Primeira grande disputa de seleções é na África

Primeira grande disputa de seleções é na África

A 34ª edição da Copa das Nações Africanas, adiada em 2023 por questões climáticas, começa na segunda metade de janeiro na Costa do Marfim e contará com 24 seleções do continente. Dentre os maiores astros da competição está Sadio Mané, atacante camisa 10 e ídolo da seleção de Senegal, atual campeã do torneio.

Mohamed Salah defende o Egito

Por
Chico Izidro

As competições entre seleções serão fortes em 2024. As principais são a Copa América nos Estados Unidos e a Eurocopa na Alemanha. Antes, na segunda metade de janeiro começa a 34ª Copa Africana de Nações. O torneio, com a decisão marcada para 11 de fevereiro, terá como palco a Costa do Marfim e terá a presença de 24 seleções. Praticamente todas as equipes mais fortes do continente garantiram classificação, sendo que somente três campeões estarão de fora: Sudão, Etiópia e Congo. Esta será a primeira edição do torneio sem estreantes.

A competição deveria ter acontecido em meados do ano passado. No entanto, por causa da estação das chuvas, a Costa do Marfim solicitou que a realização do torneio acontecesse no início de 2024. Os marfinenses originalmente sediariam a CAN 2021, mas uma série de alterações no calendário da Confederação Africana em função da pandemia adiou o torneio no país para esta temporada.

A disputa anterior ocorreu em 2022 na Argélia, com Senegal, do craque Sadio Mané obtendo o seu primeiro título da história, ao bater o Egito na final, nos pênaltis por 4 a 2, após empate em 0 a 0 nos 120 minutos de partida.

A Copa das Nações desfalcará várias das principais equipes da Europa. O Campeonato Francês, a Ligue 1, será a mais afetada, com 65 jogadores convocados em meio à temporada. Só o Marseille perderá oito nomes de seu elenco. Com 39 desfalques, a Premier League é a segunda liga mais prejudicada. E como a fase de grupos termina em 24 de janeiro, algumas equipes europeias ficarão desfalcadas por, pelo menos, três semanas. Já os atletas que chegarem à final da CAN serão ausências em seus times por mais de um mês. Por exemplo, Mohamed Salah, o principal jogador do Liverpool, perderá oito rodadas do Campeonato Inglês, caso o Egito vá até a decisão.

Outros craques irão disputar a competição, além de Salah: Sadio Mané (Senegal/Al-Nassr), Archraf Hakimi (Marrocos/PSG), Victor Osimhen (Nigéria/Napoli), Ryhad Mahrez (Argélia/Al-Ahli), Zambo Anguissa (Camarões/Napoli), Yassine Bounou (Marrocos/Al-Hilal), Mohammed Kudus (Gana/West Ham), Serhou Guirassy (Guiné/Stuttgart) e Andre Onana (Camarões/Manchester United).

A história

A Copa Africana de Nações é realizada desde 1957, sendo disputada a cada dois anos desde a edição de 1968. A primeira edição contou com apenas três seleções: Egito, Sudão e Etiópia. A África do Sul iria participar, mas foi desqualificada devido às políticas de Apartheid do seu governo na época - a federação do país queria enviar uma equipe apenas com jogadores brancos para a competição, sendo então eliminada.

O maior campeão é o Egito, com 7 títulos (1957, 1959, 1986, 1998, 2006, 2008, 2010), e a seleção com mais jogos e mais vitórias em toda a história da CAN − 107 partidas, tendo vencido 60 confrontos. O segundo maior vencedor do torneio é Camarões, com 5 taças (1984, 1988, 2000, 2002, 2017); Gana tem 4 (1963, 1965, 1978, 1982), Nigéria possui 3 (1980, 1994, 2013), Costa do Marfim ganhou duas vezes (1992, 2015), assim como a Argélia (1990, 2019), a República Democrática do Congo (1968, 1974). Com uma conquista chegam Zâmbia (2012), Tunísia (2004), Sudão (1970), Etiópia (1962), Marrocos (1976), África do Sul (1996), Congo (1972) e Senegal (2022).

As sedes

O campeonato será disputado em cinco cidades diferentes, sendo que seis estádios receberão as partidas. Dois deles ficam na capital, Abidjan, inclusive o estádio Alassane Ouattara, com capacidade para 60 mil pessoas e inaugurado em 2020. A arena, considerada uma das mais modernas da África, é propriedade do governo local e teve apoio da China na construção, e será palco da final. Na capital também fica o estádio Felix Houphouet Boigny, que foi reformado para a competição. As outras sedes − o estádio de la Paix, em Bouaké, que também recebeu reforma; Amadou Gon Coulibaly, em Korhogo, Laurent Pokou, em San Pédro, e Charles Konan Banny, em Yamoussoukro, foram construídos para a CAN 2023, todos eles com capacidade para 20 mil espectadores.

Os 24 participantes estão divididos em seis grupos, com 4 seleções em cada. Avançam para a fase mata-mata os dois primeiros colocados e os quatro melhores terceiros colocados. O Grupo C é considerado como o “da morte” ao reunir Senegal, Camarões, Guiné e Gâmbia. Outros duelos que chamam atenção são Costa do Marfim x Nigéria pelo Grupo A e Egito x Gana pelo Grupo B. E uma partida reunirá dois países de língua portuguesa, Cabo Verde x Moçambique, também pelo Grupo B.

Sadio Mané defende as cores do Senegal | Foto: JOHN WESSELS / AFP / CP

Os nomes históricos

O craque Samuel Eto’o, aposentado do futebol desde 2019, é o maior goleador da Copa Africana de Nações. O atacante camaronês disputou seis edições do torneio, entre 2000 e 2010, marcando 18 gols. Já o maior goleador em uma única edição da CAN foi Ndaye Mulamba, da República do Congo. No torneio de 1974, o atacante marcou 9 gols na campanha em que levou sua seleção ao terceiro lugar.

Em relação aos técnicos, o francês Herve Renard é o único a ganhar a Copa Africana das Nações por duas seleções diferentes. Em 2012, com a Zâmbia ao título inédito, e em 2015, conquistou o segundo título da história da Costa do Marfim. O egípcio Mahmoud El-Gohary e o nigeriano Sephen Keshi são os únicos a ganharem o torneio como jogadores e treinadores. El-Gohary venceu a CAN como jogador em 1959, ainda representando a República Árabe Unida, antigo país nascido da união entre Egito e da Síria, e que deixou de existir em 1961. E como treinador ganhou em 1998, no comando do Egito. Sephen Keshi estava na Nigéria bicampeã em 1994 e, em 2013, comandou a seleção nigeriana no tricampeonato. Já o ganês Charles Gyamfi e o egípcio Hassan Shehata são os únicos treinadores tricampeões da Copa, sendo que Shehata também é o único a conquistar o torneio três vezes de forma consecutiva.

Samuel Eto'o é o maior artilheiro da Copa das Nações Africanas | Foto: John MacDougall / AFP
Correio do Povo
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