intervenções necessárias.” 

Tramandaí foca em questões de mobilidade

Para enfrentar aquele que é considerado por moradores e veranistas o principal problema de Tramandaí, a mobilidade, a prefeitura iniciou em novembro um mutirão de pavimentação. Conforme a Secretaria de Obras do município, 50 ruas receberão asfaltamento e calçamento, embora não tenha sido confirmada a previsão para a conclusão dos serviços. Márcio Soares, que responde pela pasta, destaca o investimento de R$ 25 milhões no projeto, que atinge os bairros Beira-mar, Centro, Cruzeiro do Sul I, Cruzeiro do Sul II, Emboaba, Humaitá, Indianópolis, Jardim Atlântico, Litoral, Nova Tramandaí, Oásis Sul, Parque dos Presidentes, Recanto da Lagoa, São Francisco, Zona Nova e Zona Nova Sul.

No entanto, outro problema em Tramandaí, comum também a Imbé, que são os frequentes congestionamentos na região da ponte sobre o rio Tramandaí, ao que tudo indica deve se repetir, uma vez que a tão sonhada construção de uma nova travessia ainda se resume à espera. O último capítulo desta novela ensaiou a preparação de um estudo de viabilidade técnica e estimativas de valores, mas impasses ambientais e captação de recursos tornam até o momento essa necessidade de ambos municípios apenas um desejo remoto.

A prefeitura de Tramandaí também afirma que pretende realizar intervenções no primeiro trecho na avenida Beira-Rio. Há ainda a construção da nova Praça dos Botos, na beira do rio Tramandaí, no bairro Barra. Já em obras, o espaço terá infraestrutura ampliada para 4,8 mil metros quadrados, segundo a administração municipal. Estão previstos dois mirantes, bicicletários, chimarródromo, rampa para embarcações, pergolados, banheiros, quiosques e um monumento em formato de barco com fonte e iluminação.

Balneário Pinhal

Demanda recorrente, a ligação entre as ruas e a faixa de areia recebeu investimento da prefeitura. As regiões consideradas problemáticas, como Pinhal Sul e Magistério, que originam maior número de reclamações, foram priorizadas. “Construímos passarelas e também estamos fazendo a recuperação das vias que dão acesso ao mar,” diz a prefeita Marcia Tedesco.

Xangri-Lá

Xangri-Lá é mais uma das praias do Litoral Norte que trabalha na revitalização da beira-mar. A intervenção, que inclui a construção de um calçadão e vai da alameda Rio Douradinho até a alameda Rio Divisa, está em andamento. Além da concessão da Praça Antônio Casaccia à iniciativa privada, com promessa de entrega ainda para esta temporada, a administração do município trabalha na reconstrução de sete passarelas danificadas por chuvas e ressacas.

Em Capão da Canoa, um dos principais investimentos é a duplicação do acesso principal ao município.

Atlântida

Será um verão sem a plataforma marítima de Atlântida, em Xangri-Lá. Interditada após parte de sua estrutura ceder em outubro deste ano, os 280 metros de concreto e boas histórias de pescador cultivadas no local desde 1975 podem desaparecer por completo. Isso porque o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação civil pedindo a reforma ou a derrubada caso situação não seja regularizada. O espaço encontra-se embargado pela Superintendência do Patrimônio da União no RS. Por meio de sua assessoria de comunicação, a prefeitura de Xangri-Lá informou que aguarda orçamento elaborado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para executar o laudo técnico que definirá o futuro da plataforma.

Cidreira

A segunda praia mais procurada de acordo com levantamento da Fecomércio, Cidreira vive um processo de reconstrução de sua sede administrativa. Com orçamento estimado em R$ 7,5 milhões, o novo edifício ocupa uma área total de 4 mil metros quadrados e está em fase de conclusão. A previsão de entrega é janeiro de 2024. Com o novo espaço, a prefeitura espera economizar aproximadamente R$ 420 mil por ano, o que permitiria investimentos no município, conforme o prefeito Elimar Pacheco. Para este verão, a conservação da orla e de praças e a manutenção de vias são as prioridades elencadas.

