Sala de aula no Exterior

Sala de aula no Exterior

Especialmente em momentos de crise, a educação internacional é vista com uma possibilidade de ampliar mercados de atuação e buscar novas perspectivas de conhecimento e trabalho

Desde 2003, o Programa Jovens Embaixadores já levou mais de 670 estudantes brasileiros da rede pública aos Estados Unidos.

Por
Correio do Povo

Fantasia tem se tornado realidade para muitos jovens que buscam sala de aula no exterior. Dados confirmam que esse sonho pode ser cada vez mais possível. Em 2018, cerca de 365 mil brasileiros fizeram intercâmbio, sendo que, somente na região sul do país, foram mais de 48 mil jovens. Uma pesquisa da Associação das Agências Brasileiras de Intercâmbio (Belta) aponta, ainda, que os três destinos mais procurados por estudantes brasileiros são Canadá, com 24,4% de intenções, Estados Unidos (EUA), 19,5%, e Reino Unido, 9,9% das escolhas. Já os cursos mais procurados por intercambistas são os de idiomas, especialmente de língua inglesa, os de idiomas com trabalho temporário os cursos de férias para adolescentes; as graduações e o tradicional High School.

Entre alunos de 13 a 17 anos, quase triplicou a busca por intercâmbio, sendo 9,7% das viagens realizadas nessa faixa etária. Os programas mais populares são cursos de idioma, de férias e High School. Conforme o levantamento da Belta, cursos de quatro semanas correspondem a 36,3% da procura; os de maior duração, de 12 ou mais meses, são responsáveis por 21,1%; e aqueles entre 4 e 6 meses, são requisitados por 17,4% dos jovens.

Marcelo Melo, especialista em educação internacional e sócio da IE Intercâmbio, explica que o mercado sofreu uma grande transformação nos últimos anos, resultando em maiores alternativas aos que desejam estudar e trabalhar na área de formação, migrando para o país estrangeiro ou retornando ao Brasil. “Quando estamos em ‘crise’, os brasileiros veem a educação internacional como solução para se manter no mercado de trabalho. E quando a economia do país ajuda, cresce ainda mais o interesse por investir em conhecimento global”, avalia.

O relatório Open Doors, do Instituto de Educação Internacional, indica que cerca de 16 mil alunos do Ensino Superior deixaram o Brasil para cursar graduação em alguma instituição nos Estados Unidos, num aumento de 9,8% na procura, no período letivo de 2017 a 2018. Assim, o Brasil ficou em lugar entre os países que mais levam alunos aos EUA. A coordenadora assistente do Ensino Médio da Escola Viva, Iara Kawamura, acredita que esse aumento na busca por uma educação no exterior já é uma tendência, por isso, diz que as escolas precisam estar preparadas para atender essa demanda. Iara alerta que a seleção para vagas em faculdades norte-americanas é bem diferente do sistema brasileiro, de vestibular ou Enem, por exemplo. Requer carta de recomendação, a escola precisa responder a questionários das universidades e fazer acompanhamento da vaga.

Bolsas e incentivos

Mesmo para aqueles que recusam a ideia, por falta de condições financeiras para custear um intercâmbio, existem possibilidades, como bolsas de estudo e iniciativas que investem em pesquisa e conhecimento. O Programa Jovens Embaixadores, por exemplo, viaja por três semanas com 50 estudantes brasileiros de escolas públicas, que têm a oportunidade de vivenciar a cultura dos EUA e aprender sobre liderança e impacto social.

Em janeiro último, a iniciativa criada pela Embaixada dos EUA no Brasil completou sua edição e, desde sua criação, em 2003, cerca de 670 brasileiros já participaram do programa. Uma das jovens embaixadoras deste ano foi a gaúcha Vitória de Andrade, aluna do curso Técnico em Eventos do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), em Sapucaia do Sul, que desenvolve, há oito anos, um projeto recreacional para crianças, com atividades que incluem ajuda com dever de casa, conversas e brincadeiras. No intercâmbio, ela, acompanhada dos outros 49 participantes, conheceu Washington, capital dos EUA, e participou de reuniões e visitas a escolas e projetos sociais. “Participamos de diversas atividades, como workshops, palestras e trabalho voluntário. Todas voltadas para liderança jovem e empreendedorismo social. Tentam nos ensinar o máximo, para que possamos implementar projetos sociais no Brasil.”

             Alunos e formandos do Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, participaram da 67ª edição do evento Harvard Model United Nations 2020, em Boston, nos EUA.
Foto: Douglas Menezes/ Colégio Farroupilha / CP

Capes

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), autarquia do Ministério da Educação (MEC), está com editais abertos para bolsas de estudo em Áustria, EUA e Canadá. O principal objetivo é investir na liderança de pesquisadores brasileiros e fortalecer as áreas de conhecimento entre o Brasil e países estrangeiros. Na Áustria, as bolsas de doutorado e pós-doutorado são para estudos no Instituto Internacional para a Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), em Luxemburgo, e têm foco nas áreas de ciência e tecnologia, análise de sistemas, agricultura, meio ambiente, energia e recursos naturais. As inscrições vão até as 17h do dia 13/3, com divulgação dos selecionados em 3/6 e início das atividades em setembro deste ano. Além da bolsa, é oferecido auxílio para deslocamento, instalação e seguro-saúde. Os interessados precisam ter obtido título de doutorado há menos de oito anos e devem comprovar proficiência em língua inglesa, conforme normas do edital (bit.ly/2HmfGtm). Mais informes e inscrições constam no site www.capes.gov.br/editais-capes.

