Sistema lean: Trabalho em equipe facilita gestão da fazenda

Sistema lean: Trabalho em equipe facilita gestão da fazenda

Sistema coloca a propriedade em um fluxo de mais qualidade e menos desperdício

Por
Nereida Vergara

A divisão de tarefas nas fazendas, no modelo tradicional em que é conhecida, pode estar com os dias contados. A chamada gestão lean vem ganhando espaço entre as propriedades do empreendedor rural que visam elevar resultados e engajar a equipe da lida do campo ao escritório. Inspirada no sistema difundido pela Toyota de divisão de atribuições, a gestão lean está fundamentada na colaboração entre os funcionários para a identificação e resolução de problemas nas fazendas a fim de garantir o sucesso do negócio. 

O conceito foi apresentado pelo gerente da área do Leite da Starmilk Alimentos e gestor de Relacionamento da Clínica do Leite, Sandro Viechnieski, durante a 2ª Jornada Técnica RTC, em Gramado, realizada na segunda semana de setembro. “A ideia é entregar produtos de maior qualidade, de uma maneira fácil e com menos desperdício. Se conseguirmos fazer com que as pessoas que estão trabalhando juntas no dia a dia tenham esse conceito em mente, tenho certeza que as propriedades, num futuro próximo, terão uma perpetuação muito mais fácil do que se têm hoje”, frisou. Hoje, no Brasil, há pelo menos 200 fazendas aplicando esse modelo de gestão. “Atualmente, é muito mais comum em regiões do Paraná, de São Paulo e de Minas Gerais. E o que queremos é difundir esse novo modelo de pensar para todo o país”, projetou Viechnieski. 

O Rio Grande do Sul se prepara para implementar seus primeiros pilotos. A Cotrijal, cooperativa ligada à Rede Técnica Cooperativa (RTC), está trabalhando para que, em 2024, a metodologia tenha seus primeiros cases gaúchos. Embrionária no Estado, a filosofia chamou a atenção da cooperativa que tem todo seu departamento veterinário com formação para a Metodologia Lean Consultores. A ideia, segundo Renne Granato, superintendente de Produção Animal e Novos Negócios da Cotrijal, é levar o sistema aos associados em Não-Me-Toque para que eles possam decidir por optar ou não pela prática. “Não basta o técnico aprovar e querer passar. Não pode ser uma imposição. O produtor tem que querer melhorar através dessa metodologia”, pontua. 

Para Granato, a prática se encaixa muito na estrutura de produção de leite. “Ela prioriza um ambiente, materiais e fluxos organizados para que as pessoas possam agir como clientes e fornecedores dentro das fazendas”, disse. Um dos exemplos que citou foi o do ordenhador, o qual precisa ser visto como o cliente do funcionário que maneja as vacas para a ordenha. “Se as vacas vierem sujas, não pode ser responsabilidade da ordenha limpar a vaca. Com base nesse conceito, você consegue melhorar o fluxo de trabalho”, detalhou. 

Granato explicou que o termo lean vem no sentido de fluxo na organização dos negócios. “Você não para o fluxo, ele vai por si só. Todo mundo sabe o que tem que fazer e tem direito e o dever de corrigir as falhas observadas”. Segundo ele, os ganhos da prática são imensos. “O produtor vê melhora na rentabilidade, no caixa, no controle de estoque, na compra, na produtividade da vaca, no leite no resfriador e, o principal: vê melhora na qualidade de vida do trabalho”.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895