Abastecimento de água e saúde

O Grupo Aegea, controlador da Corsan, lançou um programa de serviços e obras com o objetivo de minimizar o risco de falta de água durante o verão. Entre as ações executadas, está a instalação de geradores de energia elétrica em pontos de captação, estações de tratamento e sistemas de bombeamento de esgoto em Torres, Capão da Canoa, Xangri-lá, Tramandaí, Imbé, Cidreira e Atlântida Sul. Os equipamentos serão acionados em caso de interrupção no abastecimento por panes elétricas ou por parada do fornecimento de energia.

De acordo com a companhia, os 170 chuveiros disponibilizados nas praias gaúchas passaram por manutenção.

Em relação à saúde, a demanda cresce até seis vezes na alta temporada. Por conta disso, a Associação dos Municípios do Litoral Norte articulou com o governo do Estado reforço das estruturas de saúde que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Tivemos reuniões com o governo do Estado para tratarmos desse aumento sazonal. Precisamos de recursos para que possamos manter o sistema de saúde funcionando”, afirmou a presidente da AmLiNorte, Marcia Tedesco.

A Secretaria da Saúde do RS assinala investimento de R$ 3 milhões nos litorais Norte e Sul. Os recursos viriam da Operação RS Verão Total 2023/2024 e seriam destinados ao custeio dos atendimentos de urgências nos serviços de saúde entre dezembro e março. Para o Litoral Norte, a ideia é reforçar os 11 prontos-atendimentos municipais 24 horas, as bases do Samu 192 e os cinco hospitais de referência. O Hospital Santa Luzia, de Capão da Canoa; o Hospital Nossa Senhora da Patrulha, em Torres; o Hospital São Vicente de Paulo, de Osório; e o Hospital Tramandaí receberão R$ 200 mil cada. O Hospital de Santo Antônio da Patrulha receberá R$ 100 mil.

O Samu terá repasses extras que, somados, chegam a R$ 800 mil. Já os prontos 24 horas devem ganhar R$ 700 mil no total, com valores de acordo com o porte e média de atendimentos e consultas no último veraneio.

Segurança nas estradas e nas cidades 

Da infraestrutura à segurança, as rodovias são fundamentais para as 23 cidades do Litoral Norte. Somente na BR-290 (freeway) circulam ceca de 200 mil veículos por dia em feriados prolongados e datas como Natal, Ano-novo e Carnaval. Para comportar o fluxo, a CCR ViaSul, concessionária da via, realizou obras entre os quilômetros 74 e 88 (entre Gravataí e Porto Alegre) para construção de acostamentos e passeios além do alargamento de pontes e viadutos. De Gravataí a Santo Antônio da Patrulha, foi executada a recuperação de pavimentação e sinalização.

Nas demais rodovias do Litoral Norte, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) afirma que circulam 50 mil veículos por dia durante a temporada. Para esta região, o governo do Estado diz ter reservado R$ 38,2 milhões para recuperação de estradas e construção de pontes, incluindo as avariadas com as chuvas de setembro e novembro. Rota do Sol (RSC 453/ERS 486), RSC 101, ERS 407, ERS 030, ERS 786, ERS 494, ERS 486 e ERS 389, a Estrada do Mar, estão entre as priorizadas. A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) destaca a recuperação da ERS 474, em Santo Antônio da Patrulha, importante acesso da freeway para a ERS 030. A estrutura foi danificada pelo ciclone que atingiu o RS em junho e recebeu investimento de R$ 858 mil.

A ERS 040, importante caminho entre a região metropolitana e as praias de Balneário Pinhal, Cidreira e Palmares do Sul, é conhecida pela dificuldade de circulação no verão. Os congestionamentos quilométricos se repetem a cada nova temporada sem que a rodovia receba investimentos. Não será diferente para este veraneio, uma vez que a EGR prevê apenas recursos para capina, operações tapa-buracos e sinalização viária.