Já para os EUA, a Capes selecionará 20 bolsistas para cursar doutorado pleno, a partir de agosto deste ano. Com inscrições até as 17h, de 11/3, o Programa Capes/Fulbright contempla oito áreas do conhecimento: Ciências Exatas e da Terra, Ciências Biológicas, Engenharias, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes. As bolsas terão duração máxima de seis anos, com auxílio anual de até R$ 700 mil. Para participar, é preciso ter nacionalidade brasileira, não possuir nacionalidade norte-americana, residir no Brasil no momento da candidatura e durante todo o processo de seleção, possuir diploma de bacharelado ou equivalente, com duração regular mínima de quatro anos, não ter cursado ou estar cursando doutorado, não ter título de doutor em qualquer área do conhecimento e não acumular bolsa ou benefício financeiro concedido por agência pública federal durante o período de vigência da bolsa pleiteada. A lista preliminar será divulgada dia 5/7. Para se candidatar é necessário preencher o formulário on-line, que está disponível no link twixar.me/lYRT.

Para o Canadá, a Capes em conjunto com a Diretoria de Relações Internacionais e a Diretoria de Formação de Professores da Educação Básica, lançou edital do Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica no Canadá. Voltado a professores em exercício na rede pública de Educação Básica, a iniciativa visa capacitar profissionais, por meio de curso de aperfeiçoamento, com duração de oito semanas. A formação, promovida pelo Colleges and Institutes Canada, prevê aulas de inglês básico, com módulos temáticos que abordam aprendizagem centrada no aluno e gestão de sala de aula. Os benefícios da bolsa incluem passagem aérea internacional de ida e volta; ajuda de custo; seguro saúde; deslocamento no Canadá; alojamento, em casa de família canadense, incluindo três refeições; curso de formação e material didático; passagem aérea nacional e hospedagem para participação na orientação pré-partida, se houver. Os interessados podem se inscrever e conferir os pré-requisitos para participação através do link http://twixar.me/qYRT.

Farroupilha no Harvard

Onze estudantes e formandos do Grupo de Relações Internacionais do Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, participaram da edição do Harvard Model United Nations 2020 (Harvard MUN), em Boston, nos Estados Unidos. Promovido pela Universidade de Harvard, entre os últimos dias 30/1 e 2/2, o evento simulou conferências da Organização das Nações Unidas (ONU), propondo que os jovens defendessem, durante o debate, os interesses de determinados países. O encontro reuniu mais de 4 mil estudantes, que puderam vivenciar o papel de diplomatas e discutir tópicos previamente selecionados pelos organizadores, conforme a política externa de cada país. Durante as simulações, os participantes desenvolveram habilidades, como oratória, capacidade de negociação, elaboração de estratégias e resolução de conflitos.

Convênios Unijuí

Com mais de 60 anos de tradição no Ensino Superior, a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), com sede em Ijuí, proporciona aos acadêmicos intercâmbios e estágios práticos em diversas universidades estrangeiras. Por meio de convênios com instituições de países como Alemanha, Argentina, Áustria, Chile, Colômbia, Espanha, Letônia, Polônia, Portugal, Paraguai, Uruguai e Rússia, a Unijuí oportuniza, todos os semestres, que diversos graduandos convivam e conheçam outras culturas. Os intercâmbios ocorrem através do Escritório de Relações Internacionais da Unijuí, no prédio da Biblioteca.

Bolsas e programas gratuitos permitem ampliar conhecimentos. Muitos brasileiros já pegaram o passaporte para viver experiência de estudo e cultura no exterior.
Foto: Lenir Fernandes/ Especial / CP

Mais informações

Planejamento de Intercâmbio

  • Organizar uma experiência de estudos no exterior envolve:
  • Definir objetivos e preferências de intercâmbio, escrevendo-os em um bloco de notas.
  • Compartilhar as metas estabelecidas com um especialista que seja capaz de entender o perfil do intercambista, apresentando soluções que atendam às necessidades e objetivos traçados.
  • Após as recomendações do especialista é necessário confirmar se as informações prestadas estão alinhadas com outras empresas com referência comprovada na área, pesquisando e listando os valores e detalhes nos sites de consulados, embaixadas e companhias aéreas, por exemplo.
  • Por fim, tendo como base a pesquisa realizada, é essencial planejar o tempo e o orçamento disponíveis para o intercâmbio, determinando, assim, a data de matrícula e embarque da viagem.

 

Programa Jovens Embaixadores

  • Para participar do Programa Jovens Embaixadores, é necessário: ser brasileiro, ter entre 15 e 18 anos, ser aluno do Ensino Médio da rede pública brasileira, ter boa fluência oral e escrita em inglês, ter pouca ou nenhuma experiência anterior no exterior, nunca ter viajado aos Estados Unidos, ter renda familiar per capita mensal de até um salário mínimo, possuir excelente desempenho escolar, ter perfil de liderança e iniciativa, possuir boa relação em casa, na escola e na comunidade e estar engajado, no mínimo seis meses, em iniciativa de impacto social para a comunidade em que está inserido. Detalhes no site: jovensembaixadores.org.br.

 

Agências de intercâmbio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895