O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciam nos próximos dias suas operações voltadas ao controle do trânsito. De acordo com o tenente-coronel Rogério Pereira Martins, o CRBM busca reduzir tanto o risco quanto o número de acidentes em rodovias estaduais. Para isso, fiscalização e blitz educativas buscarão coibir as infrações mais frequentes e perigosas como ultrapassagens proibidas, excesso de velocidade e embriaguez ao volante.

A segurança pública também é preocupação da população que está no litoral. Conforme a Brigada Militar, o policiamento está reforçado desde o início de dezembro e novas equipes serão deslocadas a partir da Operação Golfinho, em 20 de dezembro. O Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral salienta que o aporte de efetivo na região é indispensável no período em que aumenta a população nas praias.

Veraneio com influência do El Niño e chuva acima da média no Litoral

Este verão ainda terá a influência do fenômeno El Niño, o que significa que as precipitações tendem a ficar acima da média no Rio Grande do Sul durante a estação, principalmente entre os meses de dezembro e fevereiro, de acordo com as previsões da Metsul Meteorologia. Contudo, não quer dizer um grande número de dias com tempo fechado e chuvoso na faixa litorânea.

As projeções até aqui indicam frequentes períodos de sol durante as manhãs e pancadas de chuva entre tardes e noites. E diferentemente dos últimos três anos que foram de estiagem no Estado, neste verão haverá maior presença de umidade, o que pode resultar em dias mais abafados.

A tendência é que a temperatura fique acima da média, com maior presença de umidade nesse verão em consequência do El Niño. Embora o Litoral Norte seja beneficiado pelo efeito da brisa marítima, que alivia a sensação de calor, haverá muitas noites quentes e abafadas nesse verão no Litoral Norte, o que eleva a propensão também para ocorrência de temporais, trazendo chuva de curta duração, porém forte, especialmente na faixa que vai de Torres a Capão da Canoa, com concentração entre Arroio do Sal, Terra de Areia, Maquiné, Itati, Dom Pedro Alcântara, Morrinhos do Sul.

Diante da possibilidade de tempestades, a Metsul alerta para o risco de rajadas de vento fortes e para a incidência de raios, o que historicamente oferece risco aos banhistas na beira da praia. E, é sempre bom destacar, episódios de chuva extrema geram alagamentos e outros transtornos que exigem atenção redobrada.

As projeções para o clima indicam frequentes períodos de sol durante as manhãs e pancadas de chuva entre tardes e noites no Litoral Norte

Balneabilidade entre Torres e Quintão

Em novembro deste ano, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) deu início à análise da qualidade da água nas praias e balneários gaúchos. A proposta é analisar semanalmente as condições de banho em 31 pontos entre Torres e Quintão.
Serão 16 semanas de coletas e os boletins de balneabilidade serão divulgados a partir da metade de dezembro até março de 2024. Para a classificação das águas como própria ou imprópria, a Fepam utilizará parâmetros definidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) relacionados às bactérias Escherichia coli.

A visão de quem mora o ano todo perto do mar

As melhorias prometidas agradam quem mora no litoral o ano inteiro. Nilvana Scheffer, 47 anos, é autônoma e resolveu mudar para Torres em busca de mais qualidade de vida. Após oito anos na praia, ela tem queixas sobre o alagamento de ruas e falta de opção de comércio e lazer. “Precisamos de mais alternativas. É bom que estejam planejando melhorias.” Em Balneário Pinhal, as aposentadas Liliane Vieira, 61, e Tânia Bittencourt, 63, (foto) dizem estar felizes com as mudanças pela cidade. “Se é para esperar o veranista ou não, estão acontecendo e eu posso aproveitar. Gosto de caminhar e fazer exercício”, conta Liliane, que aproveitava o fim de tarde para passear com o cachorro, ao lado da amiga, no trecho já finalizado do calçadão da Praia do Magistério.

Em Balneário Pinhal, as aposentadas Liliane Vieira, e Tânia Bittencourt.